sábado, 1 de novembro de 2008

A LOUCURA DO NATAL




Suprema maravilha do ser,
que se desprende
e nos surpreende.

Sinal divino,
anunciando,
a chegada do Deus menino,
Uno e Trino.

Alegria misteriosa,
Beleza mais formosa,
Suave oração de amor,
Suavizando,
toda a dor.


Filipe Papança

4 comentários:

andrade da silva disse...

CARO FILIPE

Obrigado.
Sou madeirense e como tal trago dentro de mim uma "lapinha", ou seja, o Natal todos os dias.

O Natal da amizade, da fraternidade, da liberdade e da igualdade de direitos e o da festa, como o conhecemos na Madeira, é de todos os dias, e também é Natal, quando um homem quiser, como se diz na canção.
abraço amigo
asilva

Jerónimo Sardinha disse...

Caro Filipe,
Obrigado por mais este momento de beleza, ternura e inquietação dos sentidos.
Continue.
Nós agradecemos e apreciamos com carinho.

Abraço,
Jerónimo Sardinha

Marilia Gonçalves disse...

Vivam Companheiros

manda a verdade que se diga, para muitos de nós o perfume da infância
fusionou de tal forma com o do Natal
e esse dia inevitavelmente nos traz à mente lembranças de familiar ternura. perfume de ignorância de Inocênc ia de canela e baunilha e tangerinas despertam ainda em cada um o sonho de Paz de Fraternidade Universal essas tão desejadas tréguas que a lenda nos fazia crer se estendia mesmo aos animais bravios.
Por tudo isso no fundo um sonho lindo que ,os vem dos tempos meninos, compreendo que haja uma partilha Cultural a que se não pode escapar. Se um dia por ano, numa vida de Luta voltamos a ser crianças e a rever todos os que não estão mais e os projectamos sobre uma mais ou menos festiva mesa, donde nos vem o mal?
Aliás desde tempos imemoriais pela mesma altura os povos festejavam a chega da do inverno numa data compreendida entre o 17 e o 24 de Dezembro? Eram as Saturnais festejadas em Roma Antiga
As Saturnais simbolizavam a Liberdade pois todas as barreiras sociais eram banidas, escravos tomavam o lugar de seus amos,e as casas eram enfeitadas com ramagens.
Também no Irão antigamente se festejava Mithra deusa da luz.
E Assim pelo Mundo...
Consentir na idéia de que as festividades do Natal são recentes equivale a negar ancestrais Costumes e Culturas. A necessidade de Festividades explica-se pela necessidade de recuperar forças e coragem face às adversidades da vida. Ninguém suportaria um vida apenas onde o aborrecimento e o esforço tivessem lugar. A Festa vem trazer o colorido que falta tantas vezes ao dia que nos foge e do que temos consciência.
O que seria grave, isso sim é que nos esquecêssemos de todos os que tendo a mesma necessidade por razões materiais não têm possibilidade de se revitalizar pela alegria , nem um dia apenas, Esse tal Dia de Natal,ou então se cada um de nos fizesse ou quisesse que cada dia fosse apenas vivido em pândegas e esquecidos do progresso que nasce do esforço de cada um, pelo trabalho, pela participação na construção do Mundo e de cada País de cada região.
Que esse trabalho possa vir a ter lugar na alegria e m plena consciência de direitos e deveres, será ainda uma conquista e uma luta na transformação das mentalidades e na conquista constante de aquisição de direitos.
Despertos pois que até o direito à festa de forma colectiva é uma excelente razão de Luta e combate.
Porque alegres e conscientes seremos enfim fraternos
Marília Gonçalves
Dia de Natal
Hoje é dia de era bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.

É dia de pensar nos outros— coitadinhos— nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar aos nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
Entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangentes,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
e as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
e fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito,
como se o Céu olhasse para nós e nos cobrisse de bênçãos e favores.

A Oratória de Bach embruxa a atmosfera do arruamento.
Adivinha-se uma roupagem diáfana a desembrulhar-se no ar.
E a gente, mesmo sem querer, entra no estabelecimento
e compra— louvado seja o Senhor!— o que nunca tinha pensado comprado.

Mas a maior felicidade é a da gente pequena.
Naquela véspera santa
a sua comoção é tanta, tanta, tanta,
que nem dorme serena.

Cada menino
abre um olhinho
na noite incerta
para ver se a aurora
já está desperta.
De manhãzinha,
salta da cama,
corre à cozinha
mesmo em pijama.

Ah!!!!!!!!!!

Na branda macieza
da matutina luz
aguarda-o a surpresa
do Menino Jesus.

Jesus
o doce Jesus,
o mesmo que nasceu na manjedoura,
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.

Que alegria
reinou naquela casa em todo o santo dia!
O Pedrinho, estrategicamente escondido atrás das portas,
fuzilava tudo com devastadoras rajadas
e obrigava as criadas
a caírem no chão como se fossem mortas:
Tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá-tá.

Já está!
E fazia-as erguer para de novo matá-las.
E até mesmo a mamã e o sisudo papá
fingiam
que caíam
crivados de balas.

Dia de Confraternização Universal,
Dia de Amor, de Paz, de Felicidade,
de Sonhos e Venturas.
É dia de Natal.
Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade.
Glória a Deus nas Alturas.

António Gedeão

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Jerónimo Sardinha disse...

Que me perdoe,

Filipe,

Mas não posso deixar de saudar a nossa companheira de "outras lutas", Marília.

O trazer Gedeão para o nosso seio, é bem seu. Bem da sua enorme sensibilidade.

Muito Obrigado Marília.

Abraço Companheiro,
Jerónimo Sardinha