Nenhuma ditadura por mais feroz que seja, será capaz de calar, por todo o tempo, a voz da raiva do povo. Há um momento a partir do qual faz todo o sentido a divisa: vida ou morte!
Todos os regimes despóticos, ditatoriais e corruptos que fazem dos negócios dos bens do povo, da Nação, a fonte das suas gigantescas fortunas pessoais, estão sujeitos, mais tarde ou mais cedo, a serem questionados pelas populações de um modo violento. Infelizmente as respostas governamentais nestes países párias, tendem a ser da máxima violência, mesmo de massacre e genocídio.
Para dor e mágoa de quem lutou pela independência destes países, foi o surgimento das guerras civis, após as independências, e, depois, simulacros de democracia que têm legitimado regimes inaceitáveis, violadores dos mais elementares direitos humanos que gozam, como aliás, outras ditaduras, a da África Oriental, da plena aceitacão da Comunidade Internacional, admitindo-se mesmo que, no Sudão, seja Presidente um individuo pronunciado pelo Tribunal Penal Internacional, por crimes contra a humanidade, pelo que devia estar preso, mas, contrariamente, é presidente, e prepara-se para mover uma guerra contra a secessão da Sudão do Sul, porque é nesta zona que estão instalados os poços de petróleo. Petróleo que nestes países em vez de ser uma bênção, são uma maldição.
Defensor e lutador activo, sem nenhuma contrapartida, isto é, sem nenhum beneficio ou negócio, da independência destes países, só desejo que, quanto antes surja, em Angola, Moçambique e na muito pobre e trágica Guiné os seus Luther King que organizem os povos para se libertarem dos regimes corruptos e ditatoriais, desumanos que os escravizam, favorecendo todos os interesses neo-coloniais que os cercam, e seduzem, através da integração dos poderes locais nos lucros do capitalismo Internacional, como Samir Amin ( economista egípcio) explica de uma forma inexcedível.
Mas de tudo isto resulta uma lição Mundial, com os frigoríficos vazios e as barrigas a "darem horas" as pessoas, onde quer que estejam, em Portugal ou na China, Moçambique etc seguem a divisa Revolucionária: Vida ou Morte!
CAI UMA LÁGRIMA DE DOR E SANGUE
andrade da silva
NOTA: 2 setembro 2010
Não me sendo possível, por motivos técnicos, colocar, em post, o e-mail, que com alguma ESPERANÇA, enviei ao sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, coloco-o em comentário. Espero que todos assumam as suas responsabilidades, e gritem contra a mentira e a cegueira.
6 comentários:
Chamam-lhe o berço da humanidade, os mais pessimistas consideram o continente queimado. Segundo a lenda (egípcia) a Íbis renasceu das cinzas, também aos poucos áfrica vai despertando e do nada renasce a consciência da renovação.
Um grande abraço a todo o povo martir Moçambicano.
Abços
Amigos
acabei de ter ao telefone um médico/poeta moçambicano, o que se passa em Moçambique é uma verdadeira tragédia,a greve geral do momento é uma resposta ao grande sofrimento do Povo de Moçambique, às mais totais carências e é claro à fome
que todos pressionem o Governo de Portugal para que interceda com urência a favor do povo de Moçambique, junto do governo de Moçambique!
a opinião pública tem, teve e terá sempre um enorme poder e uma grade força
Vamos minha gente emails para os governantes em SOS
abraço a todos
Marilia Gonçalves
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http://www.tvm.co.mz/
TV Moçambique
Escreva,
Escreva mae,
Escreva,
São pássaros!
pássaros!
pássaros e não andorinhas
Que bicam o arroz feito dos seus filhos mãe
Cantarolando saciados da nossa desgraça
São pássaros!
E eles, já não são mais pássaros mãe
São passaredos parasitas!
Que dos quatro cantos do mundo
Nos inundam e cantam mãe
E do espaço que nunca lá estivemos
Voam, voam e voam
Depositam grão a grão
O purificado cereal dos seus bossudos ventres
Olha para eles mãe!
São pássaros!
pássaros!
No brio adestrado das suas asas
São pássaros mãe!
Quantos grilhões lhes prende sozinhos ao espaço?
Quantos grilhões lhes prende à liberdade dos pássaros?
E a nós mãe! No vazio das nossas negras mãos?
Autor: Noé Filimão Massango
In: Diário inconsulto da minha mãe
Traga, meu irmão, traga
Quem exaltará a dor e Cl[amor] do nosso povo
Minguado?
Quem exaltará o peito habitado de Tchopo
Ritmo que dançavamos á roda a madrugada na
Nossa terra?
Quem exaltará no peito,
Ngalanga que retumbava ao entardecer na nossa
Zona?
Aquela ngalanga que tocavas e evocava Duma Ka Zulu se lembra?
Quem exaltará nos sonhos
Nossa casa possessa do espirito Ndaw?
E a nossa timbila de zavala
Que tocava e dançavamos ao ritmo chope, então?
Canta nesta fogueira seu povo
Conte sua história nesta fogueira antes que se
Apague
É a podridão do nosso povo, não é?
Fale,
Fale então da podridão dos negros
Á falacia com que se inventa um sorriso
Quando se inicia uma história, uma lenda, um conto...
Então, Conte!
Cada história um povo
Cada verso um rosto
Cada voz um timbre
Nesta brasa de letras que se esfuma a poesia
Traga essa chama que a alma atea
Nesta fogueira da alma que ao texto ilumina
Traga o verso e nada mais
Na calada da noite,
Ou com o sol ardente, vem
Traga a voz que dilacera os conceitos
Traga a força apocaliptica do verso comprimida em
Suas mãos
Traga de tudo que nos é consentido saber
A poesia será o doce orvalho
Que nos delicia delicadamente as almas
A cada verso que se liberta do seu peito pulmonado
Para esta fogueira,
Traga aquela melodia subtil
Com que os corvos pacientaram as noites cegando
Aquelas melodias, com que as cigaras cantaram
E iluminaram as noites de Nkaringanas
Nkulukumba,
Desça tatana dos céus relampejando
Solte na sua luz um pedaço de tempo que já
Perdemos
Fale da inocência dos versos de ontem e de hoje
Oprimidos
Do folclore do nosso povo escaldado
Tatana tatana,
Há homens que incendiaram nossa palhota de preces
Homens que no arminho recalcaram pedra
Há homens que no charuto tostaram uma palavra
Então, traga a semente
Que germinará a casa e árvore poética dos puerís
Tatana tatana,
Desça macumba das nossas mínguas e soluços
E nos aponte com destreza mesmo ofídica
Que aquele oficio é poesia
Que aquele minguado é poeta
Com os versos guardados no seu bolso só para ele!
Traga tatana esse poeta
Traga da cabeceira os sonhos desse poeta
As lágrimas dum poeta pingados na pedra
Traga dos escombros também um verso
Da palavra uma míngua, do verso um amor
Da poesia as almas
Dê-me esse trago agora tatana
Antes que o vento maldito nos apague
Nossa fogueira de lenha
Quero dizer um poema também
Quero contar uma história também
Traga também seu xiphefo tatana
Que ilumina estrelas aqui cintilando
Tantas cobertas de neve que não as vejo
Traga tatana depressa
Tio mbalele quer dizer seu poema
Tio Mbalele quer contar sua história
Tio Mbalele quer cantar
Traga tatana traga ... He, já começou!
-Nkaringana wankaringana!
-Nkaringana wankaringana!
Noé Filimão Massango
Exmo. Senhor Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal
Excelência
Liga-me a Angola, Moçambique amor, dor: dor, porque por Angola combati na guerra colonial, e também uma grande alegria por serem países independentes. Todavia senti grande sofrimento, desespero e frustração pelas guerras civis que se seguiram às gloriosas independências.
Como militar de Abril, português e cidadão do Mundo não acompanho Vossa Excelência na fria e distante afirmação que os trágicos acontecimentos de Moçambique são uma questão interna deste país.
Mas de facto, na minha opinião, assim não é, resultam da fome, do subdesenvolvimento, da má gestão dos bens públicos e da imoralidade geral, universal e inevitável (é uma mera constatação) do capitalismo e das relações neo-coloniais, consequentemente, são uma questão que nos interpela a todos, sobretudo os países e os povos amigos e irmãos como é – Portugal.
Nesta conformidade, a que vossa Excelência no Portugal Democrático, Republicano e de Abril não pode ficar indiferente, solicito que ao nível diplomático e por todos os canais disponíveis realize todas as diligências humanas, saudáveis, politicas, inteligentes e eficientes para que o governo Moçambicano limite a intervenção da força ao mínimo indispensável, e sobretudo privilegie a negociação, à repressão com grau de violência inadequado.
Com os meus cumprimentos
João António Andrade da Silva
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