quarta-feira, 1 de agosto de 2012

BILHETE POSTAL DA MADEIRA I





Bem desejaria, neste período,  ter começado a escrever bilhetes postais da Madeira, mas a  ligeireza, como muitos enfrentam o problema da segurança pura e dura, nos guetos da nossa vergonha a que, insensivelmente, chamam de bairros, com  o cognome  de lata, (assunto   de que as policias, como técnicos deviam falar), levou-me a  abordar esta questão, que mereceu de alguns indivíduos, que se identificam como comunistas, um soez e vergonhoso ataque pessoal, da mesma natureza que a inquisição fazia aos hereges, ou a PIDE aos referenciados como membros do PCP. 

Assim, na boca de um desses indivíduos cheio de malvadez passei de herói de Abril,segundo as suas próprias  palavras, a anti-comunista primário,etc.etc, no que foi logo apoiado por uma outra sua companheira, que com um espírito de alcateia, me referencia numa actividade conspirtória contra os comunistas.

Contudo,   tudo o que digo é público, está neste blogue, e desmente por completo estes cidadãos obscuros e maldosos.Obviamente, que não sou nem nunca fui membro de qualquer partido, mas em todas as organizações formais e informais a que pertenço mantenho a minha liberdade de opinião, sempre com um custo elevadíssimo, mas já era assim nas assembleias do Movimento das Forças Armadas em 1975, pelo que fui ameaçado pelo,então, Major Melo Antunes e Morais da Silva que me diziam que tinha, segundo eles,a mania que era esperto,mas que me ia lixar, solenemente o disseram numa reunião na  Cova da Moura, não me intimidaram, mas quanto às consequências  acertaram

Mas, por, agora, vou, então, ao bilhete postal I daqui da Madeira:

a- A Viagem Lisboa-Funchal 

Foi de gritos pela beleza imensa de  subir aos 10000m, ultrapassar ou furar a abobada celeste, docemente, sem turbulência,sem balanços, com uma aterragem impecável. Ao sair lá agradeci à tripulação o voo e a aterragem impecáveis. Faço sempre num  ou noutro sentido,se houver algo que mereça ser destacado, desta vez havia e -lo.  Numa das últimas viagens,  em 27 de Dezembro de 2009, louvei a perícia do piloto, porque fizemos a  pior abordagem ao aeroporto da minha vida, parecia   que estávamos no meio de um tufão.Mas nestas situações lembro-me do pavilhão dos aviões - TAP - e ainda, e aqui, por mero estereótipo, penso  que  tão exímios pilotos vieram da Força Aérea Portuguesa, é mesmo e  somente um estereótipo, mas baixa o stresse.

b -INCÊNDIOS

 Ardeu demais, mas parece ser assunto tabu. Todos, à excepção das vitimas, parecem querer esquecer o sucedido, mas a 19 de Julho o DN do Funchal traz uns textos interessantes: um com  Hélder Spinola que fala de todo um conjunto de medidas  organizativas e preventivas que, desde há muito, deviam estar a ser efectivadas,mas ninguém quererá fazer nada, porque isso é só despesa,e  no pós  incêndios há bons negócios com as madeiras queimadas " saem os bombeiros, entram as funerárias das aéreas ardidas",e,assim,  tudo se manterá até a próxima. Outro facto que tão bem refere Pedro Fontes é que só há duas opiniões irredutíveis:  a dos seguidistas do governo regional, para quem  tudo é obra dos criminosos, e para os  outros  tudo é fruto da desorganização governativa,  responsabilizam somente o governo.Todavia, como diz aquele cronista, o fogo serpenteou as casas, porque o mato as rodeava, e nem o Povo,nem as autoridades, alguma vez, se lembraram de limpar os arredores das casas, e alguns as perderam, e podiam ter ficado  por lá.Quase todos eram pobres e ficaram, ainda,  muito mais pobres.

c - O MAR E A TEMPERATURA: 

Só quase  nesta  ilha dos amores se pode desfrutar de águas tão transparentes, com, uma  temperatura agradável e com os peixes a nadarem ao nosso lado,é,assim no complexo balneário da Ponta Gorda - o céu na terra. A temperatura também é muito amena - um encanto. Dizem que nos dias de fogo a temperatura foi terrível.

