Caro Nunes
Claro que, como Salgueiro Maia, em casa de quem conspirei e sempre o achei um homem generoso, embora o tenham manipulado, também, aos 25 anos, não dei tudo o que tinha, para que o 25 de Abril fosse uma auto-estrada para corruptos, oportunistas e vampiros sugarem todo o sangue das gentes, para isso já bastava o fascismo.
Mas falemos claro, aos 25 anos, da minha parte, não interveio nenhum factor corporativo de que fala, para aderir ao 25 de Abril, o mesmo em relação aos meus camaradas que não beneficiaram nada com o 25 de Abril. No meu caso saí da Academia Militar como o nº1 do meu curso, depois do 25 de Novembro 75 passei a ser um maldito, porque lutei ao lado do povo pele sua dignidade e por melhores condições de vida, o que ganhei com isso?
O amor de muitos populares, meus irmãos, o ódio dos latifundiários, a raiva dos democratas enjoados que me mandaram para a Madeira, a ver se a FLAMA ( Movimento Independentista da Madeira) e os bombistas chefiados por um meu antigo colega de liceu tratavam da minha vida ( denunciei-o ao governador Militar, Brigadeiro Azeredo, como não me deixei matar prenderam-me por dois anos, condenaram um inocente - mas só falam dos presos anti-fascistas -) e também o ódio mesquinho dos partidos que não aceitam que os cidadãos defendam as causas da justiça social fora das suas hostes. Essa gente não aceita a liberdade de pensamento, são intolerantes, têm medo que a generosidade que, eles próprios desconhecem, seja um vírus letal para as suas lideranças autocráticas, isto é, o espírito totalitário da inquisição, de D. Miguel, de Salazar são a matriz genética dos que exercem poder em Portugal. Que fazer?
Acusar o 25 de Abril desta perversidade é de facto algo que só pode resultar de uma análise apressada da realidade e da verdade. A situação é muito grave em Portugal, mas não é por causa do 25 de Abril, mas sim de toda a corja de oportunistas que o 25 de Abril trouxe no seu seio que só queriam fazer um golpe de estado, mas o povo e meia dúzia de militares animados pelo pensamento generoso do general Vasco Gonçalves não o pemitiram, e, então, houve que criar a ideia que quem discordava era do partido comunista.
Penso que o General Vasco Gonçalves nunca poderia ser um ditador, pelo que se o PCP ou outro partido quisessem instaurar uma ditadura não poderiam contar nem com Vasco Gonçalves, nem com outros, nem comigo.
De propósito têm-se confundido falta de direcção política e militar da Revolução com totalitarismo, isto é, uma certa anarquia como uma forma de subordinação ao PCP, o que da minha parte recuso determinantemente. Tinha e tenho pelo povo, nomeada e particularmente pelos trabalhadores e militantes de base do PCP a mais profunda amizade e consideração, porque são um filão de gente generosa, o que é a mesma realidade no PS, gente progressista e generosa, isto é, são o tudo que um ser humano pode ser, independente do seu partido, desde que este não exista para defender a injustiça social.
Caro Nunes e caros amigos já nascidos em Portugal depois do 25 de Abril, penso que Portugal não foi destruído no 25 de Abril, penso e vivi o Portugal anterior, durante 25 anos, pelo que também já tenho mais anos de democracia 35. Daqueles 25, 23 foram de conformismo católico e politico e destes 10, 11 de um puto relativamente feliz filho de um oficial do Exército que viveu sempre com dificuldades. Dizia-se que ser oficial do Exército era ter uma miséria dourada por causa dos galões. Nesta área para quem vive do seu vencimento nada mudou.
Todavia o Portugal daqueles tempos era também corrupto, só que disso ninguém podia falar, embora seja verdade que havia muito menos para roubar, daí que não desse tanto nas vistas. Denunciei esta situação em Novembro de 72, portanto aqui tudo se mantém, logo não vejo como pode um regime fascista, ditatorial, ser melhor que esta doente democracia.
Na minha opinião e pelas minhas vivências de completo desprezo por todos pelo fascismo, acho que só podia ser pior, entre tanta coisa refiro que, por exemplo o meu pai, capitão do exército, quando morreu, tinha eu, 15 anos, e esse maldito governo deu-me 100 escudos mês, com desconto de 1 escudo para o selo. Éramos 3 filhos, recebíamos 297 escudos mês, a pequena casa onde vivíamos tinha uma renda de 350 escudos, logo, sobre a bondade desse maldito regime estamos falados, ponto.
