domingo, 17 de maio de 2009

PORTUGAL PAÍS COM LODO, MAS COM MORAL E HISTÓRIA.


O que é muito grave, na actual encruzilhada da história de Portugal, é que anda toda a gente a falar que Portugal é um país com lodo, muito lodo, todavia quando chega a hora de limpar o lodo e colocar algas para que o pântano passe a oceano, é ver toda a discussão formal sobre isto e aquilo, e um dado recuo para as zonas de conforto, o que é uma atitude básica da psicologia humana, só superável pela força dos princípios morais e das convicções.

A imperatividade de um novo sujeito político, na minha opinião, parece evidente e fundamental, porque não será possível a um país, como Portugal, manter-se com um nível de endividamento externo tão elevado, à beira do colapso. Alguns prevêem que a curto prazo teremos um endividamento na ordem dos 100% do PIB, com a linha laranja dos 60% já há muito ultrapassada.

Ora para conter o endividamento externo os Portugueses terão de viver de acordo com as suas fracas possibilidades, mas quem vai fazer compreender aos Portugueses os necessários sacrifícios que terão de fazer na próxima legislatura? E quem vai falar verdade nas próximas campanhas eleitorais?

Mas estará em condições de motivar e mobilizar o país para o que aí vem, quem nada tem feito para combater a corrupção, para que a justiça funcione e a desigualdade social não seja das mais severas da Europa?

Há em tudo uma grande ilusão que é a de se contar com o conformismo do Povo Português que só se manterá, até quando os subsídios e outros expedientes lhe permitir uma vida com certo desafogo e com um dado nível de consumos supérfluos.

Até este momento só têm sido atingidos grupos profissionais já muito frágeis que já antes da crise só tinham acesso às subsistências primárias, mas se começarem a ser atingidos os que frequentam nas cidades os centros comerciais, e gastam bastante em plasmas e manicuras a “coisa” pode ficar mesmo preta, muito preta.

Seria bom ir monitorizando os movimentos espontâneos de descontentes, como os clientes do Banco Privado Português que tendo agido com alguma violência e desespero, parece que espoletaram a acção do governo que com recurso aos dinheiros públicos, na ordem dos mil milhões de euros, lá vai comprar a paz social. Mas haverão tantos mil milhões de euros, após as eleições legislativas deste ano?

É verdade que Manuel Alegre pareceu animar uma nova solução para este dramático quadro, mas essa esperança foi-se esfumando, quando em Janeiro não apareceram mais actos que não os de uma certa critica que sendo importante não resolve a questão fundamental da clarificação politica em Portugal, de o neo-liberalismo estar acantonado nos dois partidos da Governança e deter no seu seio os instrumentos do poder. Circunstância que destrói alternativas politicas, e cria uma situação de inverdade politica, absolutamente doentia e potenciadora de graves crises politicas, se a crise social, moral e económica se agravarem.

Mas perdida esta oportunidade que para mim nunca foi, porque sempre disse e escrevi que Manuel Alegre não mostrava a motivação transcendente e intrínseca para ser o líder emergente nesta situação, de quase emergência Nacional, não faz sentido criarem-se mais ilusões, de modo a querer-se tapar o sol com a peneira, avançando com a ideia substituta das candidaturas de independentes à Assembleia da República. Ora se os pequenos partidos se juntaram às dezenas no Bloco de Esquerda para conseguirem eleger alguns deputados, que mitologia será esta das candidaturas independentes? Ao nível da Governança para que servirão, em termos de eficácia?

De facto somos muito “sui generis”, quando é necessário um tsunami politico, fala-se do que pode provocar alguma tempestade num copo de água. Que extraordinária capacidade de travestir a realidade e as incapacidades!

Mas o certo é que o País é um País com muito lodo, e sem um terramoto na vida política este estado pré-comatoso da democracia não é sustentável, é inaceitável e matará o Estado de Direito, se nada de muito profundo acontecer ao nível da moralização, da justiça, do combate à corrupção, à ilegalidade e ao arbítrio nas empresas e no Estado, isto é, nada ficará resolvido nas próximas eleições, teremos mais, ou pior do mesmo, e mais comprometida podem ficar as soluções futuras, se todos sancionarem o que antes criticaram. Seria um comportamento paradoxal a acrescentar mais descrédito à classe politica, por não fazer o que deve, mas sim o que lhe interessa.

Importa ainda referir que a hipótese de Manuel Alegre puder vir a servir na futura Assembleia de ponte para acordos à esquerda, é mais uma e outra ilusão que funcionará no acessório, isto é, no que os banqueiros e os grandes empresários permitirem.

andrade da silva

3 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Estimado Companheiro e Amigos, Leitores

Onde os Assuntos se Encontram e Colidem e passam entre poesia e política

A voz dos poetas levanta-se por vezes terrível, mas quando nos atinge, é decerto porque o poeta foi pela dureza da realidade atingido também, como nós, mas antecipadamente.
Jorge de Sena por exemplo no poema a Portugal, por mim editado num "post" anterior, parece apenas nutrir ódio por Portugal,ora tal ódio era simplesmente impossível,Sena é poeta português, ódio que o poeta desmente no final do poema
quando diz que ele pertence a Portugal, à terra que é sua (Eu te pertenço mas seres minha, não)
ora apenas somos do que amamos e que por isso nos tem, enquanto a terra (Portugal) parece enjeitar (rejeitar) aqueles que sendo seus, nunca por ela se sentem amados, e a falta de reciprocidade desse amor
é que origina este grito de revolta que é o poema a Portugal

