quinta-feira, 4 de setembro de 2008

13 - REFLEXÕES DE G.F. * O estado da nação


Política, do grego politiké - «governo da cidade».
O estado da nação é uma expressão que os senhores políticos e afins utilizam e que pretende (?) ser uma análise das múltiplas problemáticas que constituem o todo da vida da Cidade. E, aí, discorrem sobre a Instrução, sobre a Agricultura, etc., etc.
O ponto de interrogação posposto à flexão verbal pretende releva a dúvida sistemática decorrente das decepções a que sempre me habituaram estes mesmos senhores políticos e afins, tenham sido ou sejam eles Antónios, Joaquins ou Josés.
Excluído pela resultante do seu voto, a que delega nos senhores políticos e afins quer a análise quer as subsequentes medidas a tomar, ao cidadão comum apenas resta a condição de observador na análise e de destinatário das consequências presentes e futuras das medidas tomadas.
Nos dias de hoje, o cidadão comum tem o direito de manifestar oralmente ou por escrito a sua opinião, se bem que os meios de comunicação social apenas cedam o seu espaço a quem muito bem entendem. E aqui se coloca a questão velha e sempre actual de quem tem voz e de quem não a tem.
Como cidadão comum, permito-me levantar, aqui e agora, neste espaço, um problema, melhor dizendo, uma situação que eu considero ser um problema.
Vem sendo noticiada em todos ou quase todos os meios de comunicação social a transferência de um futebolista. E citam-se quantias deveras elevadas, pagas por um clube estrangeiro, para obter o concurso do nosso compatriota. E ainda que este irá ganhar diariamente mais do que ganham num ano de trabalho alguns outros cidadãos. E do alarido dos tais órgãos da comunicação social não vislumbro uma palavra de censura a tamanha enormidade nem ao «estado a que isto chegou». E por “isto” entenda-se a situação da Cidade. Deficiência minha, certamente.
Sei que este caso é um entre muitos que já ocorreram. E também sei --- ah, se sei! --- que o pântano continua…
Naturalmente, esta situação só espantará quem já se esqueceu --- e não há tanto tempo assim! --- de que um governo da Cidade comparticipou com milhões para a construção de estádios de futebol de uns quantos clubes, logo espaços desportivos privados e evidentemente indisponíveis para todos praticarem esse desporto ou outro qualquer possível nesses mesmos espaços.
Que motivos ponderosos terão determinado esta decisão do governo da Cidade, ignorando os visíveis problemas de bem público ainda sem resolução?
Aqui fica a pergunta.
E que contas dão aos cidadãos os senhores políticos e afins enquanto autores de atentados destes ao erário público?
E depois deste atentado á condição humana do cidadão comum, outro atentado à inteligência avulta: a do cidadão comum, ele mesmo, se associar ao escândalo prestando vassalagem a estes valentaços do pontapé na bola, que sustentam, como igualmente sustentam tudo e todos que gravitam à volta destes lumaréus de efémera mas altamente rendosa existência.
E assim vamos, democraticamente…

Gabriel de Fochem
Lisboa, 3 de Setembro de 2008.

2 comentários:

andrade da silva disse...

Caro José Augusto

O mundo está cego,louco e alienado, no caso em que fala há pessoas que para ganharem o que esse jogador ganha num mês precisam de trabalhar 3 anos, mas haverá casos em que os que ganham o salário minimo precisariam de trabalhar muitos mais para conseguirem o mesmo patamar.

Mas ninguém interroga esta loucura, dizem que é o mercado a funcionar com a regulação que caracteriza estes tempos.

Como Manuel Alegre diz, e bem, o actual sistema global não está desregulado, existe sim a regulação que interessa aos grandes banqueiros e emprsários, e não interessa nada aos países e às pessoas mais pobres.

O Mundo está esquizofrénico, para o que não há cura, porque não se conhece a etiologia, ou seja, neste caso, porque se deixam as pessoas enganar tanto, até parece que nisso têm prazer?

Será que os poderosos lançaram para aí algumm virus que nos tornou esquizofrénicos e a eles não, porque antes se protegeram?
Estou em crer que sim. É uma mera crença e não uma prova, claro....
andrade da silva

Anónimo disse...

Boa tarde, prezado Andrade da Silva!
Diz quem sabe, e eu confio, que os Homemns, e não só, são uma resultante do meio. Logo, conhecer o que ou quem domina esse mesmo meio será a tarefa urgente.
Como sabemos, anulando a causa, estará eliminado o efeito.
Claro que o poeta Manuel Alegre tem razão. É uma ilusão supor a existência de desregulação. Em qualquer sistema, há normas. E estas tanto podem ser aceites como impostas por quem tem poder para tal.
Tratando-se, pois, de uma questão de Poder, é este e apenas este a causa da situação.
Grande abraço.
José-Augusto de Carvalho