quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A Visão do Cidadão Comum XXVIII..." Anschluss".






Mais uma semana que ficou marcada avanços e recuos na Zona Euro, já poucos têm a paciência de acompanhar esta novela que se arrasta há meses e que apresenta apenas um de dois finais alternativos para os cidadãos da comunidade europeia: A federalização total com perda das Soberanias Nacionais ou o colapso do Euro e da União Europeia.

Enquanto o grosso da população portuguesa, e não só, se encontra a banhos sem vontade nenhuma de verem este período estival estragado por más noticias, agarrando-se à vã esperança que se ignorarem a questão ela resolver-se-á sozinha nos corredores do poder entre Bruxelas e Berlim jogam-se as cartadas finais para subjugar, desta vez por via económica, o resto Europa.

Ao mesmo tempo que o Banco Central Europeu evita a falência da Grécia, com a autorização de empréstimos suplementares até setembro, altura em que a Troika decide se avançará ou não com mais uma tranche de ajuda a Atenas, o seu presidente declara que qualquer intervenção do BCE nos mercados financeiros da dívida no que diz respeito às dividas soberanas de Espanha e Itália ficam condicionadas a um pedido formal de ajuda financeira (i.e. resgate) ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Ajuda financeira essa, que em consonância com a vontade do governo e do banco central alemães, deve incluir uma política de rigor sob supervisão europeia.

Enquanto os Romanos resistem (embora pressionados pelos gauleses para pedir um resgate financeiro), o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, apresentou a Bruxelas na passada segunda-feira um plano orçamental para os próximos dois anos que inclui, entre outras medidas, a subida da taxa do IVA de 18% para 21% e da taxa reduzida do IVA de 8% para 10%; o corte do subsídio de Natal em 2012 para todos os funcionários públicos que ganhem mais de 963 euros por mês e a redução de três dias de férias...onde é que já vimos muito mais do que isto?!

Recorde-se que no passado mês de Abril, o executivo de Rajoy já tinha anunciado cortes orçamentais de 10 mil milhões de euros nos sectores da saúde e da educação. Antes disso tinha aprovado uma nova reforma laboral, que facilitou e reduziu os custos de despedimento também à semelhança com o que foi aprovado em Portugal e que entrou em vigor no passado dia 01 de Agosto.

Embora os Gregos tenham sido novamente salvos no limite, tal não passa de mais um balão de oxigénio para a sua economia, sendo a sua saída/expulsão do Euro cada vez mais uma certeza como se pode depreender pelas afirmações do ministro das finanças da Baviera (segundo estado mais populoso da Alemanha) que afirmou “….a Grécia deve sair da casa da mamã…”, ou seja, abandonar a Zona Euro...

Mas desengane-se quem pense que a adopção e cumprimento escrupuloso das medidas de austeridade que acordamos no memorando de entendimento com a Troika será por si só suficiente para nos mantermos no grupo do Euro e na União Europeia. Para que isso aconteça teremos de abdicar da nossa Soberania e Independência, acham que não? Então vejamos:

Com o Tratado de Maastricht, a fixação de taxas de juros, os meios para agir sobre a inflação e outros instrumentos dos bancos centrais para gerir a economia foram transferidos para o Banco Central Europeu, mas em cada estado membro da UE o orçamento geral do estado continuava a ser prorrogativa dos governos nacionais.

Com a aprovação e implementação Pacto Orçamental não pode haver défice orçamental superior a 0,5%. E se, ficar acima disso, é automaticamente desencadeado um mecanismo de correção: os Estados serão obrigados a  tomar medidas de austeridade, com base nas orientações da Comissão Europeia.

Os Estados membros que sejam sujeitos às medidas de austeridade, através dos seus parlamentos, terão sempre de dar a sua aprovação à austeridade imposta. A questão está em saber até onde irá a sua liberdade nesta matéria e a qual a autoridade de Bruxelas sobre o conteúdo: o Tratado criou apenas quadros, ou o comissário europeu da tutela vai passar a definir como e onde fazer economias? A resposta é que dependerá do estado das finanças de cada país: quanto mais precisarem de ajuda, mais rigorosa será a fiscalização, mais reduzida a liberdade orçamental e mais radicais as exigências.

Não é por acaso que" frau" Merkel considera que este tratado que deve entrar em vigor em já em 2013, se doze países o ratificarem, chegando mesmo a afirmar que se trata do primeiro passo para a união política.

Num dia em que em anuncia um aumento exponencial em falências de empresas tanto em Espanha como em Portugal, no caso Português com um aumento de 47% em relação a igual período do ano passado; em que o desemprego na Península Ibérica atinge mais que 25% da população,  que um em cada dez portugueses não consegue pagar os encargos assumidos, e 40% da população vive em situação de pobreza (alguma extrema) as questões que se levantam são: merece a pena continuar a insistir num erro chamado Euro? E a que preço? Onde é que se traça a linha da qual não estaremos a ceder?

Pessoalmente, creio que toda esta encenação em torno das dívidas soberanas, e aquilo que está na sua génese, não passa variante moderna e melhorada do tristemente celebre "Anschluss"...resta saber quais as desculpas que os colaboracionistas e os resignados apresentarão quando a História e as gerações futuras os julgarem pelos seus actos e pela sua passividade.

Nuno Melo
07 de Agosto de 2012.

2 comentários:

andrade da silva disse...

NUNO
A crueldade e a tragédia da história estão totalmente expostas no teu texto; Alemanha e UE seguem uma politica de crueldade para com os países do Sul, será trágico para estes, mas a médio prazo para toda a Europa,a Alemanha e o Mundo.

