domingo, 16 de janeiro de 2011

AO VOTO ÁS URNAS






Eleição Presidencial

Não se deite fora uma das mais importantes conquistas de Abril: o direito e dever cívico ao voto!

De regresso a este espaço de diálogo e democrático, dedico este sincero contributo a uma análise sociológica e política, a propósito das eleições presidenciais que se aproximam.

No dia 23 de Janeiro, o povo português terá a oportunidade de expressar a sua indignação para com as políticas Capitalistas,
Imperialistas, de direita, neo-liberalistas, e atentatórias aos valores de Abril e à verdadeira Democracia. Mas, analisando
 o campo de batalha, poucos expressam vontade em fazê-lo. E porquê? Porque “todos são iguais”. Se me for permitido,
 e sem quaisquer intenções de defender algum candidato em particular, nego-o.

 Nem todos são iguais. No mínimo, existem duas excepções: uma personalidade e um acto eleitoral.
 Adianto desde já que o acto eleitoral a que me refiro é o voto em branco – a única forma de protesto que existe,
 no campo eleitoