terça-feira, 2 de abril de 2019

PRIMAVERA DE ABRIL





Da nossa jovem companheira Raquel Cetra - Uma Força e esperança de Abril.... somos todos capitães.


PRIMAVERA DE ABRIL
A brisa da Primavera, ainda que de mansinho, já se sente no ar e abril vem chegando devagarinho… As civilizações clássicas marcaram-no na história como um mês de vitórias, conquistas e de criação, e para nós, com um carinho profundo é aquele abril.
Tantas vezes sonhado e desejado, quanto te esperavam! Aquele abril, o abril em que tudo se tornou possível, foram quase cinquenta anos de opressão, de incompetência, de miséria e de tantas lágrimas derramadas por tantas mães, pais, esposas e filhos junto às embarcações que partiam para a guerra e tantas outras sobre a bandeira da Pátria que confortava muitos dos que partiam para um sono eterno. Bandeira essa que era esperança de um amanhã melhor do que ontem, para todos. Todos sofreram no corpo e alma, os desejos a que o Império os voltou, e que ainda hoje são muitas vezes ignorados pelo poder político de uma democracia que ajudaram a plantar. Foi neles que Portugal colocou a sua esperança, ou não tivessem as suas fardas a cor simbólica da mesma. Com a "coluna das Caldas", apesar do seu desfecho, entendeu-se que estes homens estavam dispostos a oferecer tudo à liberdade: A sua vida, a sua liberdade, a sua segurança pondo em risco até as suas próprias famílias, em nome da liberdade e do país.
Aquele nosso abril, foi feito por esses homens que contrariaram os Velhos do Restelo (foram tantos os teóricos que nunca entenderam que todos eles já eram há muito capitães e assim continuariam, lado a lado), venceram o Adamastor, mesmo em desvantagem numérica. Mas a história que tanto nos ensina, já nos tinha mostrado que a desvantagem numérica não era sinónimo de derrota, porque o grande Mouzinho de Albuquerque também conseguiu vencer mesmo em desvantagem numérica o combate de Macontente... É neles e para eles que deixo a minha profunda admiração e respeito, por ter conhecido apenas a liberdade.
Aquele nosso abril adornado de cravos ainda causa um arrepio e deixa uma voz trémula quando se vêm as imagens desse dia. No Largo do Carmo ainda conseguimos ao fechar os olhos ouvir aqueles gritos roucos de vitória, cheirar a primavera nos cravos, sentir as lágrimas de alegria e aquela voz ao megafone a pedir a rendição, sem medo e seguro… Apelidaram-no de capitão sem medo, Salgueiro Maia um dos nossos capitães…
Mas também foi aquele abril em que a mágoa nos tolda o peito e nos deixa sem palavras porque Salgueiro Maia nos deixou. A bandeira que tantas vezes saudou e guardou com a vida, abraçou-o uma última vez e deixou-o ir ao som da “Grândola Vila Morena”, já lá vão 27 anos…
Capitão…. Estamos presentes! Estamos todos presentes! Dispomo-nos em formatura e esperamos as suas ordens, continuamos a segui-lo hoje e sempre, porque aquele nosso abril vive e viverá. Ele vive e viverá e o capitão também, mesmo que agora seja apenas nos nossos corações..."
Texto de Raquel Cetra

Sem comentários: