quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

os Porquês das Violências


Caríssimo Andrade Silva, Companheiro

Hoje meu amigo, dirijo-me a si, como técnico da saúde mental, como o especialista que é em psicologia, debruçado cada dia sobre o pensar humano e suas dores e deformações.
Por um email recebido sobre dotes artísticos de monstros históricos, ando há dias perplexa, sem encontrar resposta para esta pergunta, o que transforma uma criança inocente num futuro ente nocivo à sociedade e que grau pode atingir essa transformação?
Que frustrações, que humilhações, que caminhos sem saída destroem o que seria um ser humano, na íntegra?
Por dores e traumas todos passamos, uns mais outros menos, e nem todos nos tornamos psicopatas, nem tão pouco, como no caso de alguém com poder para tal, num monstro histórico, como desgraçadamente ainda no século vinte, vimos, vitimar tantos milhões de pessoas. Monstro que não é, por nosso mal exemplo único e que espalham pelo Mundo horror e sofrimento!
Onde e quando se perde um ser humano de si próprio, que razões ou motivos fazem com que um cérebro vacile e caia nesse terrível precipício que é o desamor ou pior, o ódio pelos outros seres da mesma espécie, seus irmãos.
Por que caminhos se destruíram seus sentimentos meninos e a sua sensibilidade, para que um genocídio seja possível, para que haja assassinos em série, para que se assista a jovens e até a crianças a serem capazes do impensável e de hediondos crimes?
Por onde lhes ficaram os sentimentos, ou que limites têm?
No fundo quem somos nós? que sociedade ou que gente nos modela, para que se cale em nós o sorriso ingénuo e inocente, para nos perdermos da capacidade de sonhar, de criar, de amar o Belo, e tornar essa esperança leve poisada sobre um berço, num futuro monstro criminoso?
Que caminho procurar ou reencontrar, que atitudes ter ou que atitudes abandonar para evitar tais males, tanto horror? Quais são nossas fronteiras entre o normal e o que deixa de o ser?
Que novo olhar teremos que poisar sobre a vida, sobre a organização da sociedade, para que possamos viver pacificamente, com nosso olhar humano poisado respeitoso e terno sobre a vida?
Que poluição mental, que carências afectivas e educativas, teremos que combater para que a vida nos não reserve mais dores que aquelas que as leis da Natureza nos impõe!
Como evitar a solidão, como evitar que as crianças cresçam entregues a si mesmas, sem que exemplos de amor e ternura lhes ensinem o caminho do respeito que devem a si próprios e a outrem? Onde descobrir tempo, para o mais necessário, acompanhar desde o berço a formação afectiva e social do pequenino ser humano? Para que todos nós possamos viver numa Paz efectiva que é afinal uma das nossas primeiras necessidades?
Como encontrar ou reencontrar o caminho do Humano?

Marília Gonçalves

PS- a participação e opinião dos leitores do blogue seria importante assim como de todos os que estudiosos se debruçam sobre tais problemas

3 comentários:

Marília Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marília Gonçalves disse...

como estão por Portugal? sismo, e aqui fala-se de várias réplicas

isto à distância é muito aflitivo
oxalá não haja vítimas

Marilia

andrade da silva disse...

Marilia

estava acordado julguei que fosse o gato a fazer das suas. Tudo bem.
Sobre o assunto da violência enviei-lle um mail vou por em post.

abraço
asilva