terça-feira, 2 de março de 2010

à opinião da comunidade internacional


as iranianas vão remover o véu como um manifesto de seu direito à liberdade e à dignidade.
Olá meninas e meninos,
Olá povo da paz,
Olá gente do bem,
Algumas vezes temos o privilégio de presenciar um grande e portentoso
movimento que muda a história. Dia 08 de março, Dia Internacional da
Mulher, as iranianas vão remover o véu como um manifesto de seu
direito à liberdade e à dignidade.
Este é um ato certamente heróico e a única protecção que lhes caberá é
a opinião da comunidade internacional no apoio ao seu direito, para
que elas não sejam vítimas de retaliação por seu gesto. O movimento é
pacífico e tem como finalidade despertar o mundo para o cuidado com
todas as mulheres que ainda vivem sob o jugo da opressão.
Mais do que testumunhas, podemos ser agentes dessa transformação.
Basta enviar sua mensagem para iranianalivre@gmail.com para que elas
sintam a força, o apoio e o sustento espiritual necessário para
realizar esse ato que vai beneficiar a toda uma dinastia de mulheres,
assim como outras já o fizeram por nós no passado.
É tempo de levantarmos os véus da ignorância, da opressão e da
violência que recaem sobre a sociedade humana, pois só assim seremos
capazes de habitar o mundo pacífico, justo e próspero que almejamos.
Reforço o pedido com o tema que me inspirou na gestão da BPW -
Associação de Mulheres de Negócios - durante minha presidência:
Sozinhas podemos pouco.
Juntas podemos muito.
Mas, unidas podemos tudo!
Contamos com sua mensagem para disseminar nas redes internacionais.
                                 Dulce Magalhães
"Que eu aprenda a amar e me permita ser amada,
para que possa ver em cada ser um companheiro de vida
e encontrar em meu companheiro um portal para amar a todos os seres."

11 comentários:

andrade da silva disse...

Não só estou com as mulheres irnianas, como com todas as mulheres oprimidas, sou com elas carne da sua carne.

Têm o meu amor, a minha palavra,o meu gesto, o meu abraço e os meus braços.
asilva

Marília Gonçalves disse...

A todos os Progressistas

A Conquista da Liberdade

Vai ser pesada de consequências e há em mim um misto de alegria pela Coragem e de apreensão pelo preço que vai ser pago pela corajosa Luta das Mulheres do Irão
Minhas Irmãs Universais, todas unidas, de braço dado com nossos companheiros, pelo direito da Mulher de ser quem é e de poder dizê-lo
a vosso lado,Mulheres Iranianas, solidária com a minha fraternidade sem reserva

Marília Gonçalves

Anónimo disse...

http://www.irania.fr/download.php


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Marília Gonçalves disse...

lembra-se Companheiro?
I
Caríssimo Companheiro de Abril Andrade e Silva

Dirijo-me em especial a si, porque foi magoado após o 25 de Abril

Que isso possa ter acontecido a um dos Homens da Liberdade dos que nos ofertaram a Luz há tanto negada, que nos deram a possibilidade de beber Ar de o sorver, como nunca dantes havíamos feito, parece-me de tal modo absurdo e ridículo, tão ingrato como falto do mais elementar sentido humano para quem tal fez

Mas como no outro dia referi numa resposta a si também

O 25 de Abril foi decerto a mais bela página de História que se escreveu em Portugal e até no Mundo
Uma Revolução em que quem detinha as armas tudo fez para nunca ter que servir-se delas!
Mas nem a melhor revolução pode operar milagres, as mentalidades foram parte da herança desse quarenta e oito anos de sofrimento do nosso País.
Por isso pelo vosso humanismo exemplar é o meu coração de menina que foi magoado também e prematuramente que vos diz Obrigada!

