quinta-feira, 25 de setembro de 2008

05 - POEMÁRIO * Terra sagrada




Nos campos perdidos, as pedras resistem.
Vestígios passados, no tempo presente.
As ervas medrando, silvestre semente,
viçosas gritando que nunca desistem...

As pétreas ruínas, no chão decadente,
são marcos, são ais, são sinais que persistem
nos tempos danados que fingem que existem,
são esta agressão a doer indecente...

Nas ervas que medram, assombra a saudade
dos louros trigais, na promessa do pão
que a fome sacia na ceia suada...

Ah, tempos danados de mediocridade!
Ah, terra sagrada! Que profanação
assim te sujeita às grilhetas do nada?


José-Augusto de Carvalho

22 de outubro de 2004
Viana do Alentejo * Évora * Portugal

1 comentário:

Jerónimo Sardinha disse...

Caro Zé-Augusto,
Evocações gratas.
Imperecível realidade.
E as pedras gritam, ninguém as ouve.
E as bocas famintas vão se calando na voragem do consumismo letal.
Grande abraço.
Jerónimo Sardinha.