sábado, 27 de fevereiro de 2010

POR TI MADEIRA. A CÍTIRA DO POETA.




A CHAMADA


Sempre soube que as pedras
rolam pelas encostas dos montes
se não tiverem nada que as segure
como os teus olhos contrariando
a chamada
do outro lado da casa.

Há uma cadeia de sons
apelando para os odores das águas límpidas,
desses cheiros sem cheiro
oculto na terra viçosa e aberta às chuvas.
Por ela - sem que me perguntem – respondo
mesmo à distância
como se estivesse prisioneiro do seu chamado
no ruído do eco longínquo
que só se escuta no interior dos búzios.
E lá vou
evitando afogar-me nas agudezas das ondas
com a transparência do papel branco
onde decidi deixar para sempre escrito
o amor
como te imagino no centro do mar
apesar
de no teu dorso de ilha
alguém ter pintando a paisagem absorvente
do apego eterno
e nele respirar um inconfessável medo.
Sucumbo aos chamados surdos
como se nos teus trinados uma canção
se repetisse
nas promessas celestiais.
Sabes porém que não precisas
de artifícios.
Se me dessem o céu recusaria.
Prefiro o teu destino de pecado,
cedo a todos os vícios
e neles ergo os alicerces
de todos os meus princípios.

Na tua boca escondem-se as razões
finais.
Mas não digas a ninguém.
É segredo.


(inédito.04.09.04)José António GonçalvesPoeta da Madeira (falecido)


enviado por um leitor. Obrigado

14 comentários:

Anónimo disse...

O Poema Original

Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.

Ary dos Santos, in 'Resumo'

andrade da silva disse...

obrigado PELO POEMA.

Sinto o pesadelo da Madeira e ao pensar na familia Macedo, no jovem de 18 anos,de nome Feliz, filho de pobres que ficou só,depois de assistir à morte de todos os seus, e ao olhar para a capa da Visão, penso que afinal a fragilidade de nós todos perante a fúria da natureza também se diatribui, segundo as classes sociais, de poder e dinheiro. Só nos aviões não, como me pareceu na minha muito atribulada viagem para a Madeira de 27 de dezembro 2009 essas diferenças se anulam
MY GOD!

O pesadelo de ser pobre,e pior miserável, como se vivessemos tempos piores que a Idade Médi tráz-me em agonia estrangulaora, impotente e permanente. GRITO.


asilva

Marília Gonçalves disse...

Meu querido amigo

as crianças são sempre as inocentes vítimas de um deus irado chame-se ele a força destrutiva da natureza!
o que vai hoje por esse mundo! tanta criança por aqui e por ali a perder a pequenina vida desperdiçada, por não ter sido vivida ou por perder os afectos que lhe preenchiam a vida
mas tem razão! são sempre os pobres que pagam o mais alto preço a todos os níveis e porque nem sequer têm escolha! olha sabe que mais? quero que vão à fava todos os que andam com a boca cheia duma liberdade inexistente.
Ser livre é poder optar, é poder escolher, e isso os pobres nem sabem o que é! Apenas sofrem de geração em geração, porque essa terrível condição a que os sujeita a miséria " como uma prisão, que os retém de avós a netos ininterruptamente.
Poderemos fazer decerto mais qualquer coisa de útil, mas entretanto amigo, o seu grito a que junto o meu, talvez acordem inconscientes adormecidos e indiferentes desde a noite dos tempos.
Antes da sedentarização dos povos,
antes do aqui é meu e isto é meu, o ser humano vivia da partilha porque sobreviver tornava-o solidário e era uma condição básica da vida

Por todos os desvalidos, pobres esquecidos gritemos forte e alto querido amigo e companheiro
sempre a seu lado contra a injustiça
Marília

Marília Gonçalves disse...

sábado, 27 de Fevereiro de 2010
da Resposta ao Coronel Andrade Silva

http://nossaspoesiaslibertarias.blogspot.com/2010/02/rsposta-ao-coronel-andrade-silva.html

Marília Gonçalves disse...

informação


28-02-2010 13:12

Mis à jour 28-02-2010 02:56
Tsunami : Google sur tous les fronts
Suite au séisme chilien et au raz de marée qui en résulte, Google a mis en ligne différents outils pour informer le monde et aider les victimes.
Les nombreuses répliques du séisme survenu le 27 janvier 2010 au Chili, localisées sur Google Maps.

Les nombreuses répliques du séisme survenu le 27 janvier 2010 au Chili, localisées sur Google Maps.

