sexta-feira, 11 de maio de 2012

LISBOA ONTEM,ENTRE AS 14 E AS 15 HORAS.






1 - CHORAI POBRES, MORREU UM NOSSO IRMÃO!

14h 30 jaz dentro de um saco de borracha um que nasceu, viveu e morreu anonimamente. Agora, ali no topo da estação do metro de entrecampos tem direito a uma sentinela da PSP, uma grande honra.  Não vão lá  roubar o cadáver, para lhe tirarem uns rins, uns intestinos, uns pulmões e um coração completamente destruídos pela riqueza de ser desgraçado, abandonado e miserável.

Meu irmão, também merecestes o apoio  que para nada  serviu do INEM sobre mota, deve ser a versão light.

Mas tu, meu irmão, como os desempregados, neste país, segundo o primeiro-ministro, que não respeita  ninguém, diz que queimastes a tua última oportunidade de vida. Tivestes azar. 

Sem dignidade o desgraçado morreu, ali, e enfiado no saco, ali, jaz. Irmão choro por ti, sei que não terás um funeral público, nem te lavarão para o Panteão Nacional, mas,  para mim tens esse direito, quanto o Camões que morreu por uns cantos de Lisboa, e bem mais que outros que para lá o capricho de quem manda levou.

Para ti uma lágrima, és meu irmão, como os meus amigos e os que fizeram obra ou foram generosos,  os outros são meros conhecidos ou desconhecidos, e, portanto, por eles, os dignitários,  choro o mesmo  que eles chorariam  por mim - rios de lágrimas….

2- QUAL CASA DO GIL?

Passei pela frente da casa do Gil, recuperada, bela, imponente, mas com as portas interiores fechadas sem uma criança, sem vivalma. Somente um casal,    que já há muito ultrapassou a meninice, andava  pelo fundo do quintal,  e o meu coração estremeceu. Será que depois da pompa e circunstância, a casa do Gil, é outro sonho adiado, que se passará?

3 – NÓS DIZEMOS ELES NÃO PASSARÃO! Mas…

Todavia eles, donos  do anterior regime, já passaram, ou melhor, nunca foram desalojados, e  toda a bestialidade humana está instalada e bem, desde os mais baixos patamares aos mais altos, só por excepção e descuido da PIDE,  do censor-mor, está alguém decente e digno nas administrações, e muitos deles são muito mais indignos e soezes que os agentes do antigo regime, onde, conheci gente de bem, dentro e fora da tropa. Universos, onde, hoje circulam pessoas sem nível a nenhum titulo, que seriam lixo no antigo regime, e, hoje, são aproveitados para praticarem a máxima maldade, o que, naqueles tempos estava confiado aos esbirros, actualmente, gente que devia ter alguma dignidade desempenha tão soezes papeis, até para vencerem na concorrência. Miseráveis bigg’s.

Neste universo putrefacto eles gozam com as pessoas decentes, porque têm legiões de imbecilizados que na hora em que aquele desgraçado era metido no seio daquele saco, despreocupadamente, jogavam suecas atrás de suecas, os mais pobres e sensatos, e outros cheios de vício arrastam os seus ventres dilatados pelas tascas a beberem cerveja e tinto.  Em muitas tascas até parece a promoção dos 50% do pingo doce.

É por isto que os esclavagistas pensam que não há alternativa, mas há, só que não é nenhuma das que estão presentes. A todas, actualmente falta-lhes AMOR PELO HOMEM, DECÊNCIA, HONESTIDADE,  VERDADE, MORALIDADE e EMPATIA QUE GERA FRATERNIDADE  e AJUDA A CRIAR O HOMO EMPHATICOS ( os interessados que leiam a revista  Cais de Maio, 2012, ler é preciso).

Voltarei ao tema da alternativa.

Fechai os olhos,  os ouvidos e a boca e o INFERNO VINGARÁ, mas cada um de nós será somente mais e mais escravo.

 Por amor vos falo, mas os milagres não fazem parte do meu reportório, só pensamento critico, liberdade de opinião e sentimentos tenho para dar. 

andrade da silva

2 comentários:

Marília Gonçalves disse...

tem toda a razão! nada se pode construir de duradouro e alegre, que seja aceite a longo prazo, enquanto não se ensinar toda a gente, que para além da consciência de classes, tem que aprender-se o valor do Humano, aprender a pensar em si e ver nos outros o espelho de seus sonhos e anseios! Pensar e Sentir, por ti e pelo bem colectivo. Nunca conseguiremos chegar a uma sociedade justa, sem esses dois requisitos serem alcançados, quando não, mais tarde ou mais cedo, os povos fartam-se e "embrutecem", depois fica a lei da selva. Hoje estamos a viver num frágil mundo da aparência, que vai sendo respeitada, enquanto as pessoas se movem em zonas onde são conhecidas, mas muitos perdem essa necessidade de aparentar ser, logo que se encontram em meios onde desconhecidos de todos, todo o brio se apaga e a noção de honra desaparece. E isto em todas as classes sociais.
Quanto mais privados de Cultura, mais difícil se tornará educar o pensamento e sensibilizar o sentir
é uma escolha de Sociedade. Ou vamos ter irmãos a nosso lado, ou feras à nossa frente.

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Marilia

completamente de acordo, o sentir a dor do outro, como se fosse nossa e talvez mesmo mais do que se fosse nossa, pois cada um de nós sabe como controla ou não a dor, mas pouco sabemos do outro.
abraço
aailva