quinta-feira, 23 de outubro de 2008

05 - POEMÁRIO * Quase uma oração



Saudade, palavra linda,
a que me abraço, hora a hora...
Porque tarda a vossa vinda?
Ai, quanto mais tempo ainda
a cruzada vos demora?


Ah, meu amigo, que espera
no tempo que me avassala!
Ah, viçosa primavera
que, em mim, solitária gera
ânsias que o pudor me cala!


Que Deus a salvo vos tenha,
na sua divina mão!
E a desventura detenha,
p'ra que no peito eu matenha,
a bater, meu coração.


Meu Deus, meu Deus, dai-me alento!
De mim tendes a inocência!
Ai, que esta dor que alimento
seja, na massa, o fermento
do pão da vossa clemência!


José-Augusto de Carvalho
22 de Outubro de 2008.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal
Do livro a publicar:
O MEU CANCIONEIRO, Parte II, Cantigas de amigo

6 comentários:

Jerónimo Sardinha disse...

Senhor Vate,
Estava a ver, que navios ficávamos a ver !

Obrigado Zé-Augusto, por partilhar estas coisas belas com os amigos e com o mundo.

Grande abraço,
Jerónimo Sardinha.

José-Augusto de Carvalho disse...

Grato pela benevolência da apreciação, meu querido Amigo Jerónimo.
Abraço fraterno.
José-Augusto

andrade da silva disse...

Caro José Augusto

Um grande abraço por tão bela e preciosa dádiva.

abraço
asilva

Ana Daya disse...

Repito o comentario que enviei ontem:

Impressiona-me como os sonhadores (sim os poetas sao sonhadores) conseguem exprimir os sentimentos em poucas palavras; considero ainda mais dificil escrever desta forma sobre a amizade.

MUITO bonito!
Ana Rute

José-Augusto de Carvalho disse...

Meu prezado Andrade da Silva, a minha gratidão por ter apreciado este meu texto que faz parte de um volume que concluí e já está no editor aguardando a luz do dia. Como reparou, esta colectânea a que chamo «O meu cancioneiro», pretende ser um a recriação dos cancioneiros medievais, onde, como sabemos, estão guardadas pérolas da aventura poética portuguesa.
Grande e fraterno abraço.
José-Augusto

José-Augusto de Carvalho disse...

Boa tarde, prezada Ana Rute!
Muito grato pela sua apreciação.
Talvez os poetas sejam, antes, pessoas que não perderam a capacidade de sonhar. E como disse Gedeão, «sempre que o homem sonha, o mundo pula e avança».
Os meus cumprimentos.
José-Augusto