quinta-feira, 30 de outubro de 2008

PREOCUPAÇÃO !


Desde há muito tempo, que neste espaço, em fóruns e em tertúlias, venho alertando para o facto da conjugação de circunstâncias e sinais, nos encaminharem para algo, que parece ser natural neste país pequenino, mas que eu, liminarmente, rejeito.

Surge agora Loureiro dos Santos, general, entidade que ocupou os mais altos e responsáveis cargo na hierarquia, a lançar o mesmo aviso e já de forma algo dramática.
Loureiro dos Santos, Espírito Santo, Barrento, Rocha Vieira, etc., são homens que detiveram os mais altos e influentes cargos de responsabilização e decisão militar, influindo ou podendo influenciar e muito, toda a política para o sector, o que levaria a repensar, de alguma forma, alterações profundas em toda a governação nacional. Em diferentes épocas e com diferentes actores.
Não tendo tomado medidas de fundo enquanto intervenientes, podendo com um simples “murro na mesa”, obrigar a recuar ou a alterar muito do que os sucessivos governos foram decidindo e transformando em leis, mais ou menos absurdas, com absoluto prejuízo, desprestígio e até achincalhamento da coisa militar, com profundos reflexos na sociedade, posto que, os governos, ao sentirem que os agentes militares se “encolhem”, tendem a considerar que estarão defendidos pelos mesmos, para todas a avançadas que fizerem sobre a sociedade civil.

Vir agora, quando comodamente numa reforma dourada (sim, porque não podemos comparar as pensões destes senhores com as dos majores ou coronéis e muito menos com as dos sargentos ou praças), gritar que se vive um clima perigoso, de insatisfação e que pode ter consequências activas nas camadas mais jovens, atirando a memória para casos de insubordinação como por exemplo o 25 de Abril de 1974, parece lirismo, perigoso, mas somente lírico.

Desde Novembro de 1975 que digo, que a todo o momento se pode contar com um 28 de Maio, se não forem tomadas medidas sérias e justas, por parte dos homens que dizem governar.
As ameaças agora denunciadas ou prenunciadas por aquele e outros oficiais generais, vão exactamente nesse sentido.
Quer dizer. Enquanto agentes influentes e de influência, puseram o brilho da farda ao serviço do poder e agora, libertos que estão, desse jogo de hipotética obediência, já pode ser perigoso e ter consequências, tudo o que se está a passar.
Deixem-me que lhes diga, que desde sempre foi perigoso e que continuará a ser muito perigoso, a falta de coragem e de verticalidade dos homens, para dizerem não, quando em lugares de decisão.

Voltando ao princípio, o que tenho alertado, é esse mesmo perigo. O de um novo 28 de Maio.
Temos um país fértil em “pequeninos” Pinochet’s, que não irão desdenhar trair, como aquele, se virem chegada a altura de “subir o palanque”.
E não me venham dizer que isto é um oásis de heróis. Vivo cá há sessenta e tal anos, estou atento ao que se passa e só consigo contá-los por dois ou três dedos. Lembremo-nos, de que até por batatas nos vendemos !

A tornar muito mais séria esta conversa, vieram de imediato as Associações de Sargentos, primeiro e de Oficiais depois (como sempre), dizer que sim. Que o clima que se vive é muito instável e que não surpreenderia que algo acontecesse.
Que novidade, meus senhores.
O que realmente surpreende, é que se deixem amesquinhar até ao ponto presente e só agora acordem.
Um golpe de estado nunca foi um acto expontâneo. Foi sempre maturado no tempo e na insatisfação ou na vaidade.
E só em casos de excepção trouxe benefícios ao país ou aos cidadãos.
É óbvio que não advogo a defesa de um golpe e muito menos o surgimento de uma ditadura, sempre violenta e cega.
Não tenho porém, a mínima dúvida de que Portugal não pode continuar como vai, nem pode continuar a ser governado por gente desta, nem com estes objectivos.

É PRECISO MUDAR !

COMO ?

Tão simples meus caros concidadãos.
Em 2009, vai haver ELEIÇÕES !
Eis a grande oportunidade de fugir a ditaduras, a violências sociais e a escravaturas mascaradas.
Basta, respeitando a CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, escolher ou rejeitar através do voto. É assim que funciona uma democracia.
E os militares também votam, podendo influenciar positivamente nos seus círculos.

Saibamos o que queremos. Evitemos em tempo, que um novo 28 de MAIO nos surja pela porta dentro.

PORTUGAL NÃO O MERECE !
O POVO NÃO O MERECE !
A JUVENTUDE NÃO O MERECE !


Jerónimo Sardinha
30Out08

6 comentários:

José-Augusto de Carvalho disse...

