" AOS PLEBEUS, MEUS IGUAIS"
Alguma elite com roupagens progressistas descarrega muito a sua bílis no povo, mas talvez o problema do subdesenvolvimento Nacional, não resida no povo-plebeu, mas sim noutro domínio.
Talvez as esquerdas progressistas tenham de estudar bem mais, e muito melhor, as ciências humanas: a psicologia e a sociologia, ciências que a par do direito, a classe dominante usa e abusa, em doses massivas e de um modo eticamente reprovável, para reinar.
Claro que dirão, e bem, que ela usa com muita eficiência os aparelhos ideológicos que o poder que detém disponibiliza. Os banqueiros e a direita que politicamente os suporta dispõem da Comunicação social, da escola, da Internet, do cinema, do divertimento, do consumo e da Igreja para convencerem as vitimas da bondade do seu jugo.
Pois é, mas, se assim é, como creio que é, torna-se imperativo lutar no terreno, com muito força, pela democraticidade da comunicação social e da escola, e no mais fazer-se ao caminho, talvez como as testemunhas de Jeová, de porta em porta, de aldeia em aldeia, pela palavra, pelo exemplo, recriando as comissões de moradores, de bem estar e, agora, de luta contra a corrupção e pelo desenvolvimento.
Por estes caminhos talvez se chegue ao cais das colunas para desembarcar numa nova era. De outro modo, sobra em retórica, o que, falta em acção eficaz. É a partir dos lugares que se tem de reconstruir a democracia e o estado de justiça e progresso. O 25 de Abril ensinou muito isto. Porque o esquecem?
O discurso dirige-se sempre a pessoas concretas, e a elas deve ser realmente dirigido e não aos mitos.
Os discursos das elites que acusam o povo, são isso mesmo, discursos de elites. ou não- elites, medíocres e incapazes. O problema em Portugal, na Europa e no Mundo é de falta de elites e não por culpa do povo.
A burguesia radical, pseudo- revolucionaria, não conhece o cheiro do povo, tem por ele desdém. Se mesmo já gente dessa burguesia se esquiva a cumprimentar antes de um dos seus pares, quem não é um camponês ou um analfabeto, como fará com as gentes do povo mais humilde?
Há um grande equívoco no Mundo e sobretudo na República que não desfez o complexo monárquico da qualidade de nascimento, isto é, a plebe entrega sempre o poder à nobreza, ou aos seus testas de ferro. Esta tem sido a fatalidade das Revoluções: da Revolução francesa, do 5 de Outubro de 1910 e do 25 de Abril 74.
Naturalmente que há coisas que já não se repetirão em Portugal. Um 25 de Novembro não faria nenhum sentido, como também não fez repetir-se o 28 de Maio, durante os 50 anos de fascismo. Hoje vivemos num regime Novembrista, desviado, afastado, contrário ao 25 de Abril. O que faz falta não é mais Outono, mas sim mais primavera.
Os caminhos do Futuro são insondáveis, mas a questão em Portugal é sobretudo dos 5 milhões que não votam. São gentes expectantes, à espera de quê? Ou são párias? Mas como poderiam ser párias? Algum país pode sobreviver com 50% de população pária ?
Não, portanto esta hipótese deve ser rejeitada, logo a questão apesar da sua circularidade tem a ver com estas elites que temos parido. Vivemos num dilema, por um lado temos muitas vezes a alucinação, a mitologia, por outro, elites que não o são, mas conquistam o poder, e usam com proficiência e eficiência os saberes das ciências humanas, como Hitler, tão bem fez, ao nível da psicologia colectiva.
As ciências humanas desempenham um papel instrumental central nos comportamentos da direita, e são esquecidas à esquerda que gosta mais de baladas e valsas, o que, sendo muito importante e de que bebo e me alimento também, são um instrumento com mais pujança nos regimes totalitários do que nos democráticos ou semi-democráticos. Neste tempo, como diz Mário Soares, pode cantar-se tudo e com toda a gente fazer um qualquer boneco que até dá prazer aos representados irem às TV, cumprimentarem o seu boneco, como Portugal já viu, logo…
Estes senhores de agora sabem fazer muito bem o jogo do chamado humor: amarelo, branco, negro o humor arco-íris, é só cor, espuma, não fere, é bacteriologicamente puro.
É necessário fazer leituras objectivas, afectivas e racionais, sem mistificações dos quotidianos de hoje. Os heróis são menos, os pragmáticos são mais, mas nem a inteligência, nem a afectividade desapareceram de todo, pelo que, jogando com esses dois vectores, de um modo superior, inovador, postado no futuro, se possa encontrar a chave que abra a porta do progresso e da justiça, e esta, é a missão que compete, sobretudo às elites dos países. Elites que não podem sê-lo, refugiando-se nos seus títulos e academias, têm e devem de descer ao terreno, aos terreiros do Povo, e aos plebeus falarem-lhes e os ajudarem a libertarem-se da alienação e da mentira que os escraviza.
GENTES!....
andrade da silva
4 comentários:
ESTIMADO COMPANHEIRO de Abril 1974
Quando o povo que trabalha e vê os meses cada vez mais longos para o parco ganho, tomarem consciência da força numérica que sao, "os ricos e patroes sao muito poucos, comparando os dois campos" o Undo muda, penso que é um dos factos sobre o qual é preciso insistir até que o povo trabalhador, perceba claramente essa força que é, quantitativamente.
E essa força pode arrasar montanhas ou erguer o Mundo
abraço amigo
Marilia
Investigadores do Banco de Portugal, OCDE, agências de rating e FMI anunciaram que um asteróide com cerca de 10 quilómetros de diâmetro vai atingir a classe média a uma velocidade de 20 quilómetros por segundo. O PEC é igualzinho ao asteróide que provocou a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. O impacto irá originar uma cratera de grandes dimensões no poder de compra, sendo lançadas para atmosfera toneladas de impostos e taxas que vão escurecer o céu e sufocar a economia. Uma série de terramotos em cadeia irão fazer ruir milhares de pequenas e médias empresas, acumulando-se uma grande quantidade de destroços nos centros de emprego. Mas segundo o paleontólogo amador Teixeira dos Santos há esperança: "tal como a extinção dos dinossauros abriu a oportunidade para a expansão dos mamíferos, o fim da classe média irá possibilitar a proliferação de novas espécies, como os pobres e desempregados".
David Marçal, no Inimigo Público
Parlamento sueco dá exemplo de transparência
http://www.youtube.com/watch?v=ZxruR3Q-c7E
Agradecendo o oportuno e muito interessante comentário sobre o PEC, pegarei na metafora do asteróide e postarei um texto.
obrigado
abraço
asilva
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