Photo : Google Maps

Fort de son expertise technique, le géant de l'Internet qui avait déjà fait montre de son savoir-faire lors du séisme haïtien (lire "l'après séisme sur Google Earth") a réagi encore plus vite au violent tremblement de terre qui a secoué le Chili. D'autant plus vite sans doute que des territoires américains sont directement concernés par le risque de tsunami (lire "la Polynésie française touchée").

Ainsi, concernant l'archipel d'Hawaii, menacé par le débordement des eaux, une page spéciale a été mise en place pour relayer les "actualités" provenant non-stop notamment de Facebook et Twitter.

Elle-même utilisatrice du site de micro-blogging, la firme y a mis en avant l'utilisation possible de l'annuaire webcams.travel (une surcouche de Google Maps permettant de visiter le monde par webcams interposées) pour surveiller en direct ou presque les plages des régions menacées, en l'occurrence les îles Hawaii.

Concernant le Chili, tandis que des pages spécifiques ont été montées sur Google News et sur Youtube, Google a mis en ligne un site de recueil de dons, et de centralisation des informations. C'est notamment le point d'accès vers un service de mise en relation destiné à aider les familles chiliennes à la recherche de disparus.

Sur ce site de recherche de personnes, près de 14 000 messages ont déjà été postés. Le principe est simple : en anglais ou en espagnol, il s'agit soit d'indiquer que l'on est à la recherche de quelqu'un, soit de communiquer les informations dont on dispose sur un disparu.

Enfin, au chapitre des outils d'information, à partir des données fournies par l'institut américain de géologie, Google a mis en place sur son site de cartographie Google Maps un système de localisation des secousses mesurées dans la région du Chili.

L'occasion de se rendre compte qu'au lendemain du séisme de 8,8 sur l'échelle de Moment, les répliques sont encore nombreuses et très concentrées, au centre du pays andin.


http://www.metrofrance.com/info/tsunami-google-sur-tous-les-fronts/mjbB!IS3qMNo8obV7E/

Isabel Pestana disse...

Poema lindo!
Muito se está a fazer para reconstruir o que foi levado pelas águas. Muito trabalho, dia e noite, de GRANDES pessoas anónimas para limpar a cidade e as outras zonas destruídas fora do Funchal. Infelizmente, os desaparecidos continuam desaparecidos e quando será que os encontramos? Entre eles está uma jovem (minha aluna) com o seu bebé. Agora até já parece que nada aconteceu, mas é um "nada" com muitas despedidas, com filhos e pais perdidos, com mãos vazias!
Esperemos que com esta tragédia se aprenda alguma coisa, sobretudo no que toca a questões de urbanismo e segurança da população.

Marília Gonçalves disse...

Minha Cara Amiga
o sofrimento aqui pela parte que me toca tem sido enorme
não poder fazer nada é muito doloroso quando se vê tanto sofrimento
um grande beijo para si e creia, não esqueço
sua amiga na distância
o poema é de um excelente amigo o JAG
POETA DA MADEIRA
foi um grande divulgador de poesia através da "poesia dos calendários"
com estas referências se desejar ler poemas dele na Internet encontra de certeza
até sempre
Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

PARA ALGUÉM


cheguei, depois de muito navegar, a

uma terra verde,

bordada a pérolas no mar. abandonei a viagem

e passei a conviver com sereias e ninfas

silenciosas, que perdiam o seu tempo plantando

palmeiras, cuidando de animais selvagens, soltando

aves em sorrisos lentos,

pelos buracos vermelhos das suas bocas, infantis e sensuais,

em rotas roxas.

JOSÉ ANTÓNIO GONÇALVES – JAG MADEIRA

andrade da silva disse...

Isabel

choro pela tua aluna, pela familia macedo, pelo jovem de nome feliz que fica só, choro por todos os que perderam os seus e os seus haveres.

louvo a grande obra do nosso povo na limpeza da cidade e toda a solidariedade Nocional de grandes Portugueses que somos.

louvo o bom trabalho do regimento de Infantaria do Funchal

lamento que ninguém dê atenção ao pedido que fiz para apoio psicologico imediato e prolongado de 6 a 12 meses às familias enlutadas e que perderam os seus haveres e às crianças.

As forças armadas têm gente que durante o meu tempo de director da psicologia tiveram formação nos EUA e já têm alguma experiência, ainda vou tentar novamente junto do Secretário dos recursos humanos, mas esta gente só ouve quem quer.

Todavia a solidariedade de nós todos não pode, nem deve servir para joão Jardim fazer o que está errado e aumenta, como deve ter aumentado, os riscos da tragédia.