Mas vivendo eu, longe de Portugal, podendo eventualmente ser queixosa de males parecidos, notei e comparei ao longo dos anos uma facilidade dos portugueses em denegrirem Portugal, enquanto outros povos, vêem com repugnância cada ataque à terra em que nasceram, por se identificarem com ela. Será que os portugueses se não identificam com Portugal? Será que a passividade portuguesa é filha de uma falta de patriotismo?
Ainda assim gostava de poder saber o que no mais profundo de cada português poderia desencaderar como sentimentos o poema de Sena...
Dor? Revolta? Assentimento?
Onde e quando se manifestam os sentimentos patrióticos portugueses?(fora de um campo de bola)
Até quando e até onde deixarão pôr de rastos o país que é o seu?
A quanto se baixarão silenciando afrontas, ofensas e insultos a Portugal?
não será que o povo de Portugal incauto se deixa enganar por falsas palavras fingida doçura e se revolta facilmente contra os que apontam no desespero o mal, para que se lhe encontre remédio?
Quanto a mim Jorge de Sena com este poema consegue amplamente o seu desafio poético: pôr-nos em frente da nossa consciência!
Que é Portugal? quem o forma e o faz ser o que é? não seremos nós portugueses? não será que o comportamento passivo até ao extremo, priva Portugal de oxigénio?
Que comportamento adoptar senão um comportamento cívico e participativo que nos devolva um país sonhado, nunca visto e que vive no interior de nós?
Se no Poema a Portugal, Jorge de Sena soube despertar em cada um o respeito por Portugal e o respeito próprio e a força de o fazer sentir e de o dizer, estaremos em face de um poema conseguido porque atingiu o alvo.
Poeta de Amor à Pátria, que num grito maculando-a, atinge o objecto de seu amor até aos seus mais fundos e verdadeiros sentimentos de homem e do poeta.
Não é Portugal que Sena aponta, mas o que nós como povo, com nosso silêncio, nossa passividade, fazemos de Portugal;
O Portugal que não deixamos ser!
o nosso silêncio é nossa culpa.
Vamos erguer Portugal?
Activos atentos e lúcidos, para que nunca nos possamos desgostar pelo que deixamos fazer connosco,com a terra-mãe,com Portugal.

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Da minha parte confesso um Amor Total eterno A PORTUGAL AOS PORTUGUESES. SOU PORTUGUÊS E MADEIRENSE e Só QUERO SER PORTUGUÊS E MADEIRENSE

Amo os nossos grandes poetas, venero o Padre António Vieira, a padeira de Aljubarrota, os meus pais.

Não aceito é tão má governança e tão pobre elite, mas creio que os tanoeiros vão encontrar o seu Mestte de Avis, por isso, digo PORTUGAL país com lodo, mas com moral e história para vencer o lodo,e isso acontecerá, creio e para isto faço o que posso
abraço
asilva
asilva

Marília Gonçalves disse...

Companheiro, Amigos,Leitores

Quanto a si Capitão de Abril, não há dúvidas possíveis!
Homem de Abril, Abril fala por si e sua voz é ainda Abril.
Apontar desmandos, erros, faltas e mentiras de governantes é um acto cívico. Silenciar o que sabemos injusto ou criminoso como o foi o tempo do Salazarismo, por exemplo,mau exemplo foi, é uma obrigação de quem ama Portugal e o povo de Portugal nascido! Calar ou sentir repugnância pela denúncia de tais factos, seria uma pobre confusão entre o que fazem os governantes e as vítimas de seu mando, neste caso o povo português.

Ora o povo quando elege governantes (quando os elege...) que em vez de governar, desgovernam, fá-lo porque se deixa ludibriar por falsas promessas, por ares que parecendo uma coisa são exactamente o seu contrário.
Acusar e apontar a responsabilidade dos erros,de quem governa, e saber fazer a distinção clara, entre Poder e os que lhe sofrem as consequências.
os governantes não são Portugal, e por vezes (muitas) representam-no mesmo muito mal.
Por Portugal sejamos clarividentes, para antecipadamente sabermos reconhecer quem nos mente e o porquê dessas mentiras.
Ver que interesses um candidato tem a defender, informar-se sobre ele é evitar males futuros.
Como diz o povo à primeira qualquer cai... mas francamente, repetir o mesmo erro e não aprender as lições do passado,não abona em favor da nossa inteligência.
Por Portugal, por cada um de nós ( e agora aqui baixinho que ninguém nos ouve : por ti mesmo, reflecte e age em consequência. Que por ti é!)
é sempre tempo de corrigir um erro, não o repetindo nunca mais.
Atentos pois todos nós, para a próxima ida às urnas.
Não deixemos que um engano nos leve por caminhos que destroem o presente e comprometem o futuro.
E gostava de pedir aqui ao psi do Site e a outros que nos possam ler, que aqui deixem uma lição de interpretação de sinais de mentira num candidato, posturas, olhares, lapsos, discursos, tudo o que possa elucidar cada leitor, cada português a reconhecer quem tenta enganá-lo
Até sempre e Viva o Povo Português, Viva Portugal!

Marília Gonçalves