domingo, 10 de julho de 2011

SAIR DA ROTA DO DESASTRE INEXORÁVEL.



SAIR DA ROTA DO DESASTRE INEXORÁVEL.

 Nota: o texto é longo. Todavia não se pode falar da nossa sina colectiva em duas linhas, é impossível. É preciso um certo esforço e neste texto se resumem ideias expressas em milhares de páginas e na obra de Naomi Klein, sobre  a doutrina do choque.
Aqui não habita novo Bandarra, mas a quem interessa dirão que sim. Todavia se o cenário futuro não for tão trágico será por força de denuncia dos propósitos dos tais mercados, da Reserva Federal Americana, da China, do Banco mundial e do FMI etc.”


Por mais que os semeadores de sonhos, ilusões e amanhãs lancem aos ventos, ou cultivem nos espíritos e mentes que está próximo um novo despertar de paz e harmonia, a realidade inexorável, estudada, e que impõe respostas imperativas é que vamos, o Mundo, vai sair desta rota de desastre, resta somente saber se em benefício de toda a humanidade, ou de 1% + 10% da população, os mais poderosos e os administradores e gestores da sua fortuna, até um 1/3 da humanidade, mais coisa menos coisa; ou na hipótese mais favorável até 2/3,  com total sacrifício de 1/3 a 2/3 dos restantes, a  serem dizimados  por uma guerra mundial temida, e por, isso adiada, mas… ou por redução dessa população excedentária ao esclavagismo, à fome, à doença ou a outras calamidades, naturais, ou induzidas que no mínimo diminuam a esperança de vida, a capacidade reivindicativa e os  direitos cívicos dos cidadãos etc. etc..
 É trágico, mas a terra não comporta o hiper-devaneio dos ricos na sua actual opulência, logo, para eles o caminho está traçado e em EXECUÇÃO, há muitos, muitos, anos, entre nós, com a contra-revolução do 25 de Novembro 1975. Tudo por aqui entrou, o vírus da destruição, 1ª a dependência, depois a condenação e a morte.
Não se pode provar que sem o 25 de Novembro 75 viveríamos numa ditadura comunista, como Mário Soares proclama aos sete ventos, mas prova-se à saciedade que com o 25 de Novembro 75 se abriu um caminho perigoso e com muito difícil retorno de total submissão aos interesses do capital financeiro mundial, com uma cada vez maior perda da soberania nacional.
Soberania Nacional que, perante um astronómico endividamento externo, em grande parte induzido pela força perversa e totalitária do capitalismo financeiro, pode estar definitivamente ameaçada, como está já na Grécia, como Eça de Queiroz previu-o há mais de um século, logo…

Mas tudo está perdido? Não, se os excedentários deste mundo louco, de 1/3 a 2/3 da humanidade, se unirem numa resposta global, e ao nível dos países fizerem o mesmo. Todavia aqui, começam as nossas dificuldades domésticas.

Não vai ser mesmo nada fácil, sairmos deste caminho de desastre e fim planeado. Era necessário uma mobilização massiva para a construção de uma DEMOCRACIA participativa que defendesse a DIGNIDADE Humana do nascimento até à morte e um DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO, isto é, os 3 D de sempre: DEMOCRACIA ( ou seja estado de direito: de direitos e deveres) DIGNIDADE e DESENVOLVIMENTO.
 Parte dos militares do Movimento das Forças Armadas  quiseram criar esta plataforma política. Em 1976 tentamos, mas os partidos de esquerda/ esquerda do PS mataram esse nascimento, e estamos, onde estamos, numa luta de resistência que pode acabar muito, muito mal. Pode acabar com a supressão da liberdade, ou com a emergência de uma nova sociedade, mas para esta segunda hipótese há tanta mentira e sectarismo a vencer que é uma eventualidade com um grau de dificuldade tremendo.
 A solução seja ela qual for, poderá emergir, quando o desespero e a imoralidade forem  máximas. A prova disto  pode ainda  levar uns bons anos, ou seja, daqui por uns anos feitas as contas, os ricos estarão mais ricos e a pobreza  terá aumento, e não falo da pobreza para comprar plasmas e bugigangas que esta não é a real pobreza, era e é dependência consumista, de que os bancos, governos, partidos de esquerda, sindicatos são responsáveis.
Os partidos de esquerda e os sindicatos, porque  pediram sempre melhores salários, o que era e é  justo, mas nunca disseram uma só palavra sobre o consumo ético e ecológico, orientado para uma melhor qualidade de vida, saúde e poupança; os bancos e os governos, porque alimentaram e estimularam a gula.
Naturalmente que o 1% dos mais ricos, mais os 9 a 10% dos seus testas de ferro são os maiores responsáveis pelo endividamento externo privado, mas isso nada nos defende de termos praticado um padrão de consumo patológico, sobretudo induzido pelo comportamento esbanjador daqueles paxás, mas podíamos na generalidade ter tido um melhor comportamento, quanto ao consumo, que uma minoria de portugueses teve, e neste grupo me incluo, logo,  revolta-me pagar as asneiradas que tanto denunciei.

