domingo, 2 de outubro de 2011

HISTÓRIA, PEQUENA, DE UMA AGUARELA.



Que o pensamento néscio não queira ver narcisismo, onde, reside um estrito princípio de moralidade, de falar de outras verdades, ocultados. Este pais  adora colocar tudo debaixo da mesa, por onde também se escoam os negócios da corrupção material, intelectual e espiritual”



Esta aguarela, de 1985, do, então, major Rui Carita, retrata, de um modo generoso, uma tremenda luta que travei nos órgãos de disciplina do Exército, entre 1976 e 1982, em que foi julgado por causa d o 25 de Novembro que só conheci pelos jornais e por causa de todo o processo do MFA no distrito de Évora, entre o 25 de Abril 74 e o 25 de Novembro 75.

Mas também diz claramente que naquele ano de 1985, ano glorioso da minha vida, tinha de emergir de todas os breus e cinzas, porque em 28 de Outubro seria Pai, pela 1º e única vez, de um rapaz maravilhoso, que 26 anos depois, por ele, por todos os jovens, idosos e por cerca de 6.666.666 dos portugueses, toda a gente de verve e amor é interpelada e obrigada a estar de pé, e peito feito a muitos e diversos inimigos: a exploração, a ignorância militante, a exclusão, o desemprego, a perda de qualidade dos cuidados médicos etc.

Em 1976 fui acusado do processo da Reforma agrária no Alentejo. No conselho superior de disciplina do Exército foi-me feito um processo com milhares de páginas, 9 grossíssimos volumes, compilados pelo sr. cor. Bandeira de Lima que percorreu todo Alentejo à procura de detractores da minha acção, então, nenhum latifundiário, e foram muitos os que me acusaram de Coruche a Elvas, acusou Otelo Saraiva de Carvalho ou outrem civil ou politico, da responsabilidade desse processo, e nenhum dos que tanto se apresentaram ou apresentam, como os grandes homens desta acção também veio a assumir a responsabilidade daquele feito, apesar de publicamente assumirem o papel impulsionador que dizerem ter tido.

Foi pena não terem aparecido no processo a dizerem o que têm dito publicamente. Juridicamente obrigariam à suspensão daquele processo que levou 6 anos a resolver-se, enquanto, estive suspenso de funções, isto é, impossibilitado de exercer a minha profissão de que muito gostava. ( saberão as bondosas almas que se dizem revolucionárias e de Abril o que isto significa aos 27 anos de idade?)

Todavia, no meu caso, tudo isto é gritante, porque todas as acções que fiz até Agosto 75 foram louvadas pelo comandante da Escola Prática de artilharia ( em Dezembro 74 ,como actos valorosos de um oficial sempre disponível para missões difíceis) e apoiadas por Pezarat Coreia, Vasco Lourenço e Sousa e Castro, pelo PS de Évora durante muito tempo, e até ao fim por Vasco Gonçalves, Carlos Fabião, Otelo Saraiva de Carvalho, PCP ( em Évora, Álvaro Cunhal, em comícios do PCP, se referiu à minha acção) e muitos e muitos cidadãos por força da sua alma de concidadãos.

A verdade é que o PCP de Évora, como o PS e mesmo o PSD, como todo e qualquer cidadão, mesmo latifundiário, como o foi no caso de um diferendo entre o sr. Veiga Teixeira e o sr. Infante da Câmara, associações, organizações e empresas, sempre contaram com o meu apoio, sem reservas, desde que as suas propostas fossem justas e conformes ao espírito de Abril.

Nunca discriminei positiva ou negativamente ninguém. Nunca indaguei quem era quem, e, este, de facto, foi o meu pior defeito, que numa sociedade sectária, fundamentalista, com a pratica da ignorância e o cinismo militantes e beata, não se perdoa.

Todavia, naquele tempo e no Alentejo concreto, quem mais razão tinha e mais precisava do MFA era o povo humilde, e, isto, nunca o iludi, e, por isso, estive ao seu lado até ao último segundo, apesar de ter sido avisado, em Agosto/ Setembro de 75, pelo meu camarada major Gil do que se preparava e me esperava.

Falo disto para que quem quer conhecer as verdades – que é diferente da verdade inatingível – vá sabendo outras coisas sobre o passado, talvez sirva à liberdade e à construção do futuro, talvez…
talvez!?... but...

Coisas....

andrade da silva






1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

a um a dor
a outros a fama!

Ganha fama e deita-te a dormir!

a injustiça, a ingratidão, o oportunismo, o disfarce,a vaidade, tudo vícios que se cruzaram no teu caminho, para perder a tua generosa e confiante Juventude
defeitos de um Mundo caduco, que infelizmente vai

perdurar ainda, bem para além das vidas dos justos,que esfacelam!

abraço Capitão

Marília Gonçalves