quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Visão do Cidadão Comum XXVII... Não me Lixem!




Mais uma semana que se inicia sem que se veja quaisquer avanços na chamada Crise da Zona Euro. Digo chamada crise da zona euro porque trata-se na verdade de uma crise muito mais abrangente que a moeda única, muito mais que as economias (isoladas ou em conjunto) do Eurogrupo ou até de um modelo económico e social...é tudo isso somado a uma inversão de valores morais, cívicos e de educação, educação essa que tende cada vez mais, a ser confundida com formação académica. 

Para muitos estes meus textos semanais serão um eco do seu descontentamento e das suas apreensões, mas para a maioria serão apenas um desabafo de quem não se adapta a uma nova realidade (que se foi instalando silenciosamente como é comum nas neoplasias mais letais), um velho do Restelo de 40 anos...talvez estes últimos tenham a sua razão. Não me adapto (nem quero adaptar-me) a uma sociedade de consumo imediato e efémero em que o ser foi substituído pelo ter e que para ter aquilo que actualmente é valorizado tenha de abdicar de tudo em que acredito: Liberdade - Democracia – Pátria – Família – Honra – Camaradagem – Lealdade – Frontalidade, valores que actualmente são vistos como anacrónicos ou defeitos de carácter.

E foi por possuir estes defeitos anacrónicos que o discurso do sr. Primeiro-ministro da semana passada me pareceu ofensivo não pelas palavras usadas - como qualquer pessoa da minha idade conheço um sem número de palavras bem mais vernáculas – mas pela verdadeira mensagem que encerram.

Ao afirmar “...que se lixem as eleições” Pedro Passos Coelho, numa postura arrogante que tão bem o carateriza, colocou-se acima do escrutínio do Povo Português, assume uma postura entre o pai tirano e um messias que encerra em si a salvação da Nação Lusa... O que à primeira vista pode parecer um mero exercício de retorica populista esconde algo bem mais sinistro e perigoso: um individuo que fará tudo para cumprir uma agenda desconhecida da maioria do povo Português.

 Esse santo gral que PPC pretende atingir não é mais que a destruição do Estado Social, a alienação gradual dos sectores estratégicos do país, o desmantelamento progressivo do que resta aparelho produtivo nacional e a consequente miséria que transformará 2/3 da população numa versão moderna de servos da gleba. Conseguido isto PPC terá concluído a função para o qual tem vindo a ser preparado e financiado desde dos tempos em que ainda militava nos jotinhas...não existem almoços de borla e está a pagá-los a custa de todos os Portugueses- actuais e futuros!

Não tenhamos dúvidas que a actual crise que assola a Europa, foi provocada pelos chamados “mercados” e está em marcha há pelo menos três décadas desde que as políticas liberais começaram a varrer o globo sobre o manto da globalização.

Agora à falta de novos povos (mercados) para explorar, com a escalada do custo nos factores de produção nos países emergentes, com o aumento exponencial do poder de compra e qualidade de vida que os seus habitantes vivenciaram e que constituiria um verdadeiro risco de despoletar um novo conflito bélico à escala mundial caso se pusesse um travão brusco aos mesmo a única coisa que resta aos “mercados” para manterem os seus lucros astronómicos imorais é a destruição dos modelos sociais existentes no mundo ocidental. 

Estamos à beira de entrar numa nova idade média, ou das trevas como muitos a chamaram, é um dever cívico, patriota e até enquanto humanos de o combatermos com todos os meios disponíveis pois o liberalismo proposto é insustentável: quer seja ao nível dos escassos recursos naturais existentes e seja pela falta de humanismo que lhe está subjacente.

É chegada a hora de agir em conformidade e de dizer bem alto: NÃO ME LIXEM!!!

Nuno Melo
31 de Julho de 2012.

4 comentários:

andrade da silva disse...

Caro Nuno

Mais que os adjecivos falam os factos, e realmente o sr. primeiro ministro já age, como se o ambiente democrático não existisse, Bem basta olhar para os casos que se sucedem: secretas, licenciaturas, ao que o sr. primeiro ministro responde como não assuntos, e todos seguem essa indicação; Presidente da República,Assembleia da Republica,o partido socialista, logo já vivemos um quase estado de excepção, que nenhuma aquartelada pode resolver, porque nem quartéis existem, e a questão terá de ser resolvida pela nação, mas qual? Se está espartilhada por 50% de quase párias e dos restantes 50% mais de 75% fazem parte do centrão destes interesses,

Seria preciso demonstrar, fazer acreditar aos tais 2/3 de portugueses candidatos á semi- escravatura ou escravatura, qual o futuro que lhes espera, o porquê disso e como nos vai chegar a casa, mas para isto seria preciso um novo grupo de liderança, mas onde pára?

