Quem assistiu, noite dentro, ao debate entre Obama e Mccain, de certeza que não teve dificuldades, mesmo antes dos comentadores atribuírem a vitória televisiva a um ou a outro candidato, ao apreciarem o sorriso e a leveza do modo de falar de Obama, dançando com o discurso, contra o modo pesadão de Mccain que, por vezes, pareceu-me um toiro desembestado, numa arena à procura de uma tábua de salvação, de dar a vitória a Obama, vitória indiscutível.
Quanto ao conteúdo das propostas politicas há de facto diferenças, embora ambos reconheçam a crise do modelo americano não apresentam as mesmas soluções. Ambos, consideram importantes as questões da energia, da saúde, do ambiente. Para Mccain não há prioridades, tem de se trabalhar nas três áreas ao mesmo tempo (?), para Obama há prioridades. Todavia Mccain deixou claro que na defesa não pode haver cortes.
Obama defendeu com toda a clareza que a sua primeira prioridade é a energia e a independência financeira dos EUA, defendeu que a grande potência não pode depender do dinheiro dos chineses e da energia da Arábia e da Venezuela. Defende uma panóplia de medidas que leve os EUA a serem auto-suficientes energeticamente em 10 anos, com o recurso ao nuclear e às energias alternativas.
A sua segunda prioridade é a saúde, com medidas que parecem ter efeito a médio prazo, o que leva, Mccain a contra-argumentar que um doente americano precisa de ser tratado desde já, e não pode esperar, o que parece sensato, para o que dá a cada família americana um cheque de saúde de 5000 dólares, medida muito discutível, porque pode esconder muito negócio.
Obama abre o Serviço Federal de Saúde dos congressistas aos que quiserem, medida importante; obriga, ainda, à clarificação das apólices, o que conhece pela experiência dolorosa da sua mãe, conhecimento este que parece crucial, e que dá uma dimensão de excepcional acuidade à medida; finalmente obriga as PME, e os pais, em dadas condições, a fazerem apólices, sob pena de punições, o que jogando com a política fiscal pode tornar estes procedimentos viáveis. Parecem boas medidas, embora seja discutível, se a prioridade não deveria ser a 1ª?
Obama revela maior sensibilidade aos problemas sociais, defendendo que os cortes nos programas não podem ser feitos à machadada, com cortes iguais para todos, mas cada um deverá ser visto e adequado às necessidades mais prementes da sociedade americana, o que, parece justo e correcto. A mesma atitude humanista se reflecte, como intenção, na política de fiscalidade, com o agravamento das taxas sobre as grandes fortunas, e um abrandamento da carga fiscal sobre os que vivem com alguma a muita penosidade. Promessa?...
Obama, ainda, manifesta uma grande convicção na importância da formação profissional dos americanos, Mccain, nesta área, baseia mais o seu discurso em artefactos simbólicos, como o americano é o maior do Mundo, ponto, logo consegue tudo. Toca nas coisas e tudo se transforma. É um discurso tipo pinóquio.
A nível da politica externa Obama faz uma aposta clara no multilateralismo, Mccaim abandona também o isolacionismo de Bush, mas parece que defende a guerra a todo o vapor contra o Irão e uma atitude mais dialogante com o Paquistão. Obama defende o diálogo com o Irão e uma atitude mais firme com o Paquistão por causa do Afeganistão, primeira prioridade para ele, a nível da politica externa, o que, também me parece correcto. Nesta área o Falcão Mccain torna-se pomba em relação ao Paquistão e Obama o falcão, interessante!
Do ponto de vista militar Mccain agarrou-se muito ao Gen. Patreus. Pormenor, para mim, muito interessante, porque em 7 de Outubro 2007, numa conferência na Escola de Saúde Militar, defendi essas mesmas doutrinas a que tinha chegado sem antes ter lido o General americano, ou seja, defendi a grande importância das ciências sociais nestas guerras pela Paz.
Poucos ligaram ao assunto, posteriormente falei destas perspectivas ao sr. General CEME, ao Sr. General Loureiro e ao Sr. General Ramalho Eanes, todos mostraram interesse pela matéria, tendo mesmo o Sr. Gen. Loureiro dos Santos dito que futuramente nas suas crónicas trataria do assunto.
