domingo, 12 de abril de 2009

ALEGRES FESTIVIDADES e BOM DOMINGO
















POESIA




Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

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de: Raul de Carvalho




Coração sem imagens

Deito fora as imagens,
Sem ti para que me servem
as imagens
Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica. Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu. Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém. Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te. Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei. Posso passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti. E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz


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