RECEITA PARA UM NATAL DOS POBREZINHOS
Natal de Juanito Laguna -António Bergi
Três gotas de calor sobre a raiz
daquela esperança ténue, quase morta,
pesadelos submersos na alma absorta,
raivas pisadas no almofariz
juntam-se a mil desejos imbecis
a cavalgar uma alegria torta
e aguarda-se que a sorte bata à porta
transportada num cântico feliz..
Disfarça-se o rancor à opulência,
coberto com farrapos de tristeza
num forno brando de miséria solta.
Sorrisos mendigados à consciência
distribuem-se, em cacos, sobre a mesa
enquanto a fome baila à sua volta.
Carlos Domingos
Dezembro de 2008
4 comentários:
Capitães de Abril
o Professor e Poeta Carlos Domingos autor deste d'entre um sem fim de poemas,
foi um dos presos políticos para quem as portas do cárcere se abriram por vossas mãos nesse Glorioso 25 de Abril de 1974
prisão onde entre outros “mimos” lhe ministraram uma tortura do sono de 13 dias!
Por isso e por tudo o que de Bom Humano e Justo Abril nos trouxe
VIVA O 25 DE Abril
VIVA A Revolução
25 DE ABRIL SEMPRE
FASCISMO NUNCA MAIS
Marília Gonçalves
A vós e por vós escrevi o texto Honra e Amizade. que editei.
Abraço
asilva
ACUSO
Cavalo de vento
Meu dia perdido
O meu pensamento
Anda a soluçar
Por dentro do tempo
De cada gemido
Com olhos esquecidos
Do riso a cantar
Quem foi que levou
A ânfora antiga
Onde minha sede
Fui desalterar
Sementeira de astros
Que o olhar abriga
Por fora dos versos
Que hei-de procurar
Quem foi que em murmúrio
Na fonte gelava
Essa folha branca
Aonde pensar
Quem foi que a perdeu
Levando o futuro
Por onde o meu barco
não quer navegar
Quem foi que manchou
a página clara
Com água das sedes
Que eu hei-de contar
Quando o sol doirava
As velhas paredes
Da mansão perdida
De risos sem par
Quem foi que levou
Os astros azuis
Do meu tempo lindo
Meu tempo a vogar
Por mares de estrelas
Vermelhas abrindo
Quando minhas mãos
Querem soluçar
Não mais sei quem foi
só sei que foi quando
a noite vestiu o dia que era
E todos os sonhos
Partiram em bando
Fugindo de mim e da primavera
Mas há na memória
Da minha retina
A voz que se nega
A silenciar
Com dedo infantil
Erguendo a menina
Diante do réu
Em tempo e lugar!!!
Marília Gonçalves
Excelente soneto, prezado poeta!
Abraço.
José-Augusto de Carvalho
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