quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PPD UM ARAUTO DA SOCIAL-DEMOCRACIA, ONDE?



Se há alguma coisa, que fez parte do meu imaginário de adolescente, foi  o paradigma  de vida dos países nórdicos, particularmente, a Suécia.

 Como madeirense,e como já referi,  via nas Suecas outra gente, gente feliz e livre, e, assim fui sonhando  com  a Suécia, e  que a liberdade tinha um DNA-  a liberdade sexual, o amor livre, o topless-  nem era a politica, nem chamava ao  estado  Sueco de social-democracia. 

Era madeirense e o nosso fascismo era de outra natureza, sendo católico e filho de um militar, nem ouvía falar de luta anti-fascista, nem o regime era na Madeira denominado como fascista, aparentemente, vivíamos tão sossegadamente que comemoravamos o 1ºde maio,como uma grande festa popular, na Quinta do Palheiro Ferreiro ,pertencente a uma família tradicional inglesa - a família Blandy, e para melhor colorir o quadro, até o filho do chefe da PIDE, meu  colega no Liceu,  era alegre e porreirissimo, o que banalizava o nome  dessa PIDE, como algo que tinha a ver com alguma coisa na área policial internacional e defesa do estado, e, para mim, madeirense,  nada disso tinha a ver com prisão de pessoas por discordarem de Salazar, ou da guerra em África que se inicia, quando tenho 12 anos,e sobre o que falo aos meus colegas dos aspectos militares, ficcionados, da invasão Indiana à índia portuguesa. Era filho de militar sabia da coisa. 

(Ainda me recordo dessas queridas e belas fantasias, sobretudo da minha ideia sobre o que seria uma metralhadora-pesada. Concebia-a como um grande recipiente redondo que ao rodar libertava umas bombas tipo pequenas laranjas, que rebentando matavam muita gente... coisas...)

Assim, foi correndo a minha vida. Em 1969, estou na Academia Militar, revejo-me  em Marcelo Caetano  de que tinha lido alguns textos que escreveu como Comissário nacional da Mocidade Portuguesa,  sobre os jovens, com o que muito me identifiquei. 

Todavia, no meu curso de Artilharia tenho um camarada de Chaves, o H.P., que tem outras ideias, e começo a dar-lhe muita atenção,aliás, sempre olhei o mundo em meu redor,e interpreto o que vai acontecendo,foi assim que me afastei da Igreja Católica, depois de ter sido  um católico praticante. Vivi em estado percepcionado e sentido como de graça durante anos, com missa diária e dois cursos de cristandade para jovens - onde nunca me confessei perante todos. Fui na juventude Escolar Católica (JEC) secretário diocesano com o Padre Vidal, que creio que depois acompanhou o bispo de Évora, D. Teodoro,  que conheci-o,  como monsenhor na diocese do Funchal.

Todavia é com a minha ida para a guerra, e já mesmo com a chegada à vida militar no terreno que começo a descobrir as grandes contradições do sistema.

 Na guerra descubro,o que é um regime injusto, indigno, violento e corrupto.Anoto-o  no meu diário  de guerra,e em 13 Novembro 1972,alerto num aerograma, escrito ao meu camarada C. P., que  em 1973, aquando do nosso regresso à metrópole deviríamos dar a volta à situação politica-militar. Para mim a guerra estava perdida.

Regresso em 1973, está em marcha o movimento dos capitães, entretanto, começo já na guerra a olhar a Suécia e a Dinamarca como países outros,onde, aconteciam outras coisas que não eram só o amor livre e o topless, mas desenvolvimento,bem-estar e outras realidades que não existiam em Portugal, e,assim, vou-me apercebendo que o regime também era negativo em Portugal, pois tinha de comprar livros por debaixo do balcão numa livraria no Cais do Sodré,  de tal sorte que tudo isto, faz da Suécia  uma referência forte,e,assim,  na carta que escrevi para coordenadora do movimento dos capitães dizia que  com o nosso movimento desejava para Portugal  a implantação de um sistema politico do modelo social democrático dos países nórdicos; Suécia e Dinamarca, mas acrescentava, adaptado a Portugal e aos Portugueses.

Ora este desejo nunca se realizou, e quando hoje evocam que Eurico de Melo foi um verdadeiro social-democrata,  num partido profundamente social-democrata, isto, é um grande nada, porque nem o PPD/PSD, nem o PS são partidos sociais democratas, pelo menos de acordo com a matriz nórdica

O PSD é um partido tradicionalista, continuador do marcelismo,ou seja, de defesa dos interesses das famílias tradicionais com uma aliança preferencial com a igreja católica, e que recorrendo por um lado a figuras parternalistas regionais, como Eurico de Melo, padrinho de casamento de  não sei quantos afilhados,  e, a outras figuras, como Cavaco da Silva,  Dias loureiro, Isaltino Morais,João Jardim, Duarte Lima, Valentim Loureiro, Santana Lopes, Durão Barroso, Martques Mendes, Miguel Relvas, Passos Coelho, Marcelo rebelo de Sousa faz uma grande misturada de liberalismo, populismo, perversidade,  jogos de interesses que o segura no poder , para servir os grandes interesses capitalistas, embora a sua base  social de apoio seja o Portugal profundo conservador que não sabe dos negócios do PSD,mas bebe-lhe a doutrina social conservadora, muitas vezes destilada do alto dos púlpitos.

