sexta-feira, 9 de julho de 2010

GATOS


" A TODOS OS GATOS, TODAS AS CRIANÇAS, MULHERES E HOMENS AMANTES DE ANIMAIS, ESPECIALMENTE AO MEU/NOSSO AMIGO FRANCISCO SANTOS, DO ALENTEJO PROFUNDO"



Poderia e desejaria gritar, gritar, e dizer basta, basta, de tanta bosta, trafulhice, mentira.

Basta, basta de nos considerarem atrasados mentais, parvalhões etc. Sei, como li hoje, algures, que eles odeiam, muitos amigos e, outros, inimigos, quem fala muito. Ora se muitos me dizem que falo muito, sei qual a conclusão, quando são andeiros e outros maltrapilhos engalenados. Fico mais perplexo , quando são republicanos, embora aristocratas e,ou meus bons amigos. Mas que diabo me querem dizer estes meus amigos?

Será mesmo que tenho um grave défice na inteligência geral, no tal factor G, de que estão condensados os testes de inteligência. Mas sempre obtive um resultado na classe média, mais (+) ou menos (-) um desvio padrão em relação à média. No meu caso, ligeiramente acima da média, mas isto pouco diz, até porque inteligências e manhas há muitas e manhosos ainda mais.

Deveria perguntar mas de quê, para quem, falou o sr. Dr. Mário Soares numas quaisquer jornadas do PS? Mas o sr. Mário Soares não maltratou o socialismo ? Pede mais força, agora, para quê?

Mas para quem falou Ferro Rodrigues, quando se refere ao monstro neo-liberal, e aos prémios aos homens do capitalismo de desastre? Para quem falou?

A quem o sr. eng.Sócrates quer convencer, quando chama de ultra-liberal a Barroso, quando Barroso, já o era antes de nascer, e mais ferrenho se tornou, quando com Bush decidiu invadir o Iraque?

Guerra do Iraque, onde, por ordem do Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, o Exército não poderia intervir, mas será que esta ordem foi respeitada, ou estiveram militares portugueses naquela guerra, de que fizeram relato, publicado na revista de Artilharia, mas como? Somos um país " à lá séria", ou não, e, parafraseando Barroso, isto, não é uma questão ideológica, é de Estado, então!?...

Mas falando de gatos.

Quando era criança, na Madeira, no quintal da minha casa, passeavam muitos gatos. Achava que eram um pouco vádios e deviam receber escola: matemática, português e bons costumes. Ministrei-lhes estas matérias. Como nunca soube língua de gato não sei se aprenderam algo de português, mas de bons costumes aprenderam muito. A mãe gata e aluna, todos os dias, pela manhã, ia até junto da minha cama apresentar os filhotes, julgo que para dizer bom dia. Éramos amigos.

Mais tarde os democratas do 25 de Novembro 75, depois de me porem o rótulo de comunista mandaram-me para a Madeira, para me entregarem aos bombistas da Flama, e ser MORTO, literalmente MORTO. A ameaça foi feita por um dos supostos operacionais da rede bombista, do que, em 27 de Março 1976, dei conhecimento, em exposição escrita, ao, então, governador militar Brig. Azeredo que me disse nada puder fazer, e que me defendesse e à minha família.

Um mês depois sou cercado por uma quadrilha de 15 elementos - os diabos à solta - sou obrigado a me defender desse bando, para não ser morto. Como tive de usar uma arma de fogo, fui preso na prisão da Trafaria, sujeito a um regime de excepção por um coronel tão malcriado, como a malcriação, genro do dono da fábrica dos chocolates Regina, que me acusava de ter querido ocupar as terras daquele benemérito - sou cliente e praticante de comer sofregamente chocolates regina - da localidade de Casebres ( oh Casebres, que herói borrado safei generosamente, para quê!?... ) e que quem defendera a quinta, fora o caseiro.

MENTIRA, se não houve transferência da posse da terra, é porque não cumpria os critérios, se os cumprisse, nem o caseiro , nem o diabo o impediriam, somente a autoridade militar que NUNCA, REPITO NUNCA, ATÉ AO 25 NOVEMBRO 75 ME DEU TAL ORDEM OU COISA SEMELHANTE, antes fui louvado, em Outubro 74, por cumprir missões difíceis. E que missões!.... ( Uma com o Chico Patricio em Aljustrel de que vou falar, agora, que descobri a sua filha Carla Patricio)

Na prisão da Trafaria salvei de morte certa 2 gatos: um preto de cor e nome e outro riscado, este, foi dado a uma amiga de Isabel Pestana, amiga, que me visitava na prisão, o outro, o preto, ficou primeiro com a minha mãe e depois comigo.

O preto era bebé, quando o safei às brincadeiras dos bons soldados que, por uma questão de tédio, jogavam, literalmente, à bola com o pobre do gato, que sendo preto parecia castanho por causa das pulgas.

Feita a quarentena foi para a minha casa e acompanhou-me até 86, 87, 88, dez , onze anos, e morre de pneumonia no dia 21 de Março de um daqueles oitentas. Julgava o preto bem mais forte do que era. Chorei, com um grande baque, a sua morte. O preto tinha-me um amor imenso, olhava-me a toda a hora, e colocava-se, sempre, entre mim e quem, ao meu lado se sentasse. Amei-o.

Mais tarde o meu filho trás da rua um outra gato que para simplificação de nomes, a minha mãe apelidou-o de patusco, como ao outro tinha chamado de preto, o que, me criou embaraços, quando na presença de um negro que me visitava, e perante as tropelias do meu filho lhe disse:- se não te pões quieto chamo o preto! Fiquei numa posição desconfortável e não vi nenhuma, mesmo nenhuma, saída, e mesmo hoje não vejo o que poderia ter feito, se não deixar a coisa morrer por si, como então aconteceu.