É natural que num momento extremo, limite, possam-surgir os Messias,até lá vai surgindo mais ou pior do mesmo,ou outros propondo soluções messiânicas, mas que falharão, porque sem o povo mobilizado não há alternativa.

Neste contexto identifico mais os coveiros do país, do que sejam velhos do Restelo quem anuncia o provável inferno que aí vem, e que poucos antevêem exactamentre por causa da manipulação dos significados por este governo, de que já falei como;os piegas, os preguiçosos, os empreendedores, a gente que está com o futuro e a que está com o passado, o prestigio de bom aluno, etc. tudo isto confunde, aterroriza e oprime e no limite prepara a chegada da ditadura e da idade Média pós moderna,ideia que defendo desde 2008, altura que segundo o advogado Nabais o país se via como rico e bem sucedido. Estavam enganados, estavam certos os tais pessimistas, mas o problema de fundo é que existe pouca massa critica, não preconceituosa e estereotipada, portanto,o resultado vai ser o luto , pese embora,todo este e outros esforços, que serão pouco mais que inúteis.

Seria preciso revolucionar todo este paradigma, mas com quem? Com velhos pastosos que só querem o regresso a um qualquer passado, desde que seja isso mesmo- passado

abraço
asilva

Marília Gonçalves disse...

Pobres das novas gerações se nos que sabemos o que os espera, ficarmos apenas a constatar, a berrar alto, mas sem agir. Acção! urgente! UM RENOVAR DE ABRIL

Marília Gonçalves

N Melo disse...

Caro João
Antes de mais gostaria de agradecer publicamente a oportunidade que me é dada para publicar estes meus textos.
Subscrevo o comentário na sua totalidade, a Democracia e o Estado estão feridos de morte, a respirar as últimas golfadas de ar neste preciso momento. Não é só o sistema se encontra totalmente inquinado, são os nossos concidadãos que se encontram de tal modo formatados pelas mentiras que lhes têm sido vendidas (a um preço incalculavel) que não se conseguem libertar mentalmente de forma a verem o que é inegável - a perda da nossa Soberania, Liberdade, Democracia e a sobrevivência da Nação.
A ultima das mentiras foi o sucesso que aguardava (e continua a aguardar) os Portugueses além fronteiras, esta mentira já vem sendo preparada há pelo menos 2 anos e posta em marcha com os documentários "Portugueses no Mundo" onde só se mostram casos atípicos da diaspora mas que tentam passar como regra...
Em relação às quarteladas, elas não existirão não por falta de meios, justificação legal e patriotica ou oportunidade, mas por pura falta de vontade, comodismo e de instrução democrática.
O que alguns poderão considerar um regresso ao passado poderá ser bem vistas as coisas um salto qualitativo para o futuro se se criarem bases sólidas para uma sociedade de crescimento humano, social, economico e ecologicamente sustentável.
Existem milhares (poucos é certo) de Portugueses que estarão prontos a tentar alterar a situação mas encontra-se dispersos e sem estarem organizados. O que urge é criar situações (reuniões locais, tertulias, debates abertos a todos) que permitam reunir e organizar estes cidadãos e ue permitam que surjam naturalmente individuos que liderem. Esta força de oposição organizada tem que ser criada o quanto antes, enquanto ainda exista liberdade para o fazer públicamente para que se possa combater esta ditadura corrupta e acéfala antes que se instale definitivamente.
Abraço,
Nuno Melo

Marília Gonçalves disse...

é isso mesmo Caríssimo Amigo Nuno Melo, é urgente uma organização e de pessoas a toda a prova, em quem se possa confiar para levar tal tarefe a bom porto! Gente experiente em vários campos, Economia, FILOSOFIA estratégia, História, para dela se tirarem as ilações precisas, psi e sociólogo já há
é necessário um leque de competências a todos os níveis, gente sem cobardia alguma e capaz de ultrapassar o humano medo, Oradores convincentes também. Ai que lufada de Esperança senti agora!
Adiante gente que Ama Portugam, que tem brio e Dignidade e que sabe ainda o valor da Honra e da Palavra dada
abraço para si e para o nosso Capitão-Coronel, que tem bons amigos nessa área e que podem ser de muito bom conselho.
De Pé Portugueses!
Padeiras de Aljubarrota com boas pás vinde também!
Marília Gonçalves