Desceu o verbo em luz. E as sombras, noite e treva,
cederam seu lugar a raios deslumbrados.
Do fundo da caverna, o espírito se eleva
e os longes ganha, aquém e além, iluminados.
Horizontes de espanto! Enleios de aventura
rasgaram os grilhões e os passos hesitantes
ensaiam, infantis, anseios de procura,
por campos de trigais maduros e ondulantes.
Princípio é este tempo --- o verbo conjugado!
A fome e a sede --- e viva a graça da alvorada,
numa conjugação de massa levedada
e vinho novo --- claro e livre --- embriagado!
E o tempo é todo o tempo o verbo que anuncia
o fim da sombra --- a luz que raia e aquece --- o dia!
José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo * Évora * Portugal
(In baú do esquecimento)
1 comentário:
Caro Zé-Augusto,
Bela expressão dos anseios por tempos diferentes.
Anseio de sóis cálidos e extâses existenciais.
Para quando?
Para quando o homem for grande e souber ser igual.
Nesse tempo, morreremos todos, pois o homem deixou de saber produzir guerras!
Grande abraço,
Jerónimo Sardinha
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