Este PPD/PSD é de facto a evolução do Marcelismo sem Revolução, como Marques Mendes se referia aos 30 anos de evolução pós 25 de Abril - matéria que discuti nas aulas de introdução às Ciências Sociais,na Escola Superior Politécnica do Exército, o que levou um aluno a  incompatibilizar.se comigo ( o aluno com o professor,e não o professor com o aluno, de quem guardo um trabalho importantíssimo,sobre os MEMES,ou seja, os genes culturais)

O PSD é um partido tradicional que na fase actual pela sua completa colagem à politica de Merkel vai vender o pais  ao estrangeiro, e depois vai  rifar ou vender os portugueses como escravos, mas não sei bem aonde, e,não estou a dizer que seria, ou se deveria continuar as políticas erradas iniciadas com Cavaco da Silva e continuados pelos sucessivos governos do PS, no interesse da Alemanha,dos portugueses ricos e,aparentemente, só aparentemente, como se está a ver,  dos consumidores compulsivos.

O PS  é outra mistura do género com Varas, clientelismo, gente a viver das tetas do OGE, corrupção, liberalismo-social, com umas franjas sociais-democratas sem poder, o que,quando se aproximam do poder fazem através de gente velha que,como revela Medeiros Ferreira e outros, já esquecidos, traem o seu melhor amigo, para serem candidatos a cargos políticos de destaque.

De facto a tragédia portuguesa é não existir nem o partido liberal que Santana Lopes quis formar, nem um social democrata, cuja emergência mais segura seria através de uma revolução interna no PS, o que, muitos consideram impossível, porque o aparelhismo nos partidos é tão ditatorial que não é possível, em nenhum, qualquer mudança interna, e assim, reproduzem-se num sistema de reprodução simples até que a entropia os rebente e o país expluda com eles.

Concluindo pode o Sr.Marques Mendes e todos os demais considerarem o sr. Eurico de Melo um grande Português,um empreendedor nortenho, um grande amigo, mas um grande social-democrata nem ele, nem nenhum outro português que tenha exercido elevados cargos políticos, porque se o tivessem sido teriam deixado uma herança que nos teria de aproximar mais das Suécias e menos das Suazilândias, como tem acontecido, sobretudo desde a saída do general Eanes da presidência da República.

andrade da silva


PS:E se duvidas houvesse o código de trabalho aprovado permitindo o aumento da carga de trabalho com maiores dificuldades para a organização da vida de quem trabalha, e diminuição dos vencimentos, bem como confisco de alguns vencimentos revela que este PSD,esta trioka e este PS nada têm de sociais democratas e uma vez mais nada disto tem a ver com a avaliação do mérito e o despedimento com justa causa.


Aos familiares e amigos de Eurico de Melo os meus sentimentos.

3 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Capitão;se andarmos a correr atrás das referências dum hipotético modelo, na realidade inexistente, arriscamo-nos a não chegar a parte nenhuma.
O Modelo Português teria que ser de tal forma, que levasse em consideração a posição geográfica, a cultura e a ausência desta, a bondade inegável do povo português e os seus defeitos também.Teria que apoiar-se na Historia de Portugal e fazer alianças sem cair mais nos erros do passado.
Tenho uma simpatia profunda pelo comunismo e embora tenha muitos amigos no PC E NENHUM 0 DIREITA,não estou inscrita em partido nenhum, nunca estarei, por motivos vários. Reconheço no PC uma honestidade sem limites, um espírito de sacrifício sem igual e sem a mínima ideia de beneficio próprio: ou colectivo, ou nada.
Mas reconheço que o ser humano não é perfeito, e por maior que sejam os esforços nao se atinge a perfeição, numa sociedade violenta e corrupta. Formar e aperfeiçoar mentalidades requer muitas gerações de ensinamentos e de progresso gradual, dando vez às prioridades, o que significa que numa sociedade onde ainda hà quem tenha fome, nao pode haver para uns quantos carros de luxo ou equivalente. Isso é o que cria tantas antipatias contra o comunismo, porque o ser humano nao está educado, nem moram nem afectivamente para compreender que a Sociedade é um todo e que tudo se reflecte nela.
Claro que ao lado da porcaria dos sucessivos governos portugueses que trazem o País pela lama, o modelo sueco é muito melhor. Mas vamos nivelar o futuro de Portugal pelo menos mal, ou queremos o melhor e mais perfeito, mesmo que mais trabalhoso, para a nossa Pátria?
é urgente reflectir em todos os pontos.Porque há tantos suicídios desde sempre nos países nórdicos, fenómeno que só de há pouco se verifica como epidemia em Portugal, graças ao diabólicos e sucessivos governantes em que o Povo Português tem votado!
então? em que ficamos? A reflectir... me parece o melhor e profundamente! com todo o Amor que Portugal; A Terra nos merecem
com abraço amigo Capitão

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Marilia

Nada nasce do nada,tudo é consequência de. O caminho faz-se fazendo e de facto depois de iniciado o processo, no que me empenhei foi na aliança Povo-MFA,a democracia directa, mas esta é outra história, é do pós 25 de Abril e pouco tem a ver com esta e muita outra gente.
abraço.

andrade da silva disse...

O suicídio nos países nórdicos e os actuais em portugal,estão nas suas causas sociais estudados por Durkheim desde o século 19, nas chamadas correntes suicidogenicas, mas como referi já mesmo antes do 25 de Abril falava numa adaptação nunca numa aplicação mecânica. De qualquer modo desconheço neste momento incidência dos suicídios naqueles países, mas em termos sociologicos refere-se que quando já se alcamçou tudo,ou se penssa que sim ,isso pode tornar a vida uma rotina e a questão do suicídio põe-se,todavia já para durkheima questão do suicido se ponha nos momentos de crise.

Tenho falado e noticiado sobre os que escolhem o Tejo para partirem e ninguém deles fala. Sobre isto vou ver o que se pode fazer com outros colegas a nível da ordem dos psicólogos,
abraço