terça-feira, 8 de julho de 2008

AH, VELHA EUROPA!




EUROPA SOCIAL, EUROPA DOS CIDADÃOS

O deputado José Seguro, no artigo de opinião do Expresso de 5 Julho, faz uma síntese muito criativa e coerente do que, na sua opinião, seria necessário fazer-se para irmos além da Europa do circo do consumismo, e atingirmos a Grande Europa politica, a Europa da coesão social, do desenvolvimento, de que, cada vez mais, nos afastamos, como ele próprio reconhece, e salta à vista por mais míope que se seja. Revejo-me nesta posição e dou todo o meu esforço para a Construção da Europa do humanismo, da Construção da Paz, e do Progresso. De acordo com o pensamento de José Seguro também já defendi, numa reunião internacional realizada pelo Instituto de Estudos Estratégicos, que esta Europa só pode ser construída com os cidadãos europeus e as nações Europeias. Todavia hoje, como naquela altura, há quem pense o contrário. Há quem pense que os eleitores não percebem nada de tratados e Acordos, como dizia um antigo secretário da integração europeia, na altura daquele evento presidente da Assembleia Municipal do Fundão. Se os eleitores são ignorantes, porque referendar estas complexidades burocráticas? Seria suficiente que os eleitores vissem o benefício que, segundo o optimismo dos líderes, existiu com a integração de Portugal na União Europeia. O diabo é quando os eleitores não vêm com o mesmo optimismo as vantagens, então o caldo entorna-se, e temos porrada e, ou divórcio, normalmente ambos os males. Mas também o argumento dos benefícios, que é justo sublinhar, não têm seguido na sua distribuição uma lógica social, ou sequer de economia produtiva. Contrariamente as ajudas financeiras têm sido distribuídas de um modo injusto, e, por vezes, completamente incompreensíveis para usar uma linguagem soft, mas que os vários processos por uso indevido das verbas dos fundos europeus, são a tal ponta do iceberg de um mundo, onde, se diz, que há muitas irregularidades, mas que nunca são objecto de uma investigação profunda, ou mesmo que chegue em tempo útil aos tribunais. Defendo a urgência deste diálogo com os europeus e as suas Nações, pelo que é lamentável que a oportunidade da aprovação do tratado de Lisboa não tenha servido para esse objectivo, o que, Seguro não sublinha com a ênfase que devia, porque ao remeter-se a ratificação do Acordo de Lisboa para a Assembleia da República se adiou para as calendas gregas esta discussão. Confortável na sua maioria e na ratificação do tratado nos parlamentos, o governo português nada fez para esclarecer os portugueses ou os cidadãos europeus, durante a sua presidência da EU, sobre a Europa do presente e do Futuro. Com ou sem tratados, sem um PROJECTO MOBILIZADOR que saia das questões institucionais, sem líderes à altura de vencer a completa guerra de destruição total do Estado Providência para o privatizar no interesse dos grandes empresários e banqueiros, a EUROPA que conhecemos e amamos, corre um sério risco de implosão e, ou explosão social, integrando-se já não no grande Império Americano, mas sim no da Grande China. O problema social e económico é sério, como diz Daniel Bessa, e se, em Portugal e na Europa, não se governar melhor com politicas que promovam a Europa social e dos cidadãos, negros dias nos esperam. É verdade que ninguém quer falar disto pelo menos por duas ordens de razões, ambas oportunistas: uns por causa do jogo eleitoral; outros, porque, como sempre, têm o cravo, agora, guardado no bolso e a palavra no saco, para depois de passar a borrasca dizerem que são os beneméritos da Nação e os grandes defensores e produtores das grandes transformações sociais, o que, lado a lado, com a muita dor que aí vem são as constantes históricas do comportamento desta gente e deste país. Deste modo se dá plena razão a todos os neo-totalitários que para aí se pavoneiam e ocupam todo o espaço da semi-democracia, quando dizem que há uns ber.. mer.. de uns idealistas que querem salvar quem não quer ser salvo, e preferem o statu-quo da imobilidade ao sobressalto de tentar mudar. Interessa também dizer que apesar da baixa probabilidade destes impostores perderem, é preciso barrar-lhes o caminho e dizer aos que hibernaram que a BORRASCA QUE ANDA POR AÍ PODE SER MUITO SÉRIA. A INTELIGÊNCIA E A PAZ ACONSELHAM A ESTAR ALERTA E A AGIR.

Andrade da silva
8 Julho 2008

1 comentário:

Jerónimo Sardinha disse...

Caro Andrade da Silva,
Como sempre, atento e pertinente ao e com, o problema nacional.
Tens razão. António José Seguro, é desde a juventude, uma das maiores promessas políticas do nosso pobre espaço. A prova da sua honestidade intelectual é por demais vísivel, na inconveniência de tratamento e no afastamento a que é votado pelos "tubarões". Se, sempre o eterno e português "se", não se desvirtuar pelo caminho e lhe permitirem espaço, será sem dúvida, um grande dirigente, coisa que dúvido, pois a verticalidade é inimiga de negociatas e corrupções.
O seu destino, se continuarmos no mesmo trilho político, será um apagamento maior do que o actual.
Tem a seu favor a juventude, o que nos pode dar alguma esperança.
As tuas análises são sempre oportunas e um gosto ver o denodo e juvialidade com que te bates. Estamos do mesmo lado e isso é bom (para mim), assim tivessemos mais tropas nas hostes.
Obrigado e um grande abraço.
J.Sardinha.