Também é interessante ver, como tão tardiamente os nababos que são donos de Portugal chegam às conclusões certas. Ontem, diziam que era preciso aceitar a ditadura dos credores, hoje, dizem que afinal nos mercados impera a especulação  e uma luta letal entre o dólar e o euro. Neste quadro  até já propõem a resignação de Durão Barroso , se não estiver a fazer nada na Comissão Europeia. Logo quem tinha razão?
Contudo, para não nos tornarmos escravos dos senhores do mundo seria preciso restaurar uma REFORMA AGRÁRIA, a do PREC foi morta pela lei de António Barreto,  pelos governos do PS, PSD  e de Lurdes Pintassilgo que a impuseram a ferro e fogo em 1979, altura em que ainda havia Conselho da Revolução e os Militares Novembristas estavam no poder ( é bom ter memória); as Pescas, face à nossa grande plataforma continental e a industrialização quer para as exportações, quer para a substituição de importações.
 Todavia como nada disto está a ser feito,  o que está em marcha é a contra-revolução do capitalismo de desastre e choque, para reduzirem de 1/3 a 2/3 da população à condição de servos, em Portugal.
Portugal   que se pode tornar num quintal para negócios de férias e lazer dos poderosos do Mundo, em troca da manutenção da vida  da população com   qualidade  excepcional para  10%,  de  boa a razoável para 20 a 40% de parte dos restantes, e um verdadeiro inferno para os que estão na faixa vermelha do banimento.

Mas na grande engrenagem Mundial Portugal conta? Naturalmente contará pouco, mas um pouco que se juntando a outros poucos pode travar esta investida, e mudar, destruir a engrenagem que nos quer pulverizar,  obviamente, que para este cenário destrutivo não aconteça é preciso denunciá-lo,  o que, é um risco maior. Por  um princípio patológico de negação, muitas das pessoas que se sentem impotentes não querem saber do que pode ser o futuro.
Todavia é importante conhecer estes cenários para os contrariar e combater, sobretudo  para não se sair de uma  crise, para uma nova crise, como César das  Neves defende, mas sim, para uma sociedade mais DEMOCRÁTICA, MAIS DIGNA E MAIS DESENVOLVIDA.
Contudo esta realização só será possível, com o contributo dos 1/3 a 2/3 dos efectiva e inexoravelmente marcados, para servirem de moeda de troca, neste mercado global do esclavagismo pós-moderno.
Enfim… dormir é um direito. Acordar um direito e um dever.

andrade da silva

5 comentários:

andrade da silva disse...

De facto aqui o blogue assume o seu significado pleno de um diário partilhado por alguns, poucos. È pena, mas com tanta soberba e canga também seria dificil não ser estrangulado por tanta voz dos donos, vozes arrogantes que só ouvem as vozes que lhes alimenta a crença, e das pró-situação e sistema.
É pena, mas...

Marília Gonçalves disse...

Companheiro de Lutas

por mais que faça, não consigo saber a quem se refere. Que donos? de quê? de quem? faço papel de ingénua, mas creia que o que fica obscuro para mim, o fica igualmente para muitos leitores.
um pedacinho mais de luz directa e tudo ficará mais claro
abraço amigo

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Os donos das gentes estão em quase todas as organizações de poder, como toda a gente sabe.
Nas organizações em portugal desde as de solidariedade social -basta ver os seus onogramas- logo que tomam o poder criam um cordão sanitário à sua volta com os acolitos e montam um sistema tipo big brather e aí de quem discorde das ideias dos chefes são logo postos à margem, vistos como fraccionistas, é uma caracteristica geral, está mesmo a fazer de ingénua, nos partidos é aquilo a que chamam - a máquina do partido -toda a gente sabe isto.

Os membros de dadas organizações com uma suposta ou imposta coesão interna e se forem grupos minoritários isto ainda é mais forte não suportam o luto da separação e até advinham o pensamento dos lideres para não divergirem do seu pensamento, aliás até isso não pode acontecer, porque de um modo geral só recebem a informação da organização, o que é tanto mais forte, quanto menos as pessoas tiverem tempo e disponibilidade psicologica para lerem.

Mas isto está muito bem estuado em sociedades pouco tolerantes e com baixo sentido de risco, de independência pessoal etc.

Toda a gente sabe isto, não ha ingenuidade que valha, pode haver é cegueira e assobiar para o lado.
Nunca ouviu dizer não me comprometa.

Ha um medo induzido por um condicionamente pavloviano.

Salazar e a inquisição ainda não foram expulsas da vida interna dos portugueses. Mas isto toda a gente sabe e vê. É a regra, mas há muitas excepções, felizmente, e essas defenderão a LIBERDADE e Construirão o futuro.

O poder em portugal assume a forma mais severa que Max Weber definiu de impor a vontade do iluminado contra a vontade de todos os outros.

Agora há muitos metodos para gerar aparentes consensos e unanimidades, como por exemplo se viu no ultimo congresso do PS com 95% dos congressiatas a votarem na moção do secretátio geral psra quê? porquê? e sobretudo como? Etc-etc.
Todo o mundo sabe do que estou falando.
toda a gente.
abraço

Marília Gonçalves disse...

nada chega à clareza, agora foi total, muito abrigada, Capitão
abraço
Marilia

andrade da silva disse...

Marilia
Em próximos textos vou voltar a este assunto. No próximo com o titulo de contrates já manuscrito, vou falar do medo intrapsiquico que leva à negação da insegurança que ronda as portas de 25% a 30% da população portuguesa e europeia, e num outro vou focar exemplos concretos de varias organizações politicas, civicas e institucionais,onde o dever de obediência em termos de opinião está expresso nos regulamentos e em outros casos inscrito somente nas mentes e nas práticas.
abraço
asilva