sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

CARTA A UMA ALENTEJANA


Cara companheira ontem, como hoje, no nazismo, no salazarismo, no 25 de Abril e, ainda, hoje há tantas mulheres e tantos homens que foram esquecidos e deram o seu melhor pelo seu povo, e, por isso, pagaram um preço alto, e felizmente nunca se consideraram heróis.

A história repete-se, os que se servem do povo para o triturar e enganar, aparecem sempre como grandes heróis, são lobos disfarçados de cordeiros.

Conheci-os no Portugal de Abril, sempre aliados do capitalismo selvagem, a quem generosamente servem no seu interesse, e sempre, em cada 25 de Abril, são os primeiros a porem o cravo vermelho ao peito, e, para meu espanto, o Povo que perdeu algum dos seus filhos beija-lhes as mãos.

Mas quando mataram o Casquinha e o Parreirinha no Escoural não haveria o Conselho da Revolução? Não estava lá toda a gente do 25 de Novembro? Mas não seria 1ª ministra Lurdes de Pintassilgo e ministro do interior o Cor. Costa Brás? Então, como e porque os alentejanos enganados ou esquecidos abraçam os que não condenaram os assassinos de um jovem de 17 anos, o Casquinha.

Miseravelmente muitos já o esqueceram, consta na foto que ainda olho que era membro da JCP, na do Parreirinha, diz-se que era membro do PCP. Sou um independente, conheci-os, quis que fossem felizes, nunca os esqueci, mas porque os esquecem, será porque a Reforma Agrária foi completamente destruída?


Mas eles morreram por causa da Reforma Agrária, ora, se ninguém andou a enganar ninguém, eles são heróis, e, em qualquer caso, morreram, porque foram executados, por andarem a ocupar terras, e não por uma questão de legitima defesa. Eles nunca ameaçaram as forças da GNR, quer pelo número de militares desta força, quer pelo seu armamento.

Da minha parte não andei a enganar ninguém. Acreditava não no desvario, embora temporariamente justificável, por falta do adequado funcionamento do estado, da ocupação de terras, mas sim na reforma agrária a sul e a norte sobre o que escrevi em 76, em que defendia as cooperativas, mas propunha muitas mais medidas a nível do apoio técnico, da produção e da comercialização. Não são justificações, não reescrevo a história, são sonhos e utopias de então que mantêm-se actuais, como necessidades ao nível da Balança Alimentar,

Enfim, não entendo os comportamentos traidores, e isso trama-me duplamente. Os poderosos não me perdoam, e há outra gente que tem medo de outras verdades, para além das suas, ou pior, da sua e única verdade, mas sei que muitos alentejanos me estimam, e apesar de afastados continuamos no mesmo caminho, e, isto, é o quanto basta, é o tudo a que sempre aspirei.


Um grande abraço
andrade da silva

2 comentários:

Anónimo disse...

Abraço de solidariedade !!

andrade da silva disse...

Abraço
asilva