quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pobres dos Nossos ricos


Pobres dos Nossos ricos

Por Mia Couto


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.


A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos "ricos".

Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.

É produto de roubo e de negociatas.

Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados
.

Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.

Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)


Mia Couto

4 comentários:

GiaSantos disse...

Que verdade tão actual e com analogia perfeita aos nossos "pobres dos ricos" os quais dão cartas na governação do nosso país.
Outra verdade "As ruínas de uma nação começam no lar do pequeno cidadão" provérbio africano, completamente ignorada pelos nossos governantes que só estão suspensos da UE e dos "pobres dos ricos" enquanto o pequeno cidadão assiste manietado à ruína do seu lar.
Será que acordaremos a tempo?
O pequeno cidadão não conta, não estamos em época pré-eleitoral, a classe média está manietada pelas aparências e/ou partidos políticos e destes a maioria estão comodamente sentados nos gabinetes, assembleia ou autarquias considerando que o seu tacho está garantido. Tristes farsantes não enxergam para lá do seu umbigo, não vêem os tempos que se aproximam com "ventos do norte" que podem destruir todas as colheitas.
Um abraço
Luzia

Marília Gonçalves disse...

Le mot de la Présidente

Danielle Mitterand



La vie a voulu que je parcours un long chemin dans le temps.
Le destin m'a donné l’occasion de fouler de nombreux tapis rouges et de rencontrer les grands de ce monde.
Mais il m'a surtout permis de côtoyer des populations de tous les continents, d’entendre les témoignages d’hommes et de femmes oubliés du bonheur de vivre et accablés par la misère.





Les tapis rouges des voyages présidentiels ne m'ont pas égarée, pas plus que les lustres ne m'ont éblouie. J'ai vu s’effondrer des dictatures, d’autres se constituer avec la protection et parfois l’encouragement des puissants de ce monde. J'ai vu s’écrouler le communisme comme un château de cartes bousculé par les peuples qui ne supportaient plus le mépris de ses dirigeants.

Aujourd’hui j'observe un capitalisme qui se fissure et se détruit lui-même, victime de sa démesure totalitaire et de son mépris pour les valeurs humaines non marchandes.
25 ans après avoir créé France Libertés, les raisons d'être de la Fondation sont toujours valables... J'ai eu la chance de voir des situations changer, nous avons même gagné certains de nos combats. Mais une trop grande partie de l'humanité reste au bord du chemin, et subit de plein fouet les folies de notre système. Le changement climatique en est un exemple : une fois de plus ce sont les plus pauvres, les plus vulnérables qui seront les premiers à payer pour notre "mal-développement".

C'est pour cela que les actions que nous menons à la Fondation, pour favoriser l'accès à l'eau pour tous, pour redéfinir les "véritables richesses" et pour faire reconnaître et respecter droit des peuples, me semblent toujours aussi nécessaires et essentielles.

France Libertés est essentiellement un maillon actif d’un réseau mondial qui aspire à organiser l’alternative à la mondialisation du commerce et de la finance pour une société qui donne toutes ses chances à la vie.

Danielle Mitterrand

"que esteve presente no 80°aniversário de Fidel de Castro em CUBA"

GiaSantos disse...

Marília
Não sou descrente na humanidade, felizmente que existem seres de grande abnegação que dão parte das suas vidas e/ou fortunas em favor dos mais desprotegidos e do planeta.
No meu comentário referia-me ao país real em que vivo que estando à beira do colapso continua a ver-se muita gente responsável assobiando para o lado sentindo-se intocável.
Um abraço.
Luzia

andrade da silva disse...

Endinheirados ou ricos, sem m nenhuma metáfora, os plutocratas e os seus amigalhaços, os ditadores totais ou os demo-ditadores, são os responsáveis pela desgraça colectiva.
asilva