O patusco acompanha-me há muitos anos, é muito duro, e já me mordeu, de tal sorte, que andei 3 semanas de mão ao peito, no período em que decorria uma selecção para sargentos, e as pessoas pareciam duvidar da história, porque ninguém acreditava que o gato me pudesse ter feito aquilo e, eu, não o tivesse atirado pela janela. Mas como fazer isso, se ele também me ama, neste momento 1h da manhã de 9 Julho cá está ele postado a fazer-me companhia? Penso que me ama, e eu também o amo.

Há dias o meu amigo alentejano Francisco Santos perdeu um dos seus gatos e, logo, pensei fazer esta pequena homenagem a todos os gatos do mundo e seus donos. Aqui fica este tributo amigo e fraterno.

A todos abraços e beijos, segundo os usos e costumes do mundo humano e do gatal.


andrade da silva

6 comentários:

GiaSantos disse...

Os gatos e o meu mano Chico, meu mano primeiro e o que me resta.
Chegamos a estar meses e até talvez anos sem nos vermos mas ambos sabemos que nos temos.
Lá terá os seus defeitos mas é meu mano e tem uma sensibilidade pouco vulgar, vive rodeado de ovelhas, galinhas, patos, cães, gatos e sei lá que mais, os quais trata pelo nome e acarinha, até aqueles que se destinam à nossa alimentação não contem com ele para os matar nem comer.
Mas o Balico era um amigo muito especial, era um pouco vadio, como todos os gatos, se calhar um pouco como o meu mano, alma rebelde.
Obrigada pelo meu mano, abços.

Isabel Pestana disse...

Pois é João, muito me lembro das minhas idas á Trafaria visitar-te e não só (o teu julgamneto e mais) e claro do gato que ficou com a Maria Luis (o Risquinhas)! Em casa, nessa altura eu já tinha 3 (1 siamês o Artur, 1 do Porto santo o Menino e a gata a Gabriela) por isso não fui autorizada pelo sr Coronel a levar mais um!!! Mas ficou muito bem em casa da Luis e da mãe e durou muitos e bons anos!!! Agora aqui na Madeira tenho um preto e branco (+ oreto do k branco) de olhos lindos verdes, o Mozart Pinceladas D. Beltrão d`Alencastre!!!! (claro k é só chamado por Mozart)
Gosto mais de cães mas também gosto e muito de gatos!!!! São mais independentes, menos melosos e só fazem o k bem querem quando querem!!! Uns rebeldes!!!! Com uma forte personalidade!!!! :)

francisco c santos disse...

Obrigado, João, pela omenajem, tão humana que fizeste aos animais, e como uma vez, citaste, quem não gosta de animais não é humano, ou (não é digno desse nome ) mas isto de amarmos os animais não se aprende, nasce connosco ,eu quando me morre um animal é um desgosto, que me abala profundamente, o meu BALICAS ainda hoje o choro,fiz-lhe uma campa no jardim, junto a outro de nome NINJA,que era da minha filha, e que também morreu ainda jovem, mas enfim é o destino!
Um grande abraço amigo João

andrade da silva disse...

Pretos,Patuscos, Mozart,principes, patas rapadas, dianas, rambos, macacas, maradonas, neros, duques, balicas, eis os nomes dos cães e dos gatos que estimamos muito e no fundo também amamos.

Gia se não formos rebeldes, o que restará de nós?

Se a alma for grande o rumo e a rota estarão sempre certos.

Isabel, Maria Luis, Quinita, Modesta, Vasco Gomçalves, Zeca Afonso, Carlos Fabião, Chico Patricio, Pias, Inocencio, Miranda que o 25 de Novembro conduziu para a morte, Teresa, Bia, Pinto Soares, Lameirinhas, Goucha Soares, Xencora Camotim, Custódio Pereira, Cruz Oliveira, Duran Clemente, Dinis de Almeida, Golias, Ferreira de Sousa, a incansavel revolucionaria Lay,Otelo são nomes de amigas, amigos e camaradas militares que nunca poderei esquecer visitaram-me na prisão, encheram a sala do tribunal militar.

Estou-vos internamente grato, embora com alguns os caminhos trilhados nos tenham afastado, mas o acto de me visitarem nunca, por mim, será esquecido e, isto, agredeço muito.

abraço
joão

Anónimo disse...

nunca tive gatos nem cães na minha infância e acho que me fizeram falta.
joão como sempre as tuas crónicas são muuito humanas, mesmo falando de animais
e bem dispostas
gostei muito de ler
abraço

andrade da silva disse...

cara ou caro amigo

penso que o nosso humanismo passa também pelo nosso diálogo e convívio com os animais.

Pessaolmente já dei comigo a pensar muitas vezes, que ninguém entre as minhas irmãs poderia ser má gente e a base desta certeza está no modo, como na minha casa sempre os cães, os gatos, os animais, as flores e as plantas de um modo geral - sou madeirense- e as pessoas eram tratadas, acho que sempre sentimos que éramos um todo, ainda hoje rego plantas e alimento animais que não me pertencem, e fico com pena quando adoecem ou as plantas definham.

Tenho uma que dá flor vermelhas todo o ano,trato-a como rainha, embora com custo muito modestos.

Obrigado pela leitura e ainda bem que deu prazer. Penso que pelo amor que nos deve ligar ao Cosmos,podemos falar até dos atentados à nossa própria vida e ao cosmos com esta doce, e enorme alegria de viver, que não me torna deprimido, mas amante do belo, do mundo da vida, e as todos recomendo este balsamo, e também para mim a vida não é coisa fácil, por razões intrinsecas e extrinsecas.

Abraço
joão