domingo, 28 de dezembro de 2008

UMA RECEITA DE NATAL!










RECEITA PARA UM NATAL DOS POBREZINHOS

Natal de Juanito Laguna -António Bergi




Três gotas de calor sobre a raiz

daquela esperança ténue, quase morta,

pesadelos submersos na alma absorta,

raivas pisadas no almofariz




juntam-se a mil desejos imbecis

a cavalgar uma alegria torta

e aguarda-se que a sorte bata à porta

transportada num cântico feliz..




Disfarça-se o rancor à opulência,

coberto com farrapos de tristeza

num forno brando de miséria solta.



Sorrisos mendigados à consciência

distribuem-se, em cacos, sobre a mesa

enquanto a fome baila à sua volta.







Carlos Domingos


Dezembro de 2008

4 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Capitães de Abril

o Professor e Poeta Carlos Domingos autor deste d'entre um sem fim de poemas,
foi um dos presos políticos para quem as portas do cárcere se abriram por vossas mãos nesse Glorioso 25 de Abril de 1974
prisão onde entre outros “mimos” lhe ministraram uma tortura do sono de 13 dias!
Por isso e por tudo o que de Bom Humano e Justo Abril nos trouxe

VIVA O 25 DE Abril
VIVA A Revolução
25 DE ABRIL SEMPRE
FASCISMO NUNCA MAIS

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

A vós e por vós escrevi o texto Honra e Amizade. que editei.
Abraço
asilva

Marília Gonçalves disse...

ACUSO

Cavalo de vento
Meu dia perdido
O meu pensamento
Anda a soluçar
Por dentro do tempo
De cada gemido
Com olhos esquecidos
Do riso a cantar

Quem foi que levou
A ânfora antiga
Onde minha sede
Fui desalterar
Sementeira de astros
Que o olhar abriga
Por fora dos versos
Que hei-de procurar

Quem foi que em murmúrio
Na fonte gelava
Essa folha branca
Aonde pensar
Quem foi que a perdeu
Levando o futuro
Por onde o meu barco
não quer navegar

Quem foi que manchou
a página clara
Com água das sedes
Que eu hei-de contar
Quando o sol doirava
As velhas paredes
Da mansão perdida
De risos sem par

Quem foi que levou
Os astros azuis
Do meu tempo lindo
Meu tempo a vogar
Por mares de estrelas
Vermelhas abrindo
Quando minhas mãos
Querem soluçar

Não mais sei quem foi
só sei que foi quando
a noite vestiu o dia que era
E todos os sonhos
Partiram em bando
Fugindo de mim e da primavera

Mas há na memória
Da minha retina
A voz que se nega
A silenciar
Com dedo infantil
Erguendo a menina
Diante do réu
Em tempo e lugar!!!



Marília Gonçalves

José-Augusto de Carvalho disse...

Excelente soneto, prezado poeta!
Abraço.
José-Augusto de Carvalho