domingo, 4 de outubro de 2015

05 - POEMÁRIO * O meu jardim





Na construção do meu jardim gastei a vida toda.

Sob um caramanchão de versos e verdores,

um dia, celebrei o azul da minha boda.



No céu, ardia o sol. As uvas, já maduras,

sorriam o delíquio ardente dos sabores

em taças de cristal ornadas de nervuras.



Não quis no meu jardim o mito da maçã.

De carne e sangue, quis meu corpo a palpitar

rubores de romã no orvalho da manhã.



E assim fiquei rendido ao êxtase de ser

um fio de cristal ansiando pelo mar,

no altar deste meu chão de angústias, a correr…





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 4 de Outubro de 2015.

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