Fiz-te renascer
sentires a felicidade
escrevi para ti...
e tu comigo
conheceste primaveras
e comigo
sentiste -te amado
desejado
e agora...
agora
beijas-me
e dizes-me
vai-te embora...
olhas-me
apaixonadamente
e dizes-me
vai-te embora...
fazemos amor
falas-me ao ouvido
e dizes-me
que sou linda
dizes-me
que tenho
um corpo
lindo..
mas, dizes-me
vai-te embora...
faz-me sentir
mulher completa
menina protegida
e mais uma vez
dizes -me
vai-te embora...
os teus olhos meigos
dizem-me fica...
os teus lábios
dizem-me fica...
o teu sorriso
diz-me fica...
o teu corpo
diz--me fica...
o teu abraço
diz-me fica...
mas...mas...
a tua voz rouca
sem vontade
sem convicção
diz-me
meu amor...
vai-te embora.
Ester Pita
5 comentários:
Amanhecer assim num tal Grito de Amor
não há quem resista
força
abraço e obrigada pela participação
Marília
Os meus parabens um poema lindo um grito de alma.
Um abraço
Ester
Antes de ler o teu poema,li alguns de Alice Vieira acho que comungam da mesmo sentimento há actos que nunca mais deixam de ficar inscritos em nós, sejam quais forem as vicissitudes posteriores, de um amor que diz vai-te embora, quando está a dizer fica; ou adeus,quer dizer amo-te.
A realidade dos sentimentos humanos é muito complexa, quando, acho, poderia ser mais simples.
bjnho
hora de poesia
para animar o dia
e-mail.
Dois poemas de Alice Vieira
Sempre amei por palavras muito mais
do que devia
são um perigo
as palavras
quando as soltamos já não há
regresso possível
ninguém pode não dizer o que já disse
apenas esquecer e o esquecimento acredita
é a mais lenta das feridas mortais
espalha-se insidiosamente pelo nosso corpo
e vai cortando a pele como se um barco
nos atravessasse de madrugada
e de repente acordamos um dia
desprevenidos e completamente
indefesos
um perigo
as palavras
mesmo agora
aparentemente tão tranquilas
neste claro momento em que as deixo em desalinho
sacudindo o pó dos velhos dias
sobre a cama em que te espero
***
Aquele que o meu coração ama
não encontra em lado algum
o incenso que de meus olhos rompe
para ensinar a prender o corpo das mulheres
abandonadas fora de horas
às portas da cidade
mas sabe que para todas as distâncias
há uma ave enlouquecendo quem parte
do tempo
e a túnica que dispo entre os seus dedos
é a espada que os reis ungiram
para enfrentar a ameaça das manhãs
em que tudo acorda
[in O que Dói às Aves, Caminho, 2009]
Poema com muita força e muito bem estruturado. Parabéns Esterinha.
um beijo
Manuel da Fonseca
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