sábado, 25 de setembro de 2010

SEXTA-FEIRA À NOITE




DEDICATÓRIA


Sexta-feira, no antigamente, era dia do pecado da carne e da luxúria, hoje, tudo, segundo os ritos, começa, para os mais modestos e contidos, à quinta e prolonga-se até sábado. Mas porque é sexta à noite, dedico-te estas loucas, poucas e desvairadas palavras.


Alerto, antes, para que as sextas-feiras são também dias de manifestação das bipolaridades comportamentais, e, contrariamente, aos que se julgam normais, a normalidade é um estado volátil.


Mas agora, quero é falar para ti, mulher-longe, sonhada.


Dedico-te a ti, mulher nua, que podias ter sido louca comigo, estas palavras:


Não me olhastes, e morri.


Mas a lei que me mata, também vos tem , e a todas, como reféns


Morrereis de vida tão pouca, e tão muita de tédio, conformismo, regras, contra-regras, mordomos, bispos, códigos, chefes, chefões, horários, presidentes, grilhões, diáconos dos remédios, inquisidores, bufos e déspotas.


Morrereis, porque não fostes loucas, e não olhais o Oceano imenso da libido, da liberdade, do sexo, dos amantes.


Que Deus vos poupe a esta louca e demencial profecia.


Porque não me amastes ao cair da noite, ou ao romper da hora alva, compreendei e perdoai este grito da desditosa sorte, deste modo, confessada.


E tudo isto é somente um vendaval de instintos, sentimentos, mas o paraíso será sempre vosso, teu.


Agosto 2007


andrade da silva

3 comentários:

Marília Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marília Gonçalves disse...

Quand vous serez bien vieille, au soir à la chandelle,
Assise auprès du feu, dévidant et filantant,
Direz chantant mes vers, en vous émerveillant :
« Ronsard me célébrait du temps que j'étais belle. »

5 Lors vous n'aurez servante oyant telle nouvelle,
Déjà sous le labeur à demi sommeillant,
Qui au bruit de Ronsard ne s'aille réveillant,
Bénissant votre nom de louange immortelle.

Je serai sous la terre, et fantôme sans os
Par les ombres myrteux je prendrai mon repos ;
Vous serez au foyer une vieille accroupie,

Regrettant mon amour et votre fier dédain.
Vivez, si m'en croyez, n'attendez à demain:
Cueilllez dès aujourd'hui les roses de la vie.

Ronsard

(La Pléiade est un groupe (d'abord nommé « la Brigade ») de poètes rassemblés autour de Ronsard : du Bellay, Guillaume des Autels, Pontus de Tyar) Pléiade (XVIe siècle)

andrade da silva disse...

Sim Creio também que devemos em cada dia recolher as rosas que a vida oferece, e quanto aos espinhos e ao mais que dói fica para depois, antes e primeiro as rosas, embora pessoalmente goste mais de amores - perfeitos ( flores, os outros são sonhos) ou orquideas, ou mesmo a esterlicia com a agressividade ( o falo) e a beleza,o fogo do amor em harmoniosa comunhão.