SOU
" a quem sente o que sinto, quando vos falo"
" a quem sente o que sinto, quando vos falo"
sou sempre,
mesmo, quando já não sou.
sou átomos de:
sal, sol, mar,
montanhas, flores.
sou madeirense.
sou x e y.
sou estranho,
entre as garbosas gentes,
as ditas...
sou mordido,
por mil alcateias,
mas resisto, como posso,
por vezes, já nem aguento mais,
mas, mesmo assim, resisto,
prossigo o caminho,
em direcção ao inalcansável horizonte,
sempre, sempre longe,
mas está lá -
chegarei!
sou vento bonançoso,
pela manhã, ao beijar as pétalas.
digo bom dia - Amor!
ou como aquele ser estranho da Ajuda,
quiçá louco,
quiçá sábio,
quiçá Deus ou Deusa,
que nos saúda:
bom dia Alegria!
quiçá nada,
ou mera alucinação minha:
estarei louco, já, ou quase?
Fico vento de tempestade,
tufão que uiva,
quando o velho morre na rua,
abandonado,
de morte celerada.
Sou a adúltera do Irão,
assassinada pelos talibãs,
porque amei outro homem,
nas barbas daqueles mafarricos, impostores,
nem diabos de verdade são,
são piores, são pechisbeque.
Vive comigo o stresse do mundo,
a volúpia da mulher que se oferece:
dá amor e corpo,
não regateia.
baixinho, digo-lhe - Deusa!
e morro.
sou quem procura e não encontra
o pais liberto com luz, amor, encontro.
sou o que não existe,
nunca existiu, ou existirá.
todavia existo nas ruas, nas vielas, nas cidades
contigo minha irmã, meu irmão.
minha amante , contigo somos sempre um,
somos sempre - o nada que existe
e o tudo que existirá,
quando a lua e o mar
virem que amamos,
consequentemente,
como o mais luxuriante dos peixes.
o tudo e o nada somos nós:
tu, madrugada, o tudo;
eu, o crepúsculo, o nada.
Mas sou, mesmo quando já não sou,
e não sei... quiçá... mas?....
14 de Abril 2010
asilva
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