O meu 25 de Abril nada tem a ver com vampiros, nem com a perversidade humana. O meu 25 de Abril já não existe, porque também é um 25 de Abril interior que em Portugal e no mundo com o ódio que existe, e que se tornou o elemento estruturante das sociedades, talvez seja impossível, e eu um ridículo poeta ,um poeta menor, talvez mesmo tonto por pensar nestas coisas, mas continuo a insistir em pensar que hoje Portugal é melhor, e pode ser melhor com mais democracia, e sempre com liberdade, e, naturalmente, com direitos e deveres, e, naturalmente, com uma justiça que puna os criminosos.
Todavia penso como o Nunes que a corrupção, o oportunismo, a mediocridade, o amiguismo matam e estão a MATAR PORTUGAL, e nesta tarefa há muitos cúmplices, sobretudo entre os lobos disfarçados de democratas e militares de Abril que só se querem servir, mas seja como for temos um instrumento importante, embora muito condicionado para denunciar estas situações - a liberdade - Temos é de nos incomodar, o que muitos não querem, mas disso não é responsável o 25 de Abril, mas sim o subdesenvolvimento humano da nossa sociedade que tem sido fomentado por toda a horda que só pensa sacar, para satisfizer a sua insaciável ganância.
Creio que só há um caminho lutar por mais e melhor democracia. Os regimes ditatoriais são uma estrumeira que não se pode limpar, os democráticos podem tornar-se numa estrumeira, mas podem limpar-se, basta o povo estar esclarecido, e, isto, faz toda a diferença. Esta foi a grande diferença que Abril introduziu na vida portuguesa, por isso valeu a pena, e talvez um dia o Nunes, compreenda esta realidade, o que nem sempre é fácil por falta das vivências sinistras do regime fascista, mas….
Sei que nada sei sobre o provir, sei que a generosidade humana existe, mas está subjugada por ‘bestas’, hipócritas, corruptos, mentirosos, não sei se a Vitória é certa, mas sei que é preciso derrotar a perversidade e ganhar a LUZ, isto, sei ,e isto lhe digo e vos digo.
Abraços
Claro que, como Salgueiro Maia, em casa de quem conspirei e sempre o achei um homem generoso, embora o tenham manipulado, também, aos 25 anos, não dei tudo o que tinha, para que o 25 de Abril fosse uma auto-estrada para corruptos, oportunistas e vampiros sugarem todo o sangue das gentes, para isso já bastava o fascismo.
Mas falemos claro, aos 25 anos, da minha parte, não interveio nenhum factor corporativo de que fala, para aderir ao 25 de Abril, o mesmo em relação aos meus camaradas que não beneficiaram nada com o 25 de Abril. No meu caso saí da Academia Militar como o nº1 do meu curso, depois do 25 de Novembro 75 passei a ser um maldito, porque lutei ao lado do povo pele sua dignidade e por melhores condições de vida, o que ganhei com isso?
O amor de muitos populares, meus irmãos, o ódio dos latifundiários, a raiva dos democratas enjoados que me mandaram para a Madeira, a ver se a FLAMA ( Movimento Independentista da Madeira) e os bombistas chefiados por um meu antigo colega de liceu tratavam da minha vida ( denunciei-o ao governador Militar, Brigadeiro Azeredo, como não me deixei matar prenderam-me por dois anos, condenaram um inocente - mas só falam dos presos anti-fascistas -) e também o ódio mesquinho dos partidos que não aceitam que os cidadãos defendam as causas da justiça social fora das suas hostes. Essa gente não aceita a liberdade de pensamento, são intolerantes, têm medo que a generosidade que, eles próprios desconhecem, seja um vírus letal para as suas lideranças autocráticas, isto é, o espírito totalitário da inquisição, de D. Miguel, de Salazar são a matriz genética dos que exercem poder em Portugal. Que fazer?
Acusar o 25 de Abril desta perversidade é de facto algo que só pode resultar de uma análise apressada da realidade e da verdade. A situação é muito grave em Portugal, mas não é por causa do 25 de Abril, mas sim de toda a corja de oportunistas que o 25 de Abril trouxe no seu seio que só queriam fazer um golpe de estado, mas o povo e meia dúzia de militares animados pelo pensamento generoso do general Vasco Gonçalves não o pemitiram, e, então, houve que criar a ideia que quem discordava era do partido comunista.
Penso que o General Vasco Gonçalves nunca poderia ser um ditador, pelo que se o PCP ou outro partido quisessem instaurar uma ditadura não poderiam contar nem com Vasco Gonçalves, nem com outros, nem comigo.
De propósito têm-se confundido falta de direcção política e militar da Revolução com totalitarismo, isto é, uma certa anarquia como uma forma de subordinação ao PCP, o que da minha parte recuso determinantemente. Tinha e tenho pelo povo, nomeada e particularmente pelos trabalhadores e militantes de base do PCP a mais profunda amizade e consideração, porque são um filão de gente generosa, o que é a mesma realidade no PS, gente progressista e generosa, isto é, são o tudo que um ser humano pode ser, independente do seu partido, desde que este não exista para defender a injustiça social.
