Em 7 de Maio fui à Escola Roseiral de Santa Teresinha, em Pinheiro de Loures, falar às crianças do 3º e 4º anos sobre o 25 de Abril de 1974, e tudo foi um grande encantamento, desde logo, a viagem.
Como é possível que a tão poucos quilómetros de Lisboa, se descubram as relações de vizinhança próprias das aldeias rurais!? Mas este milagre acontece aqui às portas desta grande cidade da indiferença.
Durante a viagem de camioneta vi que as pessoas falavam umas com as outras, e que o motorista conhecia toda a gente, inclusive sabia que uma passageira que tinha comprado o bilhete possuia passe, pelo que a chamou, e lhe devolveu o dinheiro do bilhete. Falei-lhe de quanto aquela cena me fazia lembrar os velhos “horários”, assim se chamavam as camionetas da carreira na minha ilha da Madeira e, também, então, todos conheciam todos.
Cheguei, finalmente, à escola, fui recebido pelas raparigas e rapazes dos 3º e 4º anos, pela professora Susana e outro jovem professor. Achei as crianças ainda muito frágeis, porque me lembrei que naquela idade tive um professor que mais tarde veio a ser Vice-presidente do PSD Madeira, e que batia nos meus colegas, especialmente num, sem dó nem piedade. Ainda oiço os seus gritos.
Como íamos comemorar a liberdade, toda a turma teve a oportunidade de falar de tudo o que julgassem pertinente, sem agenda.
Depois de dizer quem era e porque estava ali, falaram do Salgueiro Maia. Referi o seu acto heróico na Praça do Comércio e porque gostávamos muito dele, referi que também tinha estado na casa dele a pensar o que devíamos fazer para alcançar a liberdade.
Todas as crianças identificaram muito bem o 25 de Abril com a liberdade, a festa e, por aqui, fomos indo. Falamos da escola, das brincadeiras, dos livros, da saúde, da alimentação, do saneamento básico, da pasta couto, e da esperança de vida.
Perguntaram-me, se hoje se vivia mais, respondi-lhes que sim, recorrendo ao aumento da esperança de vida dos 75 anos para os homens e dos 80 para as mulheres dei-lhes o fundamento da minha asserção, e, logo, um rapaz atento me disse, que o seu avó tinha 85 anos. Vi que tinha metido água, e lá tive de explicar o que era a esperança de vida e, assim, a “coisa” se compôs.
O tempo voou, mas aquelas crianças queriam continuar a saber novidades. Falou-se da independência das colónias, soube-se que a quase totalidade delas e deles gostavam de serem portugueses, mas também havia quem gostasse de ser espanhol.
Finalmente, o teste das turmas mistas, considerava, eu, uma grande vitória dos tempos modernos, mas ali, não, eles preferem turmas de rapazes, porque elas, segundo a sua “categorizada” opinião eram umas chatas, e, logo, um perguntou-me, se estava surpreendido. Retorqui que até certa idade preferia-se fazer grupo com pares do mesmo sexo. Todavia quanto às brincadeiras diferentes para os meninos e meninas, só meia dúzia de rapazes estava de acordo, as e os restantes, não.
Finalmente a ideia de que a liberdade não permite tudo, não é aeitável, nunca, ofender os direitos dos outros, foi a conclusão deste dia em que todos aprendemos alguma coisa mais, e nos compreendemos melhor.
Aconteceu AMIZADE, ALEGRIA, LIBERDADE, isto é, DEMOCRACIA, DESENVOLVIMENTO HUMANO, ou seja, o 25 de ABRIL.
Um momento de felicidade e encantamento maravilhosos, uma felicidade. Bem-haja àquelas crianças, uma das quais me tinha visto num vídeo da Televisão. Bem-haja àqueles professores e às velhotas junto de quem, num restaurante da terra, almocei, e, logo, falamos de chá, dos Açores e da Madeira.
