sexta-feira, 23 de outubro de 2009

JOGO DE XADREZ OU BOXE?




O novo Governo parece ser de continuidade e confronto, a avaliar, por alguns dos ministros repetentes. Se for esta a estratégia já se pode adivinhar o que aí vem, confronto com as oposições e ligação directa aos eleitores, através das ministras mulheres: saúde, trabalho, cultura, educação, a fim de provocar eleições, no pressuposto do PS ganhar a maioria absoluta.

Todavia os novos ministros podem fazer toda a diferença, não parece, mas...

Foi também uma grande oportunidade perdida não ter, o SR. Primeiro-Ministro, seguido a grande inspiração de Zapatero e nomear uma ministra para a Defesa. Como teria sido refrescante e de certeza que todos ganhariam com isso, mas sobretudo a Pátria Portuguesa, que deveria ser sim Mátria, como sugeria a poetisa, Natália Correia, por sinal socialista!

asilva

4 comentários:

Anónimo disse...

Numa clara demonstração do seu carácter irreverente, veja se a resposta de Natália Correia ao deputado João Morgado (CDS), em 1982 no Assembleia da República,
no sequência de um "eloquente" discurso daquele: «A igreja Católica proíbe o aborto porque entende que o acto sexual é para se ver o nascimento de um filho». Ao que
Natália Correia, ao tempo deputada do PSD, ripostou:

Já que o coito diz Morgado
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menino ou menina
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca truca,
sendo só pai de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou parca ração! uma vez.
E se a função faz o órgão diz o ditado
consumado essa excepção,
ficou capado o Morgado.




A Defesa do Poeta"

Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.

Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.

Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.

Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.

Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.

Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.

Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?

Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.

Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de perdão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
Ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.

Anónimo disse...

Para ela Portugal não era uma pátria, mas sim uma mátria, titulo de uma das suas obras poéticas editada em 1968

em 1979 foi deputada da Assembleia da República na bancada do PRD, na qualidade de independente. Independência era, aliás, o seu ponto de honra. Com o seu temperamento anárquico, não se deixou ficar por um assento e tocou vários partidos após o 25 de Abril de 1974, do PS ao PSD.

andrade da silva disse...

Obrigado

Quanta falta faz a Portugal gente com a verve e a rebeldia de Natália.

Mas com ela, com a Mátria, pela Pátria de cabeça erguida, o cabisbaixismo Nacional cobarde e vilão será um dia enterrado.
obrigado
asilva

andrade da silva disse...

Pela nobreza do comentário, coloquei-o em post.
Obrigado uma vez mais.

asilva