A perda de vidas e bens não pode passar adiante, agora que se está a limpar bem a cidade e a atender bem as pessoas, o que é muito importante, mas os que morreram, porque morreram?

aos teus alunos e todos a minha solidariedade e o meu grande.

vou publicar umtexto no blogue que pode ajudar
bjnho
joão

Marília Gonçalves disse...

Sentir

Como luz sobre janela

do horizonte perdido

Minha voz é uma tela

Onde o timbre é colorido

Pelo mesmo fulgor que à vida

Traz o eco de mistério

E a torna nítida e bela.

Se minha voz tem sentido

É porque sinto por ela.


Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

Cara Isabel
nem sei como não me ocorreu no momento em que a li, mas diante de tanta aflição que descreveu há um mutismo que se instala, Aconteceu-me o mesmo na morte de meu filho e anos depois na de meu pai. Parecemos acometidos por espanto que nos ultrapassa e nos vence.
Amiga se precisar de qualquer coisa aqui de mim, ou de conversar entre mulheres deixo-lhe os meus contactos e um beijo solidário

Marília Gonçalves

poesia02@orange.fr

poesia01@wanadoo.fr

Isabel Pestana disse...

Muito obrigada Marília e joão pelas vossas palavras solidárias.
Hoje regressámos à "normalidade"! As escolas recomeçaram todas, o comércio está abrindo as suas portas, o trânsito a voltar! No entanto, ainda há a consternação, o ficar boquiaberto, o espanto, a dor! Juntamente com os que sabemos já mortos há ainda os que nada sabemos deles! Há também toda uma baixa da cidade desimpedida dos pedregulhos, das águas e das lamas, mas a tonalidade castanha ainda impera! Nem tudo o que aconteceu foi por culpa dos erros urbanísticos e do que se andou anos e anos a fazer aos leitos das ribeiras (erros esses que devem ser assumidos e agora emendados). Com o que caíu sobre nós e com a orografia desta cidade, era impossível não acontecer a tragédia que aconteceu!
Alguns dos que morreram foi na tentativa de salvarem outros seres ou os seus pertences, outros porque fugiram para o lado errado... e claro outros porque as suas casas estavam construídas onde não deviam estar!
Mas como Portugueses que somos vamos de certeza nos levantar, apoiados pela solidariedade de todo um povo que olha para nós e por nós!
beijos

andrade da silva disse...

Claro claro claro com a chuva que caiu haveria sempre desastre tragédia, mortos até mais mortos,se mais gente tivesse no lado errado, se mais gente estivesse no Anadia, se não fosse sabado etc etc etc etc.

claro, claro claro que se não tivesse chovido tanto o desastre não seria tanto, obviamente, but ... as ribeiras, a falta de florestação, o Anadia mal construido, etc etc etc será que ajudaram na diminuição da tragédia ou no seu aumento esta é a questão do futuro.

A do presente é acudir as pessoas, but... a reconstrução pode esquecer as gentes dos cabeços,os pequenos comerciantes etc etc etc.

mas se agora o estritamento das ribeiras e os erros nada tiverma a ver com nada, se se mantiver os erros pode voltar-se a ter tragédias com muito menos chuva, e é isto que é preciso prevenir, isto é com menos chuva podia a tragédia ser grande e se se persistir nos erros sistematicos semnenhumaluvião secular pode have grandes tragédias, por causa da quantidade de chuva, da orografia e quiçá pelos erros humanos,ou não?

isabel
bjnho

Isabel Pestana disse...

Meus amigos
Eu não estou a querer dizer que não houve erros, não estou a querer dizer que não há culpados, entenda-se. Claro que a tragédia teria sido maior se, por exemplo, em vez de ter sido num sábado, tivesse sido num dia de semana com todo o movimento que existe no centro do Funchal, com as empresas a funcionarem, as escolas, os serviços públicos etc. O que eu disse foi: "Nem tudo o que aconteceu foi por culpa dos erros urbanísticos e do que se andou anos e anos a fazer aos leitos das ribeiras (erros esses que devem ser assumidos e agora emendados). Com o que caíu sobre nós e com a orografia desta cidade, era impossível não acontecer a tragédia que aconteceu!", que é uma coisa bem diferente, João, ou não? vamos esperar e ver o que vai acontecer daqui para a frente, vamos ver o que vai ser feito para além das limpezas, vamos ver o que vai ser feito na tal "reconstrução". Mas também é importante educar todo um povo, que esteve sempre habituado a construir onde tem o seu pedacinho de terra e que não quer (ou não pode)de lá sair! Acho eu!
bjs