Por isso que mais uma vez vou escrever aqui mais um pedacinho de acontecimentos da minha vida de menina filha de antifascista ;
O meu pai pertencia ao MUD. Se é certo que as simpatias políticas eram vermelho vivo
era esse o Movimento a que estava ligado.
Meu pai foi preso a 22 de Maio de 1958. Lembro-me de tudo como se fosse hoje e se não esqueci a data, é que na véspera 21 por conseguinte , tinha sido o aniversário de meu pai.
De manhã nesse dia 22 fui para o Externato que frequentava . Vivíamos na Amadora
Do que na classe se passou nessa manha não me lembro de nada de especial porque não havia razão para isso. Uma manhã em que a vida decorria como em todas as outras manhãs e tardes escolares.
À hora de almoço fui a casa para cerca das 14 horas entrar nas aulas outra vez.
Quando cheguei a casa , eu tinha então dez anos, minha mãe veio abrir-me a porta.
Nada havia na expressão de minha mãe que me alertasse para o que quer que fosse.
Foi por isso com espanto que ao ir entrando corredor adiante, comecei a ver a casa virada dos pés para a cabeça, tudo entornado no chão! Tudo fora do sítio habitual. Gavetas fora dos móveis roupas por todo o lado Dirigi-me à cozinha. O mesmo espanto! Tudo revirado e até a despensa tinha as prateleiras esvaziadas. Tudo, tudo espalhado por todo o lado
Enquanto fui observando aquele estado de coisas não me lembro de mais uma vez ter notado algo de estranho no rosto de minha mãe. Mas as palavras que o espanto havia retido, acabaram por sair em forma de pergunta. O que é que aconteceu? E minha mãe o mais naturalmente do mundo respondeu-me:
- Nada! Foi o papá que teve que teve que ir para o Porto de repente e não sabia de umas coisas importantes que tinha que levar e com a pressa foi isto que deu.
- Lembro-me de um mutismo que me tomou, crédula mas estranha. Eu era uma criança sensível que já dizia poesia há alguns anos e em vários sítios. A própria directora do externato que era uma pessoa extraordinária de rectidão e justiça que fazia desabelhar as crianças assim que aparecia pela sua expressão que podia à primeira vista parecer dura, me chamava quando havia algum momento livre para ir declamar para ela. E quanto mais o poema apelasse para sentimentos humanos mais ela exultava. Pois mesmo essa sensibilidade não conseguiu captar senão aquela sensação de espanto que me invadiu.

Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

Lembra-se Companheiro II

- É verdade que não muito antes, uma tarde, meu pai chegara a casa com o fato manchado de azul e algo ofegante. Ouvi-o a dizer a minha mãe que na manifestação em Lisboa a guarda republicana lançara os cavalos sobre a multidão e que lhe parecia que umas crianças que iam a passar não teriam ficado bem.
- Mas a conversa não era comigo e nada mais fiquei a saber.
Não percebia patavina de política nessa idade. O que me ensinavam era a proteger os mais fracos, os pobres a gostar das pessoas Mas política, daquilo que pensavam ou faziam até aí nada soube.
Minha avó materna apareceu (para mim inopinadamente e levou-me para casa de familiares onde vivia a sua irmã Josefa, ( a viuva do Alfredo Dinis, mas isso na altura ainda sabia menos, nem que tal pessoa tinha existido. Nessa casa que era a da irmã do Alex, fui recebida com carinho muito mais intenso que o habitual. É possível que bem no fundo de mim começasse a germinar alguma sementinha de ideia, mas sem mais. Uma impressão, uma estranha impressão.
Não voltei à escola até ao fim de semana. No Domingo seguinte minha mãe que estava grávida, tinha mandado fazer um vestido e um casaco comprido rosa velho, parece que o estou a ver...
Disse-me:
- vais ao casamento da prima mas assim que chegares dizes que o papá foi para o Porto e que por conseguinte nem sei se tenho que ir ter com ele, portanto não vou ao casamento, embora tenha muita pena.
É claro que essa minha frase à chegada perto da família tinha a finalidade de os prevenir da minha ignorância dos factos. Assim aconteceu. Acabado o recado fizeram-me um sorriso meigo e nada mais.
Na segunda-feira de manhã, minha mãe completamente tranquila quanto ao meu estado de desconhecimento preparou-me e lá fui para a escola. Externato ou não externato nunca me lembro de dizer senão vou para a escola.
Acabada de sentar na minha carteira, entra a Isabelinha, neta dum amigo de meu pai, e rápida
Lança-me:
Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

Lembra-se Companheiro?

