quarta-feira, 29 de outubro de 2014

05 - POEMÁRIO * Nostalgia





Mais um Inverno frio nos deixava…

Mais uma Primavera prometia…

E sempre uma esperança pontilhava

de estrelas este céu que se fechava

ao rútilo esplendor dum claro dia!



E sempre esta esperança que morria

em cada frustração que nos matava!

E sempre o desespero arremetia

na força renovada que nos dava

a Fénix que das cinzas renascia!



Ai, tanto se morria e renascia!

E sempre esta esperança acalentava.

Que fértil terra de húmus e porfia

a força dava à força que faltava

nas horas em que a vida mais doía?



De sangue e desespero se amassava

o pão que noite adentro se comia!

De sol a sol, o corpo tudo dava

a troco duma jorna que minguava

enquanto o desespero mais crescia.



Ah, mas, na sombra, a noite murmurava

enleios, numa terna melodia!

E antes de adormecer, já madrugava

nos versos da canção que prometia

livre e fraterna a terra que chegava!



Chegava a Liberdade que cantava

lusíada, em feliz polifonia,

o fim do pesadelo que matava

no dia todo em luz que despertava

a vida que chorava de alegria!



O pátrio povo em armas devolvia

o berço que das trevas libertava

ao povo que sem armas acudia.

E um povo todo irmão se estremecia

no imenso e terno abraço que se dava.



Navegar é preciso, prometia,

agora que o viver se precisava!

Nos braços embalada, a pátria ouvia!

E quanto mais ouvia mais se dava

ao sonho que se ousava e florescia.




José-Augusto de Carvalho
27 de Outubro de 2014.
Viana*Évora*Portugal

2 comentários:

andrade da silva disse...

Carvalho o dia inteiro assim foi:

O pátrio povo em armas devolvia

o berço que das trevas libertava

ao povo que sem armas acudia.

E um povo todo irmão se estremecia

no imenso e terno abraço que se dava".

Vieram os corvos,os alçapões e a Pátria é vendida a pataco e o seu povo feito escravo.

aquele abraço
asilva

José-Augusto de Carvalho disse...

Querido Amigo, como posso esquecer o dia mais feliz da minha vida?
Mil anos eu vivesse, que não diluiriam a gratidão por tamanha dádiva.
Repetindo: bem-hajam para todo o sempre aqueles que ajudaram um povo a entrever a esperança na dignidade.
A História se encarregará de julgar os responsáveis pela desgraça que vivemos.
Abraço fraterno e sempre grato.