quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

QUERIDA MÃE




MÃE


Partistes, para todo o sempre,

em 9 de Novembro de 2010,

Choramos.

Mas vives, entre nós,

E alegramo-nos por seres a nossa mãe.

Cantamos a tua alegria

e o teu amor.


MÃE

viverás, eternamente,

connosco e no nosso seio.

Regamos as saudades com lágrimas

E com hino de agradecimento,

a tua coragem e abnegação

MÃE

QUERIDA MÃE


teus filhos, neto e familia
PÓS NOTA:
Amigas/os um/a leitor/a colocou, em comentários, uma muito bela colecção de poemas sobre a mãe.

15 comentários:

Marília Gonçalves disse...

apesar da pobreza e da pequenez da palavra em tais momentos

aqui deixo para si e suas irmãs:


O céu estrelado hà pouco
é todo sombra, breu
nao hà som. O lago é morto
escureceu.

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Marilia
Obrigado
abraço
joão

Anónimo disse...

SIM

Que o sol do meu Alentejo, que tu madeirense aprendeste a amar com tanta ternura e dedicação.
Aqueça o teu coração nesta hora de saudade e dor.
Um grande beijinho de muita amizade.
Ester

Anónimo disse...

É Noite, Mãe

As folhas já começam a cobrir
o bosque, mãe, do teu outono puro...
São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram
pra colocar na tua face, mãe!...

Continuamente o bosque se define
em lividez de pântanos agora,
e aviva sempre mais as desprendidas
folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde
e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca,
em cada latejar do vento pelos ramos,
procura, seca, o teu perdão imenso...

É noite, mãe: aguardo, olhos fechados,
que uma qualquer manhã me ressuscite!...

António Salvado, in "Difícil Passagem"

Anónimo disse...

Quando Eu For Pequeno

Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono.

Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.

Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.

Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou
[pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.

José Jorge Letria, in "O Livro Branco da Melancolia"

Anónimo disse...

Mãe

Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?

Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura,
Que não tem coração dentro do peito.

Chamo aos gritos por ti — não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto — sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Por detrás do terror deste vazio.

Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és a eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim!

Miguel Torga, in 'Diário IV'

Anónimo disse...

Tenho Saudades do Calor ó Mãe

Tenho saudades do calor ó mãe que me penteias
Ó mãe que me cortas o cabelo — o meu cabelo
Adorna-te muito mais do que os anéis

Dá-me um pouco do teu corpo como herança
Uma porção do teu corpo glorioso — não o que já tenho —
O que em ti já contempla o que os santos vêem nos céus
Dá-me o pão do céu porque morro
Faminto, morro à míngua do alto

Tenho saudades dos caminhos quando me deixas
Em casa. Padeço tanto
Penso tanto
Canto tão alto quando calculo os corpos celestes

Ó infinita ó infinita mãe

Daniel Faria, in "Dos Líquidos"

Anónimo disse...

Mães de Portugal

Ó Mães de Portugal comovedoras,
Com Meninos Jesus de encontro ao peito,
Iguais na devoção e amor perfeito
Aos painéis onde estão Nossas Senhoras!

Ó Virgem Mãe, qual se tu própria foras,
Surgem de cada lado, quase a eito,
As Mães e os Filhos em abraço estreito,
Dolorosas, felizes, povoadoras...

São presépios as casas onde moram:
E o riso casto, as lágrimas que choram,
O anseio que lhes enche o coração,

Gesto, candura, olhar — tudo é divino,
Tudo ensinado pelo Deus Menino,
Tudo é da Mãe Celeste inspiração!

Alberto de Oliveira, in "Poemas de Itália e Outros Poemas"

Anónimo disse...

Mãe

I

Dantes, quando a deixava,
As férias já no fim,
Ela vinha à janela
Despedir-se de mim.

Depois, quando na estrada,
Olhava para trás,
Deitava-me ainda a benção
Para que eu fosse em paz.

Dali não se movia,
À vidraça encostada,
Até que eu me perdia
Já na curva da estrada.

Hoje, se olho, calo-me
E baixo os olhos meus!
Já não vem à janela
Para dizer-me adeus!

II

Chove, e a chuva é fria.
Noite! Nos montes distantes
O Inverno principia.
Um Inverno como dantes.

Ao redor do lume aceso
Todos ficamos a olhar...
Todos não, não somos todos,
Porque há vazio um lugar.

Esse lugar era o dela,
Que ninguém mais preencheu.
Mesmo com vida, na terra,
Era uma estrela no céu.

Alfredo Brochado, in "Bosque Sagrado"

Anónimo disse...

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade, in 'Lição de Coisas'

Anónimo disse...

Mãe! aqui me tens,
restos de mim.
Guarda-me contigo agora,
que és tu a minha justiça e o exílio
do perdido e do achado.
Guarda-me contigo agora
e adormece-me as feridas
com as guitarras do fado.

Mas caberá no teu regaço
o fantasma do perdido?

Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

andrade da silva disse...

Ester
Bjnho pelo teu comentário, escrevi um longo texto que vou pedir à marília para publicar, mas nunca senti o frio do desamor dos alentejanos sinto.os próximo, apesar de parecer que os Diabos na terra nos querem separar.

Amiga/o anonimo

que linda colecção de poemas sobre a mãe nos oferece. Bem-haja.
abraço
asilva

Anónimo disse...

poemas à mãe dedicados especialmente ao Andrade da Silva, por alguém que no infortúnio também sempre muito amou sua mãe! e que por isso compreende sua dor

desgraçadamente é dor que cedo ou tarde todos conhecemos, coragem a quantos se encontrem na mesma saudade imorredoira

Anónimo disse...

SÓ POR ISSO, MÃE
Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.

Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.

Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.

Só porque tu existes,
Vale a pena!

Lopes Morgado, Mulher Mãe

Anónimo disse...

note amigo, o final do poema :

Só porque tu existes,
Vale a pena!

Lopes Morgado, Mulher Mãe

porque essa é a realidade as mães, os pais, permanecem vivos, enquanto os não apagamos do nosso olhar, do nosso sentir
sua amiga