Então o teu pai foi preso? De repente num salto estava em pé, e sem hesitar, numa verdade luminosa que não sabia donde me surgia retorqui enérgica:
- Está ! Mas não foi por matar nem roubar! Mas porque é bom!
- Companheiro, nesse momento ergui alto a cabeça e os olhos num jeito que me ficou até hoje e nunca mais em nenhuma circunstância, alguém conseguiu vergar-me a cabeça nem fazer-me baixar os olhos.
E era apenas o início de uma época de provações e de privações que mesmo nesse momento não podia prever. A prisão embora curta, a tortura a perda do emprego que adveio e as suas consequências agravaram a saúde frágil de meu pai!
E tudo a dado momento se fechou à minha frente.
Até que com catorze anos depois de passarmos por muita falta, vim com minha mãe abrir caminho para a vinda de meu pai que começara com vómitos de sangue pouco tempo depois de ser libertado.
À chegada a França em 62 não era já a menina ingénua que chegava
Era uma mulher que a dor es privações haviam amadurecido prematuramente
E deitei-me ao trabalho! Sempre com o mesmo olhar bem erguido!
Mas o que recordo mesmo de casa de mais familiares de casa de meu avô, o tal que era enfermeiro, avô emprestado de segundas “núpcias” de minha avó mas avô de coração era aquela frase que voltava sempre: isto já está por pouco Não tarda cai!
Pois mas os anos foram passando e o fascismo não caía, armado de pedra e cal parecia ser!
Até que foi Abril. (1)
Como duvidar de Abril? Como duvidar do futuro ridente de Portugal! Abril é uma conquista que nunca se perderá! poderá passar e atravessar trilhos tortuosos, mas há-de erguer –se sempre à luz do dia
Porque Abril foi a palavra justa que restituiu a voz a todos os que a dor tinha silenciado
Eu fui apenas uma entre casos e casos sem fim de crianças de quem conheço historias que só muita maldade podiam provocar.
Essa maldade que fechava os olhos ao povo de Portugal era o salazarismo o fascismo de uma hipocrisia ímpar, de falsos sorrisos, de palavras que se fingiam mansas para enganar incautos.
Os outros os que sabiam, e calaram e participaram, mesmo para a consciência própria que durante anos não tiveram, no momento da morte às vezes ela acorda de dedo acusador e não queria estar no lugar deles.
E isso amigos e Companheiros o povo de Portugal há-de sempre, porque é bom generoso e fraterno, vir lembrar a quem tente ofender ou ferir Abril, que Abril é para sempre a Voz da Liberdade a Voz de Portugal!
Até hoje nunca tinha querido escrever estes factos, (salvo em poema que escrevi para crianças da minha rua quando meus filhos eram pequenos).
pensei que a dor que mora nestes acontecimentos me faria estoirar de aflição.
Como vê resisti a esta primeira prova do fogo! Quem sabe talvez um dia venha contar mais alguma página da minha vida infantil
Até sempre Capitães!!!!

Marília Gonçalves

Eulália Miranda disse...