Boa noite, meu prezado Jerónimo!
Atendendo aos múltiplos afazeres que se abateram sobre mim desde 2 de Março último, não ouço-vejo os noticiários com a frequência que desejaria. Exactamente por este motivo, que o meu querido Amigo conhece bem de perto, não me apercebi de quanto refere.
Claro que tal não me impede de expressar a minha opinião sobre esta preocupação.
Sempre entendi que o Povo-Militar, emanando do Povo-Civil, é parte integrante deste. E que bem andou em 25 de Abril de 1974 quando gritou «basta!» aos desmandos dos políticos da época.
Reposta a democracia, a que assistimos?
Viver em democracia não se limita ao cumprimento de um ritual, de quatro em quatro anos.
Viver em democracia é participar na coisa pública e jamais ficar à mercê de todas as angústias de sobrevivência que continuam.
É assumido que 2 milhões de portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza. Ora 2 milhões é um quinta parte des Povo-País. É esta desgraça que nos dá a democracia que dizem existir em Portugal desde 1974?
E os desequilíbros insultuosos de rendimentos mínimos e máximos?
E os vencimentos principescos vs vencimentos de miséria? E as reformas milionárias vs reformas de fome?
É esta a democracia que merecemos?
Pois é...
Abraço fraterno.
José-Augusto

andrade da silva disse...

CARO JERÓNIMO e Todos

PORTUGAL precisa de mudar, a Europa precisa de mudar,o mundo precisa de mudar, tanto aqui se grita,desde há muito, para a DEMOCRACIA E A LIBERDADE, mas estas só se constroem com democratas e homens livres.

Quem um dia maltratou, não respeitou as leis da República para perseguir um homem livre, não pode nunca ser arauto de nenhuma esperança, mas sim de terror, fora de um estado de liberdade.

No 25 de Abril de 74 defendia que o chefe da revolução deveria ser o capitão mais valoroso.

Hoje, defendo que o povo tem de se libertar dos COVEIROS DA PÁTRIA E DA LIBERDADE. Mas penso que assim não será, face
à verdadeira crise que se vive que é do HOMEM,como um dia destes por aqui direi.
asilva

andrade da silva

andrade da silva disse...

Em DEFESA DA VERDADE

Tendo conhecido muito bem que ao longo de mais de 3 décadas o ódio ao "rapaz" de Abril não sofreu qualquer quebra, o que é muito sintomático e significativo do que é o conceito de estado de direito para alguns, seria um erro meter toda a gente no mesmo saco.

Houve CEMES bem diversos e há diferenças significatias entre uns grupos e outros, por exemplo ouvi o Sr. Gen. Cardoso a fazer uma apologia muito clara à personalidade sem mácula de Salazar, e este senhor foi chefe do Serviço de Informações nesta estranha forma de democracia.

Há algo de muito estranho nos ares de PORTUGAL, mas é no MOVIMENTO DE CIDADÃOS LIVRES MILITARES E CIVIS QUE RESIDE A SOLUÇÃO. 2009 será um teste, mas as alternativas têm de se desenhar com clareza, o que....
asilva

Jerónimo Sardinha disse...

Meus Caros Amigos,
Parece que em boa verdade se está a mexer num vespeiro !
Assim temos que;
- 35 anos depois do "putch" militar que tomou o nome internacional de 25 de Abril de 1974, tendo criado no povo português (pelo menos em algum), a esperança de uma viragem, para melhor, na sociedade portuguesa e consequentemente, na qualidade de vida, se assiste hoje a um drama que ultrapassa os dois milhões, há quem diga que já atinge os três milhões, de pobres, muito pobres, na indigência ou a caminho dela.

Alegremente, assiste-se a governos esbanjadores, tomando as mais disparatadas decisões, sempre em prejuízo do cidadão comum, mas criando ou aumentando condições de excepção para um extracto privilegiado.
A disparidade entre o auferido mensalmente, varia entre o inimaginável, os 50/80 mil euros e em escala descendente, acelerada, atinge-se o ridículo dos 400/600 euros.
As reformas e pensões, escandalizam entre os 35 mil ou mais euros e os 80 ou 200 euros mensais.
Entre o funcionalismo, a tropa, as forças de segurança e os magistrados, passa-se o mesmo. Verificam-se reformas de 7 ou 10 mil euros, vindo em escala descendente acelerada até aos 800 ou 1500 euros mensais.
Em Portugal já não há empresários ou industriais. Sempre houve poucos e parcos. Temos sim uma classe de patrões, rodeada dos seus acólitos mais próximos, que recebendo umas migalhas maiores, têm por imperativo evitar danos, incómodos e prejuízos aos seus donos, sacrificando, expoliando e escravizando os seus iguais, de entre os quais saíram, para se vender por lentilhas. Grandes. Mas sempre lentilhas.