Esta politica vai afectar gravemente a economia mundial,nomeadamente a chinesa, que por ora tem muito dinheiro, mas sem exportações este acaba, e a paz do mundo pode perigar.

A nível caseiro os que ligam ao estado da Nação não contribuem para nenhuma solução : o PSD de PPC é seguidista da Merkel,um dia saberemos porquê,como agora se sabe da colaboração da frota de Tenreiro com os alemães; o CDS segue de próximo o PPD, o PS nem sim, nem não,mas talvez; O PCP defende o seu projecto alternativo embora não refira com clareza qual o modelo histórico de chegada;o BE parece ser o modelo do PCP, mas com um distanciamento em relação ele idêntico ao de Mao em relação à URSS, mas resta saber historicamente o que foi isto,ou é isto; há ainda os defensores do sidonismo ou salazarismo renovados e muitos,muitos outros para quem tudo isto é um aborrecimento.

Nesta encruzilhada histórica, porque estamos assim não se está a criar nenhuma alternativa de futuro, mas sim todas de regresso a passados de alternância no rotativismo,e, agora uma ideia iluminada de rotativismo dentro do rotativismo, mas chegarmos a uma alternância mais podre que a do rotativismo.

A verdade é que ficarmos ou sairmos do euro são opções com uma grave crise associada, e com o país neste estado muitos aguardam a sua vez para imporem a sua vontade baseada em modelos políticos autoritários, fasciszantes de tiros na nuca ou prisão perpetua para os opositores na politica,na arte,no sindicalismo na vida.

Em Setembro falarei nesta trincheira para nada obviamente, mas é sempre interessante ver como hoje toda a gente fala do dicionário deste governo, quando disso já falei há meses. Chegam tarde demais, porque o dicionário do governo já passou, está no meio do povo.

Temos Intelectuais e políticos lentos,preguiçosos sem pro-actividade, depois os seus seguidores chamam-me nomes feios, mas as provas escritas estão aí .
abraço
asilva

andrade da silva disse...

Recordando, mas seria quase todos os textos,mas sobre os significados,o dicionário do governo,lá vai um dos alertas,mas não o 1º:


1 DE MAIO DE 2012
ABRIL E MAIO - A LIBERDADE E A CONSTRUÇÃO.



Como militar do 25 de Abril 74, como um dos que se ergueu contra o fascismo, a corrupção, as secretas, a falta de liberdade de expressão, a ignorância, a escravização, o obscurantismo, a total falta de direitos, e foi o que com o António Pedro e o Sales Grade, às 22 e 55 minutos de 24 de Abril 74, com armas na mão, tomamos a 1ª unidade de Abril - a Escola Prática de Artilharia de Vendas Novas,um quartel heróico e poderoso - digo, como testemunho e compromisso de honra, aos meus concidadãos que desde há décadas não revejo esta sociedade, como um fruto saudável e esperado daquela gesta, pelo contrário, vejo uma SOCIEDADE PODRE:

POLÍTICA DA MENTIRA- políticos mentirosos e medíocres:

ESQUECIMENTO O POVO- um cada vez maior esquecimento do povo concreto e dos seus problemas;

PARTIDARISMO ANTI PATRIÓTICO - Politicas partidárias que fazem de Portugal um lodaçal;

FALTA DE MÉRITO e competência em muitos patrões e gestores:;

IMORALIDADE nos vencimentos dos gestores a ganharem centenas a milhares de vezes mais que os salários médios;

ARROGÂNCIA BURGUESA E DESPREZO PELO POVO de burgueses que se dizem republicanos, socialistas e laicos e são uns meros elitistas, querem somente o voto do povo, cujo cheiro detestam;

ACTO LEGISLATIVOS INCONSTITUCIONAIS aos montes, desde a próprio eleição do actual Presidente da República, que só um candidato à presidência combateu -

DESTRUIÇÃO quase completa do estado de Direito com uma justiça que permite a destruição do país, como ilustra o caso o BPN, com milhares de milhões de euros roubados ao Povo;

INJUSTIÇA FISCAL quem trabalha ou é honesto paga impostos , os outros fogem e os impostos pela sua monta são um garrote;

COLAPSO DA ECONOMIA por politicas erradas e comportamentos criminosos que nunca são julgados;

PROPAGANDA GOVERNAMENTAL vergonhosa com completa manipulação dos significados à miséria, à tripa vazia se chama poupança, de tanto poupar alguns idosos e outros morrem não de frio, mas também por falta das calorias que deviam ter ingerido e não ingeriram, mas para António Barreto e o governo, isso foi mudança de estilo de vida, ou seja, os pobres escolheram a miséria letal para se suicidarem em dor e sofrimento - MALDITOS SEJAIS, para todo o sempre;

EGOÍSMO; DESINTERESSE E LETARGIA, os que têm emprego ou pensão esquecem MISERAVELMENTE os que dormem ao relento;

DIVISÃO DO POVO E DOS TRABALHADORES quando devia haver unidade. Sem unidade TODOS vão parar ao INFERNO;

TRABALHO PRECÁRIO E SEM DIREITOS cada vez se aposta mais na desqualificação dos trabalhadores e se retiram direitos, transformando esta sociedade numa comunidade de parias, na Europa do Sul: Portugal, Espanha Grécia, somos uma comunidade regional de desempregados;

DESMANTELAMENTO DA DIGNIDADE HUMANA de que o Estado tem de ser o principal garante ao nível da saúde, da educação e da segurança;

A MORTE D LIBERDADE DE EXPRESSÃO,através de mecanismos vários, mas sobretudo do isolamento das vozes claras e límpidas do compromisso com o Amor a Portugal e os Portugueses, que é a força transformadora real e concreta que falta........