Olá Marília também sou filha de presos políticos,ao retratares os acontecimentos com o teu pai recordei tudo o que se passou comigo.
Quando dizias que o teu pai estava preso mas que não tinha roubado nada a ninguem, era assim que eu também reagia,foi sempre assim que os meus familiares me ensinaram. Mas sim, sempre dizia que estava preso, porque queria que todas as crianças tivessem comida, roupa, brinquedos..
O meu pai também pertenceu ao Mud
Cedo ainda criança fui abituada a frequentar as cadeias, do fascismo Peniche,e António Maria Cardoso no edifício da Pide. Senti bem na pele o que o fascismo era capaz de fazer a um ser humano.Se não fosse o 25 de Abril certamente que o meu pai era um dos que lá morreria. A Rosalina e o nosso capitão teve o previlégio de conhecer o meu pai em Évora, na luta no Alentejo pela R/Agrária.Embora os tempos sejam outros, á muitas coisas que hoje estão esquecidas, muita gente deu uma parte da sua vida para se chegar até aqui.
Os que temos consciência do que foi o a falta de liberdade, temos que continuar a luta.Sempre que possivel fazer chegar a nossa voz.Penso em breve escrever umas notas para o blog da minha amiga Rosalina sobre este assunto.
Beijos.

Marília Gonçalves disse...

ola querida amiga
pois então fazemos parte da bela família dos que não tiveram medo
abraço minha amiga Eulália Miranda
e continuaremos em contacto
o meu pai faleceu em 85 e desde a prisão nunca mais teve saude
lamento sinceramente e nunca o calarei roubaram-nos o processo do fascismo em Portugal e o da famigerada PIDE
Até sempre
Marília

andrade da silva disse...

Amigas abraço solidário e beijo amigo
asilva

Eulália Miranda disse...

Marília não é meu habito falar sobre mim.
Mas para que a memória não se apague é importante não esquecer para defender Abril e construir o futuro.
já algum tempo atrás fui a Peniche em passeio.Terra que eu recordo, como terra triste de homens e mulheres, que expressavam no rosto o trabalho duro no mar.Os tempos mudaram e hoje vi mais brilho ao vlotar lá.Entrei no Forte para visitar a exposição sobre alguns testemunhos de presos politicos
onde se pode ver os nomes de todos que passaram,ali anos,e anos de vida.Percorri com alguma pressa os lugares que outrora me era vedado.A minha curiosidade concentrava-se na exposição.Écom alguma surpresa que vou encontrar várias cartas com contos infantis do meu pai para mim.Todas elas, tinham um forte sentido humano sobre,as crianças pobres que viviam nos becos escuros,que sonhavam falar com o sol.O que mais me chocou foi, que um daqueles contos, dirigidos a mim, não o tinha recebido, tinha o carinbo da censura.Depois de muita emoção e ao mesmo tempo raiva,no decorrer da visita desvio o olhar e observo uma criança que seguia,pela mão de uma senhora,que ouvi avó porque é que eles estavam presos?Resposta olha filho eles eram maus,portavam-se mal,depois os bons tinham que os prender.Logo de imediato,não sei o que me passou pela cabeça,tive que fazer um grande esforço para me controlar,tinha que explicar á senhora que estava a mentir e a contar a historia errada aquela criança.
Ainda hoje penso será que era maldade ou ignorância?
A educação familiar é importante,mas não substitui uma educação escolar,que ensine e diga a verdade que prepare homens e mulheres para o futuro

Beijos

Marília Gonçalves disse...

Amiga
magnifico testemunho do amor de seu pai por si. emocionante e que nos acompanha para a vida
lembro-me que quando o meu pai saiu da cadeia, trazia baralhos de cartas em miniatura feitos com os maços de cigarro
e também as pedras dum jogo de xadrez feitas de miolo de pão amassado e posto a secar.
No próprio dia em que chegou ao pé de mim era em casa da irmâ do Alfredo Dinis (Alex) dirigente do PCP)assassinado pela PIDE quando tinha 28 anos, levou-me para o quintal e afastados de todos cantou-me as canções que cantavam na prisão e que hoje até as minhas netas conhecem
E QUE AS ARREPIAM TODAS
Abraço amigo
Marília