QUE MUMDO, MUNDO BELO E MARAVILHOSO ÀS PORTAS DE LISBOA!
andrade da silva
PS: trouxe do Roseiral um desenho de rosas, deixei um conto para ilustrarem.
Como é possível que a tão poucos quilómetros de Lisboa, se descubram as relações de vizinhança próprias das aldeias rurais!? Mas este milagre acontece aqui às portas desta grande cidade da indiferença.
Durante a viagem de camioneta vi que as pessoas falavam umas com as outras, e que o motorista conhecia toda a gente, inclusive sabia que uma passageira que tinha comprado o bilhete possuia passe, pelo que a chamou, e lhe devolveu o dinheiro do bilhete. Falei-lhe de quanto aquela cena me fazia lembrar os velhos “horários”, assim se chamavam as camionetas da carreira na minha ilha da Madeira e, também, então, todos conheciam todos.
Cheguei, finalmente, à escola, fui recebido pelas raparigas e rapazes dos 3º e 4º anos, pela professora Susana e outro jovem professor. Achei as crianças ainda muito frágeis, porque me lembrei que naquela idade tive um professor que mais tarde veio a ser Vice-presidente do PSD Madeira, e que batia nos meus colegas, especialmente num, sem dó nem piedade. Ainda oiço os seus gritos.
Como íamos comemorar a liberdade, toda a turma teve a oportunidade de falar de tudo o que julgassem pertinente, sem agenda.
Depois de dizer quem era e porque estava ali, falaram do Salgueiro Maia. Referi o seu acto heróico na Praça do Comércio e porque gostávamos muito dele, referi que também tinha estado na casa dele a pensar o que devíamos fazer para alcançar a liberdade.
Todas as crianças identificaram muito bem o 25 de Abril com a liberdade, a festa e, por aqui, fomos indo. Falamos da escola, das brincadeiras, dos livros, da saúde, da alimentação, do saneamento básico, da pasta couto, e da esperança de vida.
Perguntaram-me, se hoje se vivia mais, respondi-lhes que sim, recorrendo ao aumento da esperança de vida dos 75 anos para os homens e dos 80 para as mulheres dei-lhes o fundamento da minha asserção, e, logo, um rapaz atento me disse, que o seu avó tinha 85 anos. Vi que tinha metido água, e lá tive de explicar o que era a esperança de vida e, assim, a “coisa” se compôs.
O tempo voou, mas aquelas crianças queriam continuar a saber novidades. Falou-se da independência das colónias, soube-se que a quase totalidade delas e deles gostavam de serem portugueses, mas também havia quem gostasse de ser espanhol.
Finalmente, o teste das turmas mistas, considerava, eu, uma grande vitória dos tempos modernos, mas ali, não, eles preferem turmas de rapazes, porque elas, segundo a sua “categorizada” opinião eram umas chatas, e, logo, um perguntou-me, se estava surpreendido. Retorqui que até certa idade preferia-se fazer grupo com pares do mesmo sexo. Todavia quanto às brincadeiras diferentes para os meninos e meninas, só meia dúzia de rapazes estava de acordo, as e os restantes, não.
Finalmente a ideia de que a liberdade não permite tudo, não é aeitável, nunca, ofender os direitos dos outros, foi a conclusão deste dia em que todos aprendemos alguma coisa mais, e nos compreendemos melhor.
Aconteceu AMIZADE, ALEGRIA, LIBERDADE, isto é, DEMOCRACIA, DESENVOLVIMENTO HUMANO, ou seja, o 25 de ABRIL.
Um momento de felicidade e encantamento maravilhosos, uma felicidade. Bem-haja àquelas crianças, uma das quais me tinha visto num vídeo da Televisão. Bem-haja àqueles professores e às velhotas junto de quem, num restaurante da terra, almocei, e, logo, falamos de chá, dos Açores e da Madeira.
QUE MUMDO, MUNDO BELO E MARAVILHOSO ÀS PORTAS DE LISBOA!
andrade da silva
PS: trouxe do Roseiral um desenho de rosas, deixei um conto para ilustrarem.
