sábado, 15 de novembro de 2008

05 - POEMÁRIO * Verbo





Desceu o verbo em luz. E as sombras, noite e treva,
cederam seu lugar a raios deslumbrados.
Do fundo da caverna, o espírito se eleva
e os longes ganha, aquém e além, iluminados.

Horizontes de espanto! Enleios de aventura
rasgaram os grilhões e os passos hesitantes
ensaiam, infantis, anseios de procura,
por campos de trigais maduros e ondulantes.

Princípio é este tempo --- o verbo conjugado!
A fome e a sede --- e viva a graça da alvorada,
numa conjugação de massa levedada
e vinho novo --- claro e livre --- embriagado!

E o tempo é todo o tempo o verbo que anuncia
o fim da sombra --- a luz que raia e aquece --- o dia!





José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo * Évora * Portugal
(In baú do esquecimento)

1 comentário:

Jerónimo Sardinha disse...

Caro Zé-Augusto,

Bela expressão dos anseios por tempos diferentes.
Anseio de sóis cálidos e extâses existenciais.

Para quando?

Para quando o homem for grande e souber ser igual.

Nesse tempo, morreremos todos, pois o homem deixou de saber produzir guerras!

Grande abraço,
Jerónimo Sardinha