casa vazia
a casa está vazia
fria
a lareira apagada
inchada
de silêncio
as cadeiras junto às paredes
encostadas
oferecem memórias vagas
numa gaveta
alguns objectos usados
uma carteira
uns brincos
sóis de trazer nas orelhas
pendurados
ali
a pequena navalha
preto o cabo
sempre a trazia
consigo
cortava vida
aos pedacinhos
pão e chouriço
pequenos copos de vinho
sobre os móveis
molduras
felizes os rostos
a sorrir
o pó do tempo
tudo começa a cobrir
agora
quando volto
a casa
lugar que me viu nascer
é sempre assim
ninguém me espera
não há braços
para me receber
só o silêncio
lembranças
um certo jeito
de olhar
finissima agulha
no peito
a espetar
Rosalina Carmona
sobre a Autora
Alentejana de Pias (Serpa). Vive no Barreiro. É funcionária da Câmara Municipal. Investigadora e historiadora. Cinco livros publicados sobre a História do Barreiro. O último sobre o Barreiro no século XV.
Foi encarregada pelo Presidente da Câmara de organizar a Exposição comemorativa dos 150 anos dos comboios no Barreiro.
http://soplanicie.blogspot.com/
9 comentários:
os meus agradecimentos à marília, que estendo igualmente à sua equipa, pelo destaque que dá a este meu poema. foi uma surpresa muito gratificante para mim.
abraço amigo
rosalina
Abraço cara Amiga
envie seus escritos e colabore sempre que possa
Aqui é gente de Abril, Capitaes e companhia
até breve
Marília
Cara Rosalina
Todos é que ficamos gratos por estar connosco. O seu poema é belo e sentido, um retrato.
Nos tempos idos do 25 de Abril andei muito por Pias, espero que só haja uma terra com esse nome, a resolver entre outras coisas questões de lagares e muitas vezes encontravamo-nos no adro da igreja para falarmos do, então, presente e do futuro que deveria vir, era então tenente do MFA e estava em Beja, para garantir que a unidade cumprisse com o programa do MFA, para isso me puseram a comandar uma companhia de soldados vindos das prisões, então, o então tenente Andrade da Silva era muito estimado e reconhecido pelas gentes de Pias de que falo que espero que seja a sua terra, atrapalha-me um pouco a referência a Serpa. Haverá mais que uma terra Pias.
abraço
andrade da silva
Karla menina
DITO DA KARLA
26/01/2010
si j'étais un héros
je sauverai le Monde
7 anos
Para o Andrade da Silva:
Pias é essa mesmo (vila do concelho de Serpa), terra da Francisca e da Rosalina. Há mais duas terreolas com esse nome, mas é por acaso. Esta é aquela Pias das grandes lutas dos trabalhadores rurais por melhores jornas, por melhores condições de vida e de trabalho, pela conquista da liberdade e pela Reforma Agrária.
Pias onde antes do 25 de Abril eu só podia entrar pela calada da noite.
É essa Pias, sim, por onde tu andaste nos tempos heróicos da nossa Revolução.
Um abraço
Carlos Domingos
Carlos
Obrigado, como andava por Beja, na altura, pensei que poderia haver outra Terra com o mesmo nome, assim fica melhor.
Recordo com muita saudade e amizade esses tempos quando o povo,( que agora dizem que não se sabe o que é, mas pessoalmente continuo a sentir o que é ser povo e o que é ser senhor de servos) fazia a sua história, trabalhava a terra que dava pão e de que brotava alegria.
Uma vez mais as terras estão ao abandono e as que não estão, na sua maioria pertencem a estangeiros. Com a Lei barreto traiu-se o Povo,Abril, mas também o desenvolvimento de 30% da àrea de Portugal.
Todavia não mataram Abril e muitos dos filhos dos trbalhadores agricolas ganharam asas e voaram, foi bom, pena é que alguns se tenham esquecido de tudo e também é pena que o Alentejo se despovoe e tenha perdido a esprença e por erros e má fortuna procure nas opções de direita a justiça que a esquerda deveria proporcionar, o que nos interpela e aos responsáveis da esquerda.
abraço
asilva
caro capitão de abril
Andrade da Silva
respondo à sua questão em post que coloquei no meu blog: http://soplanicie.blogspot.com/
abraço amigo
rosalina
Prucurem bem e acabarão encontrando , pelo menos quatro Pias!, e não duas.
O Sr Tenente,(nessa altura), andou nas Pias certas, entre Moura e Serpa. Das outras, não reza história.
Sô Piêra, no modo de falejar das nossas gentes. Desculpem a intromissão.
Mas já agora: não se poderiam juntar mais uns cravos e fazer outra revolução? Está fazento tanta falta...
Mas já agora: não se poderiam juntar mais uns cravos e fazer outra revolução? Está fazendo tanta falta...
pois meu caro por isso daria a vida e outras mais se as tivesse
flor que não murcha
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