quinta-feira, 25 de novembro de 2010

25 Novembro 1975 – 25 Novembro 2010: DIAS DE BREU



"nosso Companheiro Andrade Silva, continua com falhas de computador pelo que me enviou o que se segue
e embora visto do exterior desconheça os responsàveis, declaro em minha alma e consciência que o 25 de Novembro, foi a porta aberta, a tudo o que hoje o povo sofre e foi o inicio do assassinato do 25 de Abril, e o cerrar das Portas que Abril Abriu, com a derrocada dos direitos do Povo de Portugal"
.
Porém quem se queixa lá sabe onde e porque lhe dói!!!
e como diz o velho provérbio português:
Quem está no convento é que sabe o que lá vai dentro!
Marília



25 Novembro 1975 – 25 Novembro 2010: DIAS DE BREU.

Quem ouviu a conversa de ontem entre Vasco Lourenço e Duran Clemente percebeu a ligação eventual, mas muito provável, de Otelo aos nove, para dar o pretexto, para estes e a direita desencadearem o seu golpe, que não estava preparado, mas tinha comandos avançados e conversas desde Agosto com Carlucci ( Victor Alves, Victor Crespo com ele dialogaram)
Todos estavam avisados que quem saísse levava porrada, mas todos sabiam desde o 28 Setembro, 11 Março 75 que ganhava sempre quem agisse para combater um golpe, e, como disse Duran Clemente, a chamada esquerda militar não tinha plano nenhum, como já o tenho afirmado, para a conquista do poder, nem tinha nenhum chefe militar.
O CopCon deu provavelmente o pretexto para a guerra, e logo de seguida fechou para obras. O seu comandante desapareceu antes do combate, ou foi descansar, ou deixou-se prender, e, entretanto, Rosa Coutinho e Martins Guerreiro que poderiam ter assumido ou não o comando das operações, optaram por não assumir, e irem levar a bandeira da paz aos fuzileiros, e, assim, evitaram a guerra civil, e logo, são também grandes beneméritos.
Para não haver guerra ou ‘guerrinhas’ civis dei também o meu contributo, porque fui contactado por Pinto Sá (pai) em Évora, para enquadrar uma força de centenas de alentejanos armados com hipóteses de crescerem para milhares, e marchar sobre Lisboa, com garantias de ser abrigado nas grutas do Escoural, e depois ser enviado para o estrangeiro em caso de insucesso, proposta que recusei liminarmente, porque, como diz Duran Clemente, todos pertencíamos a um Exército Regular. De qualquer modo tinha, então, 27anos e andava nestas coisas de Alma e coração e com muito sangue na guelra, sempre fui e sou um homem do terreno e não de principados ou catedrais.
Todavia, diz, Vasco Lourenço, que o Fabião estava com o golpe, mas como é que isso foi possível se o vice-ceme do gen Fabião, logo distribuiu armas ao PS, através de Edmundo Pedro, sem conhecimento do general Fabião, e como ainda podia estar no golpe, se, por exemplo, o meu nome constava na lista de Aventino Teixeira para ser detido, o que, o Gen Fabião nunca permitiria, como não o permitiu o gen. Ramalho Eanes?
Mas Vasco Lourenço depois de contactado por mim, permitiu a minha deportação para a madeira e que, mais tarde fossem violados os meus direitos na prisão da Trafaria, pelo cor. Vitor Correia ,seu subordinado, apesar da queixa por mim feita.
Enfim, a história fica de novo mal contada, seja como for, em Évora, em reunião a 27/ 28 de Novembro 75, o capitão Moura, do Regimento de Estremoz, que no 25 de Abril não saiu à hora aprazada, o que, Vasco Lourenço não sabe, ou é um mero pormenor ( mas nem todos cumpriram as suas missões no 25 de Abril, desde logo, ao que se diz Jaime Neves, que atacou o Regimento da Policia Militar, em 25 Novembro 75, onde, houve mortes, depois daquela unidade estar no canal de comando, como me disse Vasco Lourenço e está escrito no seu livro, um pormenor esquecido, como foi o de quem queriam matar. Mas não seria obrigatório que no 25 de Novembro tivesse de haver sangue para justificar a vacina que Kissinger declarou ter dado em Portugal, também é estranho que Kissinger não tenha sido referido? … coisas…) pediu a prisão imediata de Fabião e Otelo, ao que se opus energicamente Pezarat Correia, e o Cor. Sousa Teles da Escola Prática de Artilharia - Vendas Novas.
Todavia, nisto tudo o objectivo do 25 de Novembro parece que se alterou: primeiro, porque houve antes daquela data negociações com os otelistas, os mais radicais (resta saber depois os seus percursos), e foram marginalizados os chamados gonçalvistas, a quem, nem o documento dos nove chegou, apesar de ter sido distribuído clandestinamente nas unidades a todo o tipo de gente que não cheirasse a revolução. Preferiu-se tudo até mesmo os que tinham um ódio profundo ao 25 de Abril e adoravam e adoram Salazar, portanto, nunca, então, ninguém ouviu falar que o objectivo era defender a Constituinte e acabar com a bagunça.
Se fossem esses os objectivos estaria ao lado desses heróicos camaradas, pois sempre condenei o Assalto à embaixada de Espanha e impedi, por minha iniciativa, uma maior vandalização do consulado de Espanha em Évora, através de um assalto comandado por gente da UDP, e enquadrando ladrões e energúmenos que roubavam peças do consulado e com outros faziam fogueiras; como nunca nas unidades onde andei, houve SUV, ou decisões do Comando tomadas em plenários da Unidade, apesar do populismo de alguns militares ligados às brigadas revolucionárias – que depois do 25 de Novembro tanto foram elogiados e defendidos por Pezarat Correia, estranho, e que, nomeadamente fizeram em Agosto 75 a ocupação sistemática de terras de Mora ao Couço, o que, comigo nunca teria acontecido, enfim, tudo isto é um vómito e a verdade continua camuflada, até quando…
Mas parece que dá para entender que houve uma santa aliança entre nove, otelistas e a direita, PS, PPD, CDS , ElP, Cónegos etc para acabar com a revolução, e iniciar um processo de democratização que em muitos sectores foi proto-fascista, ou mesmo, fascista, e completamente comandado pela direita, com a cumplicidade ou o silêncio e algum ódio e revanchismo dos moderados, contra os apelidados de membros do PCP, como o chefe da 1º Repartição do Estado Maior do Exército, em 76/77, me declarou, apesar de só ter falado uma ou duas vezes com um dirigente local do PCP, Joaquim Miranda de Évora, para lhe dizer Não aos seus pedidos, e garantir-lhe até ao sacrifício da minha vida toda a protecção de segurança aos comunistas, como o mesmo sempre fiz aos socialistas, aos latifundiários e a toda a gente de direita, como foi o caso do filho do engenheiro Rapazote – este ministro o interior do regime fascista – presidente da associação de regantes do vale do Sorraia.
Enfim 35 anos depois, o breu não se levanta completamente e todos percebem porquê, só não o vê quem não quer. Coisas da política e das oligarquias.
andrade da silva