6 comentários:
Aqui, em Coimbra, está escrito numa parede:
25 de ABRIL: REVOLUÇÃO
25 de NOVEMBRO: LIBERTAÇÃO=CORRUPÇÃO
A ESCOLA não é só matemática ou estudo do meio, é também VIDA VIVIDA.Obrigado pela disponibilidade.
Obrigado
Julgo que liberdade,libertação são coisas diferentes de corrupção,tenho falado disso noutros momentos.
Agora quero é saudar a escola e o Luis Aguiar. Concordo que a vida vivida deve estar também dentro da sala de aulas e da escola, como tantos pedagogos já o defendem há muito.
Eu é que ficarei sempre muito grato por todas as oportunidades que me derem para conhecer melhor o nosso país,as suas gentes e suas crianças.
asilva
25 De Abril De 1974
http://www.slideshare.net/jorgediapositivos/25-de-abril-de-1974-1377691
A literatura do pós-25 de Abril - 25/11/2007, 20h40
Com o 25 de Abril de 1974 há uma primeira euforia na procura de livros que a censura tinha apreendido e uma grande necessidade de aprender, pondo de lado a literatura de ficção. Em 1975, compraram-se mais de sete milhões de livros do que em 74, sobretudo de temas políticos e de Ciências Sociais.
Mas, em 1976, as escolhas literárias já são outras, reduzem-se as vendas, mas nomes como Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Maria Velho da Costa, José Gomes Ferreira e Ruy Belo, Manuel de Lucena, Vasco Pulido Valente e Manyel Villaverde Cabral marcam presença na literatura e no ensaio. Aparecem nomes novos na ficção e poesia.
Em 1984, Eduardo Lourenço faz o balanço dos 10 anos da revolução a propósito da literatura: «novelas dos mundos imperial, emigrante e de libertação» ou invenção de «outra maneira de nós mesmos» são temas que têm agora êxito editorial com Lídia Jorge, António Lobo Antunes, Mário Cláudio e José Saramago. Na poesia, Sophia de Mello Breyner, David Mourão Ferreira, Miguel Torga, António Ramos Rosa e, mais recentemente, Al Berto, Vasco Graça Moura, Nuno Júdice e João Miguel Fernandes Jorge são nomes em destaque. Pedro Paixão, Clara Pinto Correia e Miguel Esteves Cardoso são autores com leitores fiéis.
Os anos 80 e 90 foram anos de consagração para muitos escritores, mas o maior galardão foi o Prémio Nobel atribuído pela primeira vez a um escritor de língua portuguesa, José Saramago. A 8 de Outubro de 1998, José Saramago era nomeado, pela Academia Sueca, Prémio Nobel da Literatura. A atribuição projectou de imediato o nome do escritor, da literatura portuguesa e de Portugal para as primeiras páginas da imprensa mundial. Pela primeira vez, a língua portuguesa viu consagrado um seu escritor e a sua vasta obra e, por consequência, todos os escritores que escrevem em português.
Algumas revistas e jornais têm vindo a desempenhar um importante papel na dinamização da vida literária e cultural do país. Em 1980, foi dada à estampa a Nova Renascença, uma publicação que privilegiou a reflexão sobre temas actuais e o significado de Portugal no mundo; a ela estiveram ligados nomes como os de José Augusto Seabra e Agostinho da Silva, entre outros. Importante foi também a divulgação da Colóquio/Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian.
Na sequência do Jornal de Letras e Artes, em 1981 começou a ser publicado o Jornal de Letras, artes e ideias, este mais abrangente que o anterior. Em 1987, surgiu a revista Ler, de divulgação literária. Diversas publicações literárias são marcantes como, por exemplo, Tabacaria, ligado à casa Fernando Pessoa, a Phala, Hífen ou Limiar.
http://www.portugal-tchat.com/forum/a-democracia-1974/3757-a-literatura-do-pos-25-de-abril.html
Obrigado aos que disponibilizaram informação sobre a pujança literária pós 25 de Abril.
Abraço
asilva
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