Não sei se o fez, mas que nunca mais ninguém quis me ouvir é uma realidade, e, entretanto, contra as necessidades da nossa civilização e das forças militares portuguesas, sobretudo as especiais, nós saímos, rabo entre as pernas, do Afeganistão. Será que só sabemos fazer barragens policiais nas estradas, em zonas de menor risco que em bairros limítrofes de Lisboa? Ora que grande coisa!....
Embora sem acreditar muito que o mundo americano mude muito, ou algo significativo com Obama ou Mccain, o meu voto vai para Obama, até porque nestes debates Mccain tem escondido, segundo os analistas, a sua personalidade terrivelmente colérica, o que associada à de igual índole de Sarkozy não será nada aconselhável, isto, para além da personalidade assombrosa e assombrada da sua vice.
andrade da silva 12 Out. 08
PS: EM PORTUGAL PERANTE UM PAÍS DE CÓCORAS COM OS PARTIDOS DE ESQUERDA ALGURES PELAS BERLENGAS E OS DEMOCRATAS À CATA DOS SALVADOS, OS COVEIROS DA LIBERDADE, DO DESENVOLVIMENTO E DA JUSTIÇA SOCIAL DRIBLAM UMA VEZ MAIS O POVO DE ESCRAVO A CANGADO, E EM VEZ DE SEREM RÉUS QUEREM SURGIR COMO ANGÉLICOS SALVADORES. MISERÁVEIS!
GENTES DE ABRIL! O QUE VOS TORNA TÃO COBARDES?
2 comentários:
Caro Andrade da Silva,
Boa análise do que parece ser a nova patetice americana.
Não tenho as tuas certezas sobre os artistas. Tenho a sensação, sempre que os vejo e ouço, de que escondem algo. Algo importante. Os dois. Cada um de sua forma e modo. Os interesses de ambos coincidem, só as estratégias diferem.
Obama parece mais súbtil, logo mais perigoso para o futuro.
McCain é um atirador maluco, que o barulho dos tiros deixou louco. O homem não consegue transmitir concisão nem coerência aos seus projectos e ideias, ficando-se pelo americanismo balofo e tradicional. Será mais um Bush, com outro discurso e impante ar ditatorial.
Francamente, não estou muito virado para a preocupação americana.
É muito preocupante e premente que a espécie a que chamam Europa, acerte o passo rapidamente. São alarmantes os sinais que o capitalismo evidência para a retoma, se calhar pouco pacifica, da actual crise e que se vai dar no imediato a sentirem os problemas, que criaram e de que beneficiaram, resolvidos.
E nós por cá ...
2009 vai ser um bom ano para ajuízar, definitivamente, da sanidade dos portugueses e das "coisas" políticas que temos.
Ah ! Quanto a vices americanos, a senhora a que te referes, está bem para o país e povo que se propõe elegê-la. Ex-misse, ex-casada, ex-inteligente. Dará uma boa "peça".
E, depois, já vistes o que vai ser ?
Eu, convidado a visitar a Casa Branca e ser recebido por tal vice ?
Rói-te !
Grande abraço de amizade e companheirismo e mais uma vez os meus parabéns pelo artigo.
Jerónimo Sardinha.
Caro Jeronimo
Antes escrevi que 2009 seria um ano sui-generis para Portugal, ou se dá um grande pontapé no rabo de todos estes neo-liberais e sanguessugas das gentes, ou, então, lá para o ano 3000 haverá novidades.
Mas com os partidos a montarem arraiais nos mesmos campos, e a cercarem todos os que não estão nas suas fileiras e não têm a benção dos secretários gerais o poder vai ficar nos mesmos quiçá sem maioria absoluta, com os tais 18 a 20% de votos à esquerda o que em primeiro lugar esses partidos celebrarão como suas vitórias políticas.
Todavia se algo mudar será pouco,porque é preciso uma movimentação muito mais ampla à esquerda, sobretudo à esquerda humanista, europeista, democrata, republicana,que gosta da liberdade e dos prazeres da vida, e que não se revê mais no PCP, mas também no BE, mas que os poderiam apoiar se estes partidos se abrissem mais à sociedade, o que também é válido para o PS se os socilistas e soiais-democratas do PS retirarem o poder absluto aos neo-liberais que hoje os dirigem.
Para um melhor futuro penso que seria bom que estas ideias tivessem seguidores, mas só como neste cantinho falamos é evidente que tudo para bem dos demo-ditadores, será melhor que ninguém nos oiça.
TÊm muita sorte e sabemos porquê, as vozes incómodas com matéria de fundo estão cercadas, não podem causar dano.
Abraço
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