O PESADELO, A TRAGÉDIA E A ARROGÂNCIA
O PESADELO
Em 1985 escrevia, no Diário de Noticias do Funchal, o engenheiro silvicultor Cecílio Gomes que vivia um tremendo pesadelo pela desertificação das serras, e, por isso, previa grandes enxurradas que com as ribeiras entulhadas, as saltariam e dariam cabo de toda a cidade.
Eu, cidadão, licenciado em ciências militares pela Academia Militar, em sociologia pelo ISCTE e em psicologia pela Faculdade de Psicologia de Lisboa, isto é, sem nenhuma especialização em ciências da terra, desde 1995 que vivo aquele mesmo pesadelo. Dei disso notícia em Dezembro de 2009, não podia escrever antes, estava sujeito à lei da rolha, mas vivia preocupado com o estreitamente das ribeiras, com o entulho de toda a espécie que para lá se deita, por não se fazerem obras para tornar os seus leitos mais fundos, por se construírem casas por todos os sítios e de qualquer maneira, debaixo de rochas carecas e pelas serras estarem cada vez mais despidas, sem o seu tapete verde, o que todos os anos comentava, e, por isso até fui insultado.
Conheci os Invernos no Funchal até 1967,eram terríveis. Conheci a fúria das águas do mar, das chuvas e dos ventos, só pensando no regresso destes Invernos temia uma tragédia de grandes proporções com muitos mortos pela derrocada de casas. Felizmente apesar de terem caído muitas o número de mortos não foi tão elevado. Fala-se em 600 desalojados, o que parece equivaler a 300 casas. Mas, mesmo assim, morreu muita gente, e que dor sinto pela família Macedo em que todos pereceram e só ficou vivo um rapaz de 18 anos, de seu nome Feliz, o que ainda choca mais, por vezes, a natureza parece fazer troça dos desgraçados. Se este rapaz já não era feliz, porque o seu pai com 45 anos não tinha emprego, como será agora com a perda do pai da mãe e dos irmãos?
Claro que no meu pesadelo nunca vi tal batelada de água de 100 garrafões de 5 litros numa cozinha com pouca dimensão, claro que nunca vislumbrei o dilúvio, não sou bruxo, nem os outros. Todavia para esta tragédia acontecer talvez não fosse preciso o dilúvio, como já tinha acontecido em 1993, e como em Dezembro de 2009, perante um certo temporal as infra-estruturas se comportaram.
A TRAGÉDIA
Todavia agora que a tragédia se abateu aparecem os Académicos a confirmarem que o cidadão normal, anónimo, tinha razão em quase tudo, como claramente a revista Visão de hoje ( 25 de Fev) reporta, estão lá todos os elementos da minha preocupação:
1- A convicção que as autoridades construíram de que a Madeira se tornara uma terra de Primavera permanente
2- A desarborização das montanhas
3- A construção sem regras por toda a encosta abaixo da cota 600
4- O estreitamente, desvio das ribeiras, numa total falta de respeito pela natureza
Os ingredientes na terra estavam todos presentes, faltava a água que cai dos céus, veio em quantidade ainda mais forte do que temia e foi o que se viu.
A ARROGÂNCIA
Não posso deixar de reconhecer que João Jardim é HOMEM para reagir às adversidades, mas não posso deixar de criticar a sua arrogância, ao dizer que não está para aturar o parecer dos académicos, que os há a mais em Portugal, com o que também concordo, mas neste caso, não é preciso ser académico, para perceber que este modelo de desenvolvimento não respeita nem a natureza , nem o homem, e não falo do ponto de vista de nenhum partido, falo como ser humano que ama o Homem, todos os seres e a Terra.
Por tudo isto a reconstrução deve ser supervisionada por uma equipa técnica independente, como já na Madeira sugeriram, para que não se faça tudo na mesma, como João Jardim teimosamente insiste.
andrade da silva
O PESADELO
Em 1985 escrevia, no Diário de Noticias do Funchal, o engenheiro silvicultor Cecílio Gomes que vivia um tremendo pesadelo pela desertificação das serras, e, por isso, previa grandes enxurradas que com as ribeiras entulhadas, as saltariam e dariam cabo de toda a cidade.
Eu, cidadão, licenciado em ciências militares pela Academia Militar, em sociologia pelo ISCTE e em psicologia pela Faculdade de Psicologia de Lisboa, isto é, sem nenhuma especialização em ciências da terra, desde 1995 que vivo aquele mesmo pesadelo. Dei disso notícia em Dezembro de 2009, não podia escrever antes, estava sujeito à lei da rolha, mas vivia preocupado com o estreitamente das ribeiras, com o entulho de toda a espécie que para lá se deita, por não se fazerem obras para tornar os seus leitos mais fundos, por se construírem casas por todos os sítios e de qualquer maneira, debaixo de rochas carecas e pelas serras estarem cada vez mais despidas, sem o seu tapete verde, o que todos os anos comentava, e, por isso até fui insultado.