Caro Nunes e caros amigos já nascidos em Portugal depois do 25 de Abril, penso que Portugal não foi destruído no 25 de Abril, penso e vivi o Portugal anterior, durante 25 anos, pelo que também já tenho mais anos de democracia 35. Daqueles 25, 23 foram de conformismo católico e politico e destes 10, 11 de um puto relativamente feliz filho de um oficial do Exército que viveu sempre com dificuldades. Dizia-se que ser oficial do Exército era ter uma miséria dourada por causa dos galões. Nesta área para quem vive do seu vencimento nada mudou.
Todavia o Portugal daqueles tempos era também corrupto, só que disso ninguém podia falar, embora seja verdade que havia muito menos para roubar, daí que não desse tanto nas vistas. Denunciei esta situação em Novembro de 72, portanto aqui tudo se mantém, logo não vejo como pode um regime fascista, ditatorial, ser melhor que esta doente democracia.
Na minha opinião e pelas minhas vivências de completo desprezo por todos pelo fascismo, acho que só podia ser pior, entre tanta coisa refiro que, por exemplo o meu pai, capitão do exército, quando morreu, tinha eu, 15 anos, e esse maldito governo deu-me 100 escudos mês, com desconto de 1 escudo para o selo. Éramos 3 filhos, recebíamos 297 escudos mês, a pequena casa onde vivíamos tinha uma renda de 350 escudos, logo, sobre a bondade desse maldito regime estamos falados, ponto.
O meu 25 de Abril nada tem a ver com vampiros, nem com a perversidade humana. O meu 25 de Abril já não existe, porque também é um 25 de Abril interior que em Portugal e no mundo com o ódio que existe, e que se tornou o elemento estruturante das sociedades, talvez seja impossível, e eu um ridículo poeta ,um poeta menor, talvez mesmo tonto por pensar nestas coisas, mas continuo a insistir em pensar que hoje Portugal é melhor, e pode ser melhor com mais democracia, e sempre com liberdade, e, naturalmente, com direitos e deveres, e, naturalmente, com uma justiça que puna os criminosos.
Todavia penso como o Nunes que a corrupção, o oportunismo, a mediocridade, o amiguismo matam e estão a MATAR PORTUGAL, e nesta tarefa há muitos cúmplices, sobretudo entre os lobos disfarçados de democratas e militares de Abril que só se querem servir, mas seja como for temos um instrumento importante, embora muito condicionado para denunciar estas situações - a liberdade - Temos é de nos incomodar, o que muitos não querem, mas disso não é responsável o 25 de Abril, mas sim o subdesenvolvimento humano da nossa sociedade que tem sido fomentado por toda a horda que só pensa sacar, para satisfizer a sua insaciável ganância.
Creio que só há um caminho lutar por mais e melhor democracia. Os regimes ditatoriais são uma estrumeira que não se pode limpar, os democráticos podem tornar-se numa estrumeira, mas podem limpar-se, basta o povo estar esclarecido, e, isto, faz toda a diferença. Esta foi a grande diferença que Abril introduziu na vida portuguesa, por isso valeu a pena, e talvez um dia o Nunes, compreenda esta realidade, o que nem sempre é fácil por falta das vivências sinistras do regime fascista, mas….
Sei que nada sei sobre o provir, sei que a generosidade humana existe, mas está subjugada por ‘bestas’, hipócritas, corruptos, mentirosos, não sei se a Vitória é certa, mas sei que é preciso derrotar a perversidade e ganhar a LUZ, isto, sei ,e isto lhe digo e vos digo.
Abraços
25 de Abril de 09
Asilva
PS: Irei falando da grandiosidade e da amor imenso vivido nas comemorações do 25 de Abril em Almada, concelho de gente sem medo e grande gente de Abril. Falamos a milhares de jovens e adultos. Vi o poder autarquico junto e no meio do povo.
Uma grande jornada de Abril,durante dois 2, apesar do grande custo tentei ser um capitão sem sono. Um grande abraço para os capitães, os oficiais, os sargentos, os soldados e tantos outros profissionais sem sono. Vencer o sono é muito difícil.
4 comentários:
Nota: não sei entrar sem a indicação de anónimo, que não sou.