6 comentários:

andrade da silva disse...

Marilia

obrigado.
abraço fraterno
asilva

Marília Gonçalves disse...

porque me fizeram uma pergunta, gostava que me refrescassem a memória, que até não costuma ser muito mà:
a Banca em Portugal não foi nacionalizada apôs o 11 de Março de 1975? e não recomeçou a ser privatizada apôs o 25 de Novembro do mesmo ano?
se assim é Miguel Portas ao afirmar que os problemas não vêm da Banca do Estado mas da Banca privada, não deveria, explicar ao Povo Português as voltinhas todas que foram dadas à Economia desde o 25 de Novembro?
é que assim há quem não perceba
com os meus sinceros agradecimentos.
Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Marília

Pois, pois o 25de Novembro e durante a supervisão do Conselho da Revolução destruíram tudo, mesmo tudo, por exemplo. o cultivo das terras no Alentejo com a destruição completa de todas as cooperativas com feridos e mortes pelo caminho: o Casquinha e o Caravela, e depois foi o regresso total e absoluto ao comando das finanças e da economia das famílias que desde o século XIX dominam a economia portuguesa, portanto, o 25 de Novembro só é a retomada do pureza do 25 de Abril, como foi pensado pelos militares sem a contaminação do povo.

Todavia no 25 de Abril a concepção do que seria o futuro alterou-se com a intervenção do Povo e, isto, os novembristas e a direita não aceitaram. O resto é discurso e a porca da politica a funcionar de um lado e doutro, para dar cobertura a comportamentos contra-revolucionários que nos vão levar a um grande desastre, porque as jogatinas continuam a mesmas, e é esta realidade e lição que o passado encerra.
------


Um pouco mais de história sempre se poderá dizer que os alentejanos de que falo não se sabe se estavam algures armados conforme me foi dito. Todavia houve ou não esta concentração, mas se tivesse aderido a esta proposta teria sim posteriormente mobilizado muita, muita gente, como antes aconteceu, quando o Brig. Pezarat Correia me quis mandar embora de Évora.

Em pouco mais de uma ou duas horas toda a praça fronteira ao quartel general ficou cheia de gente a impedir a minha saída e dispostos a investirem contra o quartel sem qualquer receio das armas dos militares, e somente os ânimos muito exaltados foram acalmados quando depois de grande insistência do brigadeiro Pezarat Correia, e do seu chefe do estado Maior cor. Seixas fui à varanda falar à população, facto que foi narrado pelo jornal século. Afirmei que o Alentejo era a minha 2ª terra e a minha primeira na Revolução , e que se tivesse morrer pela revolução que isso acontecesse no Alentejo.