Quando em período conturbado, estes senhores, militares ou civis, juntam-se à turba ululante que reivindica e gritam aos quatro ventos que pode haver insegurança, por causa das condições que eles próprios criaram ou ajudaram a criar.

Com o passar dos anos, fomos percebendo que de revolução nada tivemos. Se alguma revolução houve, foi intestinal e há muito que é cólite agravada e crónica.
Percebemos, nas 24 horas seguintes a 25 de Abril, que afinal os heróis, não eram heróis. Os três ou quatro que o foram e estiveram ao lado do povo, foram esmagados pela peso da bota dos outros. Dos que afinal eram "donos daquilo". Foram eles que receberam louros, laúdos públicos, comendas e honrarias. Mas com uma condição. Não fazer espuma, nem permitir que outros a fizessem. A qualquer preço. Os que desobedeceram, perceberam cedo qual o seu destino e hoje, o cidadão comum, nem sequer sabe qual foi o seu nome.

Assistimos a pides ilibados e louvados pelo seu zêlo e mérito e homens da "revolução" presos, afastados ou fugidos.
Antigos ministros dos governos fascistas, de novo ministros (da democracia, ou dita). Os tais grandes patrões com as suas empresas de volta, com a correspondente e desavergonhada indemnização, para as puderem vender livremente, aos espanhóis.
Os bancos, que não "banqueiam", mas se banqueteiam com grosseira especulação, a que o governo se associa, com o dinheiro da segurança social do povo (dita falida), permitindo-se perder ,milhões e milhões de euros, de um dinheiro que não é seu, nem lhe foi emprestado.

A tudo isto assistimos impávidos, lerdos, estudificados, aplaudindo qualquer figurão que se não sabe quem é, donde veio, que ideias tem ou o que sabe fazer, mas que se propõe ser nosso "dono" pelo período mais longo possível, substituindo o outro "dono", que também lá chegou pela mesma via.

Posta esta pequena amostra, acham os meus amigos e pacientes leitores, que o PAÍS, O POVO, A JUVENTUDE, merecem isto ?

Como se diz na minha terra, "melhor sorte nos dera Deus".

Grande e nostálgico abraço,
Jerónimo Sardinha

andrade da silva disse...

CARO JERÓNIMO

O teu coração é do tamanho do Mundo, poucos o têm desse tamanho, os corações da maioria quando existem são bem mais pequenos, a maioria nem sabe o que é isso do coração, só o conhecem para medir a tensão para poderemn sacanear mais uns quantos.

Ser sacana é dom genético é um certificado de garantia para viver muitas , muitas décadas, porque até hoje tem sido a maldade universal a comandar o mundo, e por isso a selecção natural escolhe os genes que mais sofrimento possam produzir. É a regra, e que poderão ums jeronimos fazerem, muito pouco ou nada, mas devem fazer esse muito pouco porque esse é o seu dever moral e de cidadania, julgo que será assim?

O 25 de Abril,o 25 de Abril, o 25 de Abril... que grande sonho, mas tudo se tornou impossível ou se converteu no seu contrário a descolonização desembocou numa guerra civil, o desenvolvimento veio a dar neste escândalo criminoso do neo-liberalismo com corrrupção generalizada, mas sem corrruptos e nesta democracia em que o povo anestesiado, cangado e submetido à mentira vencedora dos podorosos e à vergasta dos capatazes não tem alternativa, e, por isso, entre uma coisa e outra escolhe a mentira, temporariamente, confortável dos poderosos.

Estará tudo perdido?
asilva

José-Augusto de Carvalho disse...

Este texto do nosso querido Amigo Jerónimo Sardinha, pela sua importância, teve o condão de desencadear vários comentários.
O denominador comum dos comentários é o desconforto a que chegou o estado deste Povo-País, que resvala desgraçadamente para o declinar da esperança anunciada pela madrugada do distante Abril de 1974.
Tememos que a desilusão se instalou. E com ela a perda da esperança de se encontrar um rumo que nos permita chegar a um porto seguro qualquer.
É sabido que a primeira solução será a de definirmos o que queremos. Trinta e dois anos de governos constitucionais não será tempo bastante para concluirmos que não resultam as prospostas ensaiadas?
É urgente reflectir sobre o «estado da nação» e de determinar quem provoca este malandar.
Não cabe neste comentar uma reflexão sobre tão graves questões, mas cabe nele um repto: vamos reflectir juntos e antes que seja tarde de mais!
José-Augusto de Carvalho