quarta-feira, 27 de novembro de 2013

ATT PORTUGUESES - PERIGO!

 

Alerta

Grita filha ! há uma aranha
Na brancura da parede
Que peçonhenta tamanha
Vai tecendo sua rede.
Grita filha !
Essa fobia
É protecção natural
Contra a aranha sombria
Que além de símbolo
é mal !
Grita com todas as forças !
Grita porque há mesmo perigo
Essa aranha uma cruz negra
é o pior inimigo.
Por meu amor não te cales !
Grita filha
Tua mãe
Impele-te pra que fales :
Contigo grito também !
Essa aranha que se estende
Tem o passo marcial
Com fúria que surpreende
O incauto em voz fatal.
Grita filha
O bicho imundo
Sai vertiginosamente
Da sombra vinda do fundo
Em veneno de serpente.
Tal a jibóia medonha
Enrola-se abraça o mundo
Pra ir crescendo em peçonha.
Introduz-se em toda a parte
Tudo corrói e desfaz
É inimiga da Arte
Do Ser Humano da Paz.
Grita filha !
Mas tão alto
Num grito tão verdadeiro
Que desperte em sobressalto
O que não quer ver primeiro.
Essa aranha pestilenta
Odeia a própria Cultura
Em fogueira que alimenta
Livro após livro censura.
Opõe à Humanidade
A sua força brutal
Por onde ela passa invade
Mata o constitucional !
É um monstro repelente :
Primeiro ataca o mais fraco
Para ir seguidamente
Oculta em cada buraco
Destruir a Liberdade.
Inimiga da diferença !
Grita !
Minha filha Grita !
Faz ouvir tua presença.
Aponta o bicho feroz
Mostra-o sacode os amigos
Com a força da tua voz !
Grita !
Esse enredo de perigos !
Grita filha ! Desta vez
Esse grito é racional
Porque essa aranha é o não
Ao direito Universal.
Sem medo abre tua boca !
Grita alto ! Grita forte !
Porque toda a força é pouca
Para lutar contra a morte.
Grita ! Grita minha filha
não te cales nunca mais :
não se veja outra Bastilha
Prendendo os próprios jornais !
Que teu grito seja infindo
Circule dê volta ao mundo
Jovem voz entusiástica
Erguendo o povo profundo
Contra a bandeira suástica.

Marília Gonçalves



1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

Este poema, quando foi escrito, a situação era já trágica, teria sido muito bom, para todos, que o que este contém ficasse desatualizado e que este não mais tivesse, necessidade de ressurgir. Despertai pois, para que os versos nele inscritos, percam actualidade!
Marília Gonçalves