sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

POLITICAMENTE INCORRECTO.







NOTA biográfica:


Um texto TREMENDO ,SÁBIO; CORAJOSO; HONRADO; NA HORA ,COMO EM ABRIL 74, do meu camarada coronel  JAAL.  É um muito nobre e honrado cidadão- militar,  um camarada de longa data,  no Exército e no MFA, que nos idos de 1976 me apoiou, quando estive preso na Trafaria , e depois do "muito Democrático e Nobre " golpe do 25 de Novembro 75, JAAL  , como alguns outros,os que foram apontados a dedo para serem queimados nos fogareiros do ódio,em Novembro de 1985, depois de todos os processos do 25 de Novembro encerrados, ainda, foi julgado no Tribunal de Tomar.. coisas



O menos mau dos sistemas políticos é a democracia.

Será mais um mito?

“É aquele que  permite, em liberdade e segurança, o governo dos mais aptos de forma a garantir a prosperidade das   forças sociais” li ontem num diário.

Liberdade e segurança?Os mais aptos? Prosperidade de quem? Dúvidas e mais dúvidas.
Onde muitos conseguem distinguir o governo do povo,vejo eu um modelo de organização  através da qual partidos  entram em competição para ocuparem o poder durante um certo período de tempo estabelecido. Estas competições repetem-se regularmente.

 Todos os cidadãos, dos mais ignorantes aos mais informados, têm direito a manifestar o seu voto( mesmo que desconheçamos candidatos). Estes direitos derivam das designadas liberdades civis, de expressão, de reunião de manifestação.

No fundo o sistema acredita que cada cidadão é um ser bem formado e medianamente informado. Mas, mesmo que o não seja, tem o mesmo direito a influenciar a escolha que os outros.

Nem sempre assim foi.As mulheres suíças só foram consideradas cidadãs a partir de 1974. Idem para todos os portugueses e mais tarde ainda para os nossos hermanos.
Sobretudo após a queda da URSS e do muro de Berlim  o número de democracias aumentou de tal maneira que alguns pensaram ser “O Fim da História” politica
.
Aparentemente contraditório é o facto do cada vez menor crédito dado aos políticos e aos próprios processos democráticos ou ainda o facto da própria EU estar longe de se reger por estes processos democráticos.

Há muito que se sabe que um regime só funciona bem quando existe um equilíbrio entre o Poder do Estado e a Sociedade Civil e o fiel desta balança chama-se Justiça ( económica, social etc..)

Os desvios deste fiel da balança, para o comum dos mortais, só são passiveis de  observação  através da comunicação social , jornais, televisões e redes sociais.
O poder organizado sabe disso.

Não só os partidos e outros grupos paralelos e transversais a eles, mas também o poder financeiro e o de algumas grandes potencias mundiais, tentam manipular e vigiar todas as noticias ou simples trocas de informação passiveis de os prejudicar ou beneficiar .Sáo raras as agências noticiosas, canais de Tv e outros meios de difusão , que pertencem ao Estado

O terrorismo e outro tipo de crime violento, ajuda-nos a admitir a intrusão na nossa esfera privada. “1984” não é ficção.Perde-se voluntariamente liberdade em troca de segurança. Todos os movimentos podem ser rigorosamente vigiados ( grande filme aquele dos comboios…)

Por outro lado a corrupção, que sempre existiu, hoje é divulgada ao segundo,  sobretudo quando se zangam as comadres ou quando decorrem épocas pré-eleitorais ou ainda quando se  pretendem abafar noticias más para nós com outras que nos servem melhor.

A justiça dos tribunais é ainda mais importante que a económica e engloba-a.
Também ela se globalizou.

Por vezes lenta e muito armadilhada pela legislação, tem que se socorrer de peritos e informações internacionais, diligencias sem fim que adiam permanentemente as sentenças sobre os poderosos ou os que pertencem a grupos organizados de procura do poder.
Neste mundo global tudo é possível, até mesmo a verdade!

Os donos disto tudo querem deter o poder de conhecer e influenciar a verdade, porque querem decidir o caminho e o objectivo, salvar os seus e o “seu”.

Os Estados-nações vêm perdendo poder desde a época da dama de ferro inglesa e daquele actor americano, passando pela dupla Blair-Bush.

Desregularam-se as economias para atingir um liberalismo sem sentido.

Este sistema democrático permite eleger os seus inimigos.

 A cultura greco -romana-cristã elegeu como chefe do seu maior país  um “bárbaro”, um Obélix que ainda não deu conta da extinção dos javalis.

Esta perda de poder tem também a ver com a incapacidade da cultura ocidental impor os seus valores, direitos e deveres, aos emigrantes que  a procuram para melhorar as suas vidas ou fugir ás guerras que devastam os seus países. Que o digam as mulheres árabes, acompanhadas pelas suas famílias,cujos direitos nada melhoram quando recebidas nesta Europa.