Também é certo que uma factor dissuasor foi o facto do Furriel Sequeira, que como alguém que contactava o PCP, me comunicou que da sede do PCP de Évora lhe tinham dito que o partido considerava o 25 de Novembro como uma derrota da esquerda militar e que não mexeria uma palha, obstáculo muito difícil de ultrapassar em terras alentejanas, o que, nunca descuraria até pela criticas que sempre fiz às ridículas manifestações ditas do poder popular, sem a a participação do PCP, pelo que se reduziam a 12 tristes pessoas com seis bandeiras que desfilavam pelo palácio D. Manuel em Évora, quando se reuniam todos os comandos da Região Militar de Évora que gozavam todo aquele pobre e mísero espectáculo, feito por esquerdistas ou direitistas ridículos e tontos, que só enfraqueciam as posições do MFA progressista naquelas reuniões.

Não me peçam silêncio, porque isto não é diferente do que vai acontecendo.
asilva
asi

andrade da silva disse...

Marília

Pois, pois o 25de Novembro e durante a supervisão do Conselho da Revolução destruíram tudo, mesmo tudo, por exemplo. o cultivo das terras no Alentejo com a destruição completa de todas as cooperativas com feridos e mortes pelo caminho: o Casquinha e o Caravela, e depois foi o regresso total e absoluto ao comando das finanças e da economia das famílias que desde o século XIX dominam a economia portuguesa, portanto, o 25 de Novembro só é a retomada do pureza do 25 de Abril, como foi pensado pelos militares sem a contaminação do povo.

Todavia no 25 de Abril a concepção do que seria o futuro alterou-se com a intervenção do Povo e, isto, os novembristas e a direita não aceitaram. O resto é discurso e a porca da politica a funcionar de um lado e doutro, para dar cobertura a comportamentos contra-revolucionários que nos vão levar a um grande desastre, porque as jogatinas continuam a mesmas, e é esta realidade e lição que o passado encerra.
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Um pouco mais de história sempre se poderá dizer que os alentejanos de que falo não se sabe se estavam algures armados conforme me foi dito. Todavia houve ou não esta concentração, mas se tivesse aderido a esta proposta teria sim posteriormente mobilizado muita, muita gente, como antes aconteceu, quando o Brig. Pezarat Correia me quis mandar embora de Évora.

Em pouco mais de uma ou duas horas toda a praça fronteira ao quartel general ficou cheia de gente a impedir a minha saída e dispostos a investirem contra o quartel sem qualquer receio das armas dos militares, e somente os ânimos muito exaltados foram acalmados quando depois de grande insistência do brigadeiro Pezarat Correia, e do seu chefe do estado Maior cor. Seixas fui à varanda falar à população, facto que foi narrado pelo jornal século. Afirmei que o Alentejo era a minha 2ª terra e a minha primeira na Revolução , e que se tivesse morrer pela revolução que isso acontecesse no Alentejo.

Também é certo que uma factor dissuasor foi o facto do Furriel Sequeira, que como alguém que contactava o PCP, me comunicou que da sede do PCP de Évora lhe tinham dito que o partido considerava o 25 de Novembro como uma derrota da esquerda militar e que não mexeria uma palha, obstáculo muito difícil de ultrapassar em terras alentejanas, o que, nunca descuraria até pela criticas que sempre fiz às ridículas manifestações ditas do poder popular, sem a a participação do PCP, pelo que se reduziam a 12 tristes pessoas com seis bandeiras que desfilavam pelo palácio D. Manuel em Évora, quando se reuniam todos os comandos da Região Militar de Évora que gozavam todo aquele pobre e mísero espectáculo, feito por esquerdistas ou direitistas ridículos e tontos, que só enfraqueciam as posições do MFA progressista naquelas reuniões.

Não me peçam silêncio, porque isto não é diferente do que vai acontecendo.
asilva
asi

Marília Gonçalves disse...

AMIGOS
3 milhões de grevistas: Portugal Desperta!

Adiante e Prosseguir firmes na Luta

Cravos de Abril

Vermelha flor

Pétalas mil

De rubra cor.

Abril florido

Cravos de Junho

Entrando em Maio

Esperança em punho.

Cravos de Abril

Na história acesa

No céu de anil

Nasce a certeza

Da Liberdade

Pura e fraterna

Sem a maldade

De quem governa.

Abril em flor

Abril de risos

Semeia amor

Gestos precisos

A Pátria avança

Devagarinho

Ave ou criança

Deixando o ninho.

Alvoreceram no dia novo

Novas sementes

Para o rei-povo.


Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Errata

No texto onde refiro Joaquim Miranda, estou de facto a recordar Dinis Miranda. Lamento o lapso.

asilva