segunda-feira, 13 de abril de 2009























Aragem

Pelos livros que me ofereces
ou a música inspirada
onde estão todas as preces
laicas e silenciadas...
por enviares da distância
imagens sons e história
por me devolveres infância
além do fio da memória;
porque meu irmão teu gesto
é seara sementeira
do tempo que ao passar lesto
lavra a palavra colmeia;
porque um enxame de luz
borboleteia pra mim
no desenho ainda azul
do nosso país jardim;
cada livro é o caminho
cada som é nova estrada
a escrever asa no ninho
na minha árdua escalada
onde vou subindo a gosto
mesmo se a custo, porém
vejo ardentias de Agosto
no Janeiro que aí vem.

Ai arte, ai cultura
ai livros vontade
palavras ternura
na voz da saudade.

Ai vento, ai maré
Ò ai, sementeira
pois ser-se quem é
é uma maneira
de rasgar distância
de abrir pensamento
de espalhar cultura
nas asas do tempo.

Pelos livros que me ofereces
esse baú de palavras
cofre de imaginação
é que acordo tantas vezes
a ver crescer coração!

Marília Gonçalves


2 comentários:

Anónimo disse...

"Aragem"
Marília Gonçalves
De há muito que leio os escritos que publica, seus ou de outrem, quer prosa ou poesia que, muito sinceramente, tenho apreciado.
Jamais a felicitei, falha minha.
Hoje, em que dediquei o dia a ouvir música, por sugestão de um Amigo especial, automaticamente o pensamento foi fluindo e,caso curioso, sem nos conhecermos, pensei na Marília e percebi que nos tem transmitido algo, que para além de cultura e arte é sobretudo o desejo de que o Mundo em que vivemos se torne mais colorido.
Obrigada
Maria José Gama

Marília Gonçalves disse...

Viva Amiga
aqui deixo para si,poema meu,desses que escrevo a transbordar ternura,cansada de leoa sempre.
Mas se me bato e luto,pela PAZ é!!
pela Fraternidade e por esse direito magnífico à confiança e à partilha.
Andamos pelo tempo semeando o fruto que sabemos, não o provaremos nunca,
tal como o paciente plantador de uma oliveira que nunca verá adulta.
Corremos atrás de um sonho, pressentindo a sua concretização muito para além de nós...
Mas afinal o importante é resistir, e Resistir em boa companhia é sonhar ainda.
e com o abraço aqui fica o poema:

Ser livre amigo meu
ser livre apenas
ter voz saber dizer
o que anda a volitar em nós
e nos ensina a ser
ser livre amigo meu
escrever poemas
ir longe além do dia
e desfraldar as penas
em mares de poesia.
ser livre amigo meu
mas ser deveras
não calar o todo que nós somos
inventar primaveras
erguidas dos escombros
ser livre amigo meu
ser de verdade
aquela luz que fomos na infância
ser livre sem fronteiras e sem peias
ser livre e vencer nossos assombros
no dardo das colmeias
ser livre amigo meu
com tanta força
que o tempo se esgarce na vontade
da doçura da corça sorvendo Liberdade

Marília Gonçalves