quarta-feira, 18 de abril de 2012

Imensidão no Silêncio


Imensidão no Silêncio

Rasgar a luz até ao infinito
Ir além de cada nevoeiro
Trepar a dor constante
Atravessar o grito
Na persistência de cada criador
Erguer-se em deus senhor.
Libertar em cada Prometeu
A luz dele mesmo ignorada
Desafiar os deuses que se calam
Diante da Humanidade abandonada.
Arremessar o gesto libertário
Para além de todas as fronteiras
No movimento contrário
Às leis malquistas financeiras.
Dilacerar espelhos de falsários
Uivar esta dor que trago em mim
De tantos aniversários
De funesto festim
O silêncio é música da festa
da sinistra noitada
os poetas vão escorrendo versos
mas são palavras soltas
não servem a mais nada
Não erguem corações a palpitar
como estrelas furando a imensidão
atravessam o tempo o espaço o mar
sem chegarem a pão
o pão que se repate
um pão que seja natural
como é a poesia e é a Arte.
E nem Apolo acode, nem as Musas
Hipocrene secou
E do sangue de todas as medusas
Um ser de pedra e pó nos povoou.
Trazemos no rosto um olhar cego
Uma boca sem voz
E assistimos no maior sossego
Ao sacrifício de cada um de nós.
E esta dor que cresce e que me rasga
Contrária à indiferença
É feita do espanto acumulado
Do absurdo da letal presença.
Um Mundo repleto do fantasma
Como se transparente
Não fosse mais que o plasma
De lei inexistente...

Aonde o ser humano que esfacela
A história que velhinha
Extravasa da estrela que revela
A estrada onde caminha!


Marília Gonçalves   










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