Desregularam-se as economias para atingir um liberalismo sem sentido.
A ideologia escondeu-se envergonhada, ela própria parecendo surpreendida pelos acontecimentos, talvez esperando dias mais claros.

Os ricos  enriquecem cada vez mais, 1% da população mundial possui 99% da riqueza, uma concentração impensável há pouco tempo.

O avanço tecnológico permite ainda maiores lucros a quem possui capital, e vai gerar cada vez  mais desemprego nas profissões tradicionais. É a produtividade medida ao chip e livre de impostos

A riqueza gerada é guardada em paraísos fiscais cuja acção  é aceite como perniciosa por todos sem que se fale nas possibilidades dos Estados se oporem a esta sangria.
A família desagrega-se face à globalização,Os caucasianos limitam a prole e fazem contas aos anos para sobreviverem como grupo natural.

A incapacidade das instituições dá-nos uma sensação de impotência, por vezes sentimos a mudança sendo incapazes de ver o caminho. Para onde vamos?

A sociedade civil contemporânea rompeu com o passado, esqueceu os valores tradicionais e privilegiou o espectáculo . A noção do tempo e do espaço alterou-se com as novas tecnologias de comunicação, vimos guerras em directo como se fossem  jogos de vídeo, abater pessoas com drones como se fossem bonecos.

A cultura submeteu-se ainda mais ao consumo e ao individual. Na industria cinematográfica os efeitos visuais substituíram os sentimentos, abunda a violência e o terror

Os conflitos tradicionais (religião/laicidade; leste/ocidente; social- democracia/comunismo; proletariado/burguesia) deixaram de ter prevalência.

O ocidente cristão envergonhou-se de o manifestar face aos crimes da própria igreja; as ideologias sublimaram-se e as lutas de classe deixaram de ser tidas como tal. O proletariado quase desapareceu e floresceram novos assalariados na burguesia que, face ao desenvolvimento acelerado da robótica e da IA também terão os dias contados.

Os sindicatos defendem hoje o proletariado especializado( maquinistas, operadores de robótica , camionistas etc..)- e a média burguesia( funcionários públicos, enfermeiros, professores, médicos..)

Por outro lado começaram a ter força as preocupações ambientalistas, a falta de água, o degelo,a extinção de algumas espécies animais. A sucessão anunciada de catástrofes é alimentada pela comunicação social que faz delas umespectáculo de deuses enfurecidos.

A  preocupação com os direitos do homem, da mulher, dos negros, dos gay, das crianças, dos alunos, dos animais um sem fim de direitos, e de poucos deveres acrescento eu, fez aparecer o chamado “politicamente correcto”.

A Autoridade tornou-se difícil de exercer: dos pais perante os filhos, dos professores perante os alunos, da policia enfrentando os prevaricadores, porque  advogados e jornalistas viram aparecer um nicho de oportunidades profissionais, sobretudo nos EUA , mas também na Europa.

 Hoje em dia podemos ser acusados de racistas, xenófobos, machistas,etc.. por “ dá cá aquela palha” se manifestarmos opinião contrária á do nosso interlocutor e este não tiver outros argumentos ou pretender denegrir a nossa imagem.

Quem não se adapta corre o risco de ser ostracizado e nas sociedades democráticas é fácil através de acções mais ou menos populistas captar os votos de quem permanentemente não é ouvido. Daqui ao advento dos nacionalismos é um passo.

Mesmo as preocupações mais justas podem adquirir distorções facilmente manipuláveis se contiverem exageros moralistas ou desaquados aos tempos.

Políticos e advogados sabem manejar estes dados como ninguém. A comunicação social dá-lhes a palavra a todo o momento. Há excepção daqueles, só outros comunicadores, artistas contratados, preferencialmente do meio, podem ter acesso a entrevistas ou debates
.
É uma pescadinha de rabo na boca 

Neste mundo em mudança, onde o espectáculo e a tecnociência tomaram a dianteira do desenvolvimento, é difícil perceber para onde vamos. Nada será como antes
.
Na democracia, tal como existe serão eleitos os que tiverem o poder de dominar os meios de promoção da sua imagem e disserem aquilo que os arredados da opinião publicada, os politicamente incorrectos, pensam
.
Não tarda nada serão plutocracias encapotadas.

JAAL

PS:

SE MUITOS DE NÓS, OS QUE ÀS 3H do 25 de ABRIL 74, MARCHAMOS FALÁSSEMOS, SERIA UMA TEMPESTADE, PORQUE MUITOS QUE APANHARAM O COMBOIO NÃO ESTAVAM NA ESTAÇÃO ÀQUELA HORA!

asilva









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