Conheci os Invernos no Funchal até 1967,eram terríveis. Conheci a fúria das águas do mar, das chuvas e dos ventos, só pensando no regresso destes Invernos temia uma tragédia de grandes proporções com muitos mortos pela derrocada de casas. Felizmente apesar de terem caído muitas o número de mortos não foi tão elevado. Fala-se em 600 desalojados, o que parece equivaler a 300 casas. Mas, mesmo assim, morreu muita gente, e que dor sinto pela família Macedo em que todos pereceram e só ficou vivo um rapaz de 18 anos, de seu nome Feliz, o que ainda choca mais, por vezes, a natureza parece fazer troça dos desgraçados. Se este rapaz já não era feliz, porque o seu pai com 45 anos não tinha emprego, como será agora com a perda do pai da mãe e dos irmãos?
Claro que no meu pesadelo nunca vi tal batelada de água de 100 garrafões de 5 litros numa cozinha com pouca dimensão, claro que nunca vislumbrei o dilúvio, não sou bruxo, nem os outros. Todavia para esta tragédia acontecer talvez não fosse preciso o dilúvio, como já tinha acontecido em 1993, e como em Dezembro de 2009, perante um certo temporal as infra-estruturas se comportaram.
A TRAGÉDIA
Todavia agora que a tragédia se abateu aparecem os Académicos a confirmarem que o cidadão normal, anónimo, tinha razão em quase tudo, como claramente a revista Visão de hoje ( 25 de Fev) reporta, estão lá todos os elementos da minha preocupação:
1- A convicção que as autoridades construíram de que a Madeira se tornara uma terra de Primavera permanente
2- A desarborização das montanhas
3- A construção sem regras por toda a encosta abaixo da cota 600
4- O estreitamente, desvio das ribeiras, numa total falta de respeito pela natureza
Os ingredientes na terra estavam todos presentes, faltava a água que cai dos céus, veio em quantidade ainda mais forte do que temia e foi o que se viu.
A ARROGÂNCIA
Não posso deixar de reconhecer que João Jardim é HOMEM para reagir às adversidades, mas não posso deixar de criticar a sua arrogância, ao dizer que não está para aturar o parecer dos académicos, que os há a mais em Portugal, com o que também concordo, mas neste caso, não é preciso ser académico, para perceber que este modelo de desenvolvimento não respeita nem a natureza , nem o homem, e não falo do ponto de vista de nenhum partido, falo como ser humano que ama o Homem, todos os seres e a Terra.
Por tudo isto a reconstrução deve ser supervisionada por uma equipa técnica independente, como já na Madeira sugeriram, para que não se faça tudo na mesma, como João Jardim teimosamente insiste.
andrade da silva
e.mail Governo regional da Madeira gab.vp@gov-madeira.pt; residência . Quinta Vigia, Av. Infante, 9004- 547 Funchal, linha solidariedade:760100999
4 comentários:
Companheiro e amigo
quando o essencial tiver sido feito na Madeira, por todos os que sofrem no mais profundo dos seus sentimentos
parece-me que seria urgente pensar a reflorestação da ilha por equipas nisso especializadas.
Se a chuva não pode infelizmente ser evitada que as árvores com suas potentes raízes e ramificações segurem a terra para que o desabar de casas que os terrenos encharcados arrastam não venha mais a verificar-se
e nisso e em tudo o mais que toca tanto sofrimento tem toda a razão!
Não fosse a incúria do monárquico Governo da Madeira que quer fazer flores aos olhos do Mundo muito do que aconteceu podia ser evitado!
Amigo, pelo seu amor ao ser humano, pelas suas recordações infantis e essas Lapinhas de que tanto nos falou em épocas natalícias aqui fica abraço fraterno, solidário carregadinho de ternura.
Em frente meu amigo a Madeira e os mais desvalidos precisam de si!da sua generosa força
Marília
cara Marilia
que mais posso fazer se não ladrar de um pequenissimo quintal.
abraço
asilva
TEMPORAL recomeça na Madeira
http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=20&visual=9
SIC
Madeira está em alerta laranja devido ao agravamento do estado do tempo
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/noticias-pais/2010/2/madeira-esta-em-alerta-laranja-devido-ao-agravamento-do-estado-do-tempo26-02-2010-171341.htm
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