Às Árvores
Há nevoeiro pelo caminho
Passadas longas lembram no mar
O pescador que vai sozinho
Seguindo esteira de alvo luar.
Há densa névoa sobre o desvio
Por onde seguem a soluçar
As águas fundas azuis do rio
Perdida nau no alto-mar.
Dobram os braços do arvoredo
Malignos ventos, sempre a girar
Cobrem os ares do espesso medo
Ó meigas árvores, ides quebrar.
Ainda há dias, o brando orvalho
dessedentava vosso viver
Poisavam aves em cada galho
Na cor intensa que há no seu ser.
Mas hoje, amigas, o vosso encanto
Recebe fúria do temporal
Ó benfazejas, sobre meu pranto
Cai vosso corpo no vendaval.
Marilia Gonçalves
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