Andrade da Silva,
É extremamente difícil falar-se de nós próprios. Retratou-se e retratou o país com notável isenção e clareza. É lamentável e deveria ter sido inadmissível que um Capitão de Abril que, abnegada, empenhada e generosamente, arriscou a vida pela Pátria, tivesse sido tão brutalmente injustiçado. Como amiga de Capitães de Abril conheci a situação, como conheço também a solidariedade logo sentida, bem como a Admiração, Consideração e Respeito que todos dedicam a Andrade da Silva. A sua integridade e também o facto de manter-se fiel e determinado na luta pelos princípios e valores que seus Pais lhe transmitiram de Liberdade, Justiça e Fraternidade são um exemplo por todos reconhecido.
Andrade da Silva, na sua qualidade de Capitão de Abril, de militante defensor das Liberdades e de Amigo, o meu Muito Obrigada.
Um abraço
Maria José Gama
Cara Maria José
Muito obrigado, porque há pessoas com a sua coragem e dignidade e porque ainda hoje milhares e milhares de pessoas que reconhecem o discurso e as práticas de Abril, todos os sacrificios estão recompensados e tudo o que se passou e ainda se terá de passar valeu a pena.
abraço
asilva
PS: quanto à questão técnica também nada sei dizer e de momento há dificuldade de acesso à net de quem poderia ajudar nesta questão, mas sabemos que não é anónima
Companheiro Andrade Silva, Amigos e Leitores do blogue,
muitos Jovens falam por ouvir dizer, sem ter possibilidade de comparar, na verdade é difícil imaginar a maldade e o grau que atingiu durante o salazarismo/ caetanismo para quem não era ainda nascido ou era muito pequeno na época...
Compreendo que a Jovens isso possa parecer quase impossível,e no entanto tentar saber junto de fontes de confiança, e que não tenham interesses a defender, é uma obrigação de quem quer avançar rumo ao futuro sem risco de tropeções e enganos.
No entanto esse duvidar os Jovens por tal acometidos não sabem a sorte que têm, é porque nós nem tivemos a possibilidade de duvidar de tal maneira nos era evidente o horror que então se vivia, mas tal como os jovens hoje, quantos adultos nesse tempo se negavam a ver?
pior quantos participaram anonimamente nesse estado de coisas, como bufos informadores da PIDE sinistra e cujos nomes permaneceram na sombra para sempre, podendo assim ir lançando a sua peçonha o seu veneno nas páginas da História, as mais belas que o mundo já escreveu, as da Revolução dos Cravos o nosso magnífico 25 de Abril.
Mas os Jovens com acesso à Internet
apenas ignoram se assim o desejarem, hoje qualquer pessoa pode sabe a verdade, doa a quem doer.
E no que toca a corrupção, nada tem a ver com Abril!
oportunistas e corruptos não faltam espalhados em países por mais avessos que sejam ao 25 de Abril! é mal que se propaga em meios cujo valor é apenas e exclusivamente baseado na acumulação de riquezas. Atravessamos uma época onde parecer e ter é mais importante par muitos que o Ser
isso nada tem a ver com Abril e com seu espírito!
Agora que houve oportunistas claro que houve e todos os vîamos!
Desde o princípio, muito camaleão se mascarou para parecer filho da Luz de Abril, e foram muitos desses exactamente que pelo seu comportamento futuro denegriram Abril, porque se diziam do 25 de Abril quando a 24 eram comensais do fascismo e de fascistas.
Mas tanto berraram que eram democratas, que alguns incautos acreditaram, depois ao ver-lhes o exemplo de corrupção, pensaram que Abril era disso responsável!
Companheiro e leitores
os que durante o fascismo lutaram pela Liberdade, sabiam-lhe e gosto e preço que bem caro a pagaram!quando em 25 de Abril ela chegou, porque com a sua ideia sempre tinham convivido souberam de imediato reconhecê-la e por isso
souberam vivê-la com que sempre tinham sido: dignos e generosos!
agora os que dela nunca tinha tido a mais leve consciência, quando a viram embriagaram-se com ela e em seu nome fizeram os excessos que a Abril alguns pretendem atribuir, quando afinal esses excessos de má interpretação de valores se devem ao fascismo e às grades que colocou entre as pessoas e nas quais encerrou o Pensar de Portugal!
Mas é bom, mesmo muito bom que Jovens coloquem suas dúvidas
para que a luz possa continuar a caminho de todos nós!
para todos e cada um é sempre temo de aprender
e mais luz haverá se muitos muitos leitores participarem com suas perguntas e opiniões!
O meu Abraço por Abril
Marília Gonçalves
Sejam quais forem os problemas surgidos em democracia é sempre possível uivarmos e berrarmos
grave é quando impõe o silêncio como defesa de um Estado e o nosso grito se torna impossível
Aí começa o verdadeiro perigo, como o que se viveu no período anterior
ao 25 de Abril
Rui Mendes-França
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