segunda-feira, 24 de maio de 2010

O REGRESSO DO MOSTRENGO

O Povo Português, com os trabalhadores à cabeça,não pode ficar indiferente ao escandaloso agravamento da sua situação levada a efeito pelos mandatários do capital financeiro. Não há, pois, alternativa à luta unida de todo o nosso povo contra este monstro que nos estrangula.


O REGRESSO DO MOSTRENGO


O mostrengo que está no fim do mar

Na noite de breu ergueu-se a voar.

FERNANDO PESSOA, Mensagem



O mostrengo não está no fim do mar.

Ocupa as ruas, bate à nossa porta,

vomita chamas na cidade morta,

escreve garatujas no luar.

Ei-lo que espreita em cada patamar

pronto a saltar-nos à garganta. Importa

lançar brados de alerta à malta absorta

que se deixou nos ventos embalar.

De pé! O monstro volta! Unir fileiras!

Deixemos as diferenças das bandeiras:

É preciso avançar em marcha unida.

A nossa força é sermos um só povo

e uma só terra a defender de novo.

A morte do mostrengo é a nossa vida!

Carlos Domingos

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Todos unidos na luta contra o Mostrengo

no próximo sábado dia 29!

3 comentários:

Marília Gonçalves disse...

O Monstro



Que voz o silêncio em eco levanta

Tremenda feroz gelada sombria

Que nos fecha a mão

nos cala a garganta

E torna a manha gélida,

mais fria

Que vozes de túmulo

Há tanto caladas

Levantam ao cúmulo

O pavor dos dias

E tornam opacas

As brandas paisagens

E tornam as noites tredas

E vazias

Quem anda por dentro

Dos sonhos que temos

Semeando algemas

Que são dessa cor

Em que se amalgamam

Os prantos as penas

Nesse sofrimento

cada vez maior

Em nome de quem

Que monstro severo

Traz em seu sudário

De horrendo luzir

As asas cortadas

Do loiro canário

Que livre pelos ares

Ouvíamos rir

Quem é que nos chega

do mundo dos mortos

com baba de réptil

colando-se em nós

e faz sementeira

no solo que fértil

construímos limpo

sem peias nem pós



na ronda dos dias o povo

cantava

cantando bailava

bailando não via

que o monstro rasteiro

pelos ares espalhava

essa pestilência

de que ele vivia



enquanto a manhã

não amadurar

a luz que se infiltra

nos olhos ao fundo

o monstro escondido

ainda tentará

cobrir de seu bafo

o tempo perdido

e calar o Mundo.



Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

Minhas filhas chamem os amigos !





Alerta



Grita filha !

há uma aranha

na brancura da parede

que peçonhenta, tamanha

vai tecendo sua rede.

Grita filha !

essa fobia

É protecção natural

contra a aranha sombria

que além de símbolo

é mal !

Grita com todas as forças !

Grita porque há mesmo perigo

essa aranha uma cruz negra

é o pior inimigo.

Por meu amor não te cales !

Grita filha

tua mãe

impele-te pra que fales :

contigo grito também !

Essa aranha que se estende

tem o passo marcial

com fúria que surpreende

o incauto, em voz fatal.

Grita filha

o bicho imundo

sai vertiginosamente

da sombra vinda do fundo

em veneno de serpente.

Tal a jibóia medonha

enrola-se, abraça o mundo

pra ir crescendo em peçonha.

Introduz-se em toda a parte

tudo corrói e desfaz

É inimiga da Arte

do Ser Humano da Paz.

Grita filha !

mas tão alto

num grito tão verdadeiro

que desperte em sobressalto

o que não quer ver primeiro.

Essa aranha pestilenta

odeia a própria Cultura

em fogueira que alimenta

livro após livro censura.





Opõe à Humanidade

a sua força brutal

por onde ela passa invade

mata o constitucional !

É um monstro repelente :

primeiro ataca o mais fraco

para ir seguidamente

oculta em cada buraco

destruir a Liberdade.

Inimiga da diferença !

Grita !

minha filha Grita !

Faz ouvir tua presença.

Aponta o bicho feroz,

mostra-o, sacode os amigos

com a força da tua voz !

Grita !

esse enredo de perigos !

Grita filha ! Desta vez

esse grito é racional

porque essa aranha é o não

ao direito universal.

Sem medo abre tua boca !

Grita alto ! Grita forte !

Porque toda a força é pouca

Para lutar contra a morte.

Grita ! Grita minha filha

não te cales nunca mais :

não se veja outra Bastilha

prendendo os próprios jornais !

Que teu grito seja infindo

circule dê volta ao mundo,

jovem voz entusiástica

erguendo o povo profundo

contra a bandeira suástica.


Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

não será por acaso que todos os anos há um 28 de maio, esperemos que nunca retorne a 1926, mas....
abraço
ailva