d- Amigos e outros

Já encontrei alguns, falaram-me das suas maleitas, e de como  os seus  pais tinham emagrecido, e também da história recente da ilha, acerca  da libertação dos madeirenses do intrincado sistema da organização agrícola - a da colonia para o que, nos  idos de 75 o Brigadeiro Azevedo quis o meu concurso.Porém o general Carlos Fabião,.chefe do Estado Maior Exército,  não autorizou,porque considerava o meu contributo importante para a paz social no Alentejo, com o que, sem reservas, concordava e continuo a concordar. Também soube através de um destes amigos que o projecto de lei que resolveu jurídícamente esta complexa questão, tão bem retratada por Horácio  Bento de Gouveia,no livro a canga, foi Alberto João Jardim, facto que lhe permitiu inaugurar o seu reinado, por muitos e bons anos. Uma outra cara conhecida na sua imponência, quando lhe  disse olá, olhou-me de alto a baixo, cheio de arrogância, e disse entre dentes algo   que não entendi, mas deve ter a ver com o facto de ser militar de Abril -um perigoso comuna para os nazi-fascistas.Todavia se algumas partes do território Português beneficiaram muito com o 25 de Abril foram as autonomias regionais, e a Madeira, em particular, but o que fazer, se uns encartados e gloriosos auto denominados  anti-fascista me chamam de canalha, por ser livre,e, outros bebendo na mesma gamela me chamam de cubano II?Todavia, sou simplesmente um cidadão que trilha os caminhos muito  duros da liberdade,do amor a Portugal e aos Portugueses concretos.

e - GRANDE FEITO DO JARDINISMO: 

Vivem 9% dos madeirenses em habitação social. Viveu a minha família a paredes meias com um destes bairros de dimensão média para os lados da Cruz de Carvalho, um dos primeiros, a vizinhança nem sempre foi querida, porque de facto as zaragatas e a violência física,o medo aumentaram, mas com o passar dos anos houve alguma acalmia. Porém um bairro posterior que é maior que algumas vilas do continente,o da Nazaré, foi melhor construído junto de um quartel, com ruas amplas, com comércio,centro de saúde e uma linda e grande Igreja muito frequentada. Neste bairro pode passear-se  á vontade e a vida flui com o prazer e os riscos de outro qualquer local, facto que  testemunha que há soluções para o cancro urbano desses lugares lúgubres, desses guetos, chamados, com grave insensibilidade, de bairros,embora de lata.Devo acrescentar que muitas destas pessoas viviam em furnas, realidade que também conheci ( quem vive muitas vidas numa, experienciou coisas várias, e ficou a conhecer o mundo, de que vou dando testemunho, simplesmente) na freguesia de S. Gonçalo, quando frequentava a 4º classe,e o meu professor incumbiu-me de preparar para exame um meu colega, de seu nome Marcelino, filho de um motorista-- pessoa já importante- dos horários ( camionetas)  de S.  Gonçalo,mas que vivia numa furna,na freguesia das Neves... tempos muito, muito difíceis, que, hoje, na praia, desvairadamente, uns anunciavam o seu regresso, como um caminho da salvação para 2014,e que o percorreriamos, como naqueles tempos se fez; comendo milho cozido, acompanhado com cebola crua partida em 4 e salpicada de sal... Gente isto foi assim,e há gente desvairada que diz que não há mal de maior se tiver de voltar a ser assim. MY GOD!! Que futuro para este pais com gentes assim?

f - A BELEZA DE LONDRES.

Que belos e verdes caminhos tem percorrido o ciclismo Olímpico em Londres, simplesmente belo.

Abraços para todos, e para os que praticam a malvadez que nunca a vida se vingue de tanta peçonha, mas justa e rigorosa deveria ser, mas não o será. As trevas são imensas e muito fortes.

andrade da silva

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

Meu Capitão

tinha acabado de escrever um texto em resposta ao seu, como acontece por vezes isto deu um salto e apagou-se tudo! mas amanha volto à carga!
Agora deixo-lhe aqui um poema, pelo grande defensor que o Capitão de Abril, Andrade Silva, foi do Alentejo, do Povo Alentejano e da Reforma Agrária, talvez não haja muitos que se possam ilustrar com tanto, mas enfim....




25 de Abril Sempre

Espasmo interior
ou revolta fulminante
qual o nome para a dor
vinda do meu tempo infante?

algozes vis destruíram
em feroz atrocidade
os sorrisos que fugiram
ao futuro da verdade.

Antecedendo o dia luminoso
eles mataram feriram sem remorso
da tortura fazendo íntimo gozo
curvando ao povo as almas e o dorso.

Mas a alma do povo é resistente!
De humilhações de feridas de peçonha
que lhes fechavam as portas do presente
em crueldade barbara medonha
Ânimo erguido! Na luta na arena
na solidão feroz de cada cela
desprezando o sarcasmo da hiena
caindo em bando sobre uma gazela
o povo foi erguendo em cada nao
a historia portuguesa do futuro:
fez luz nascer da escuridão!
Um jardim nascia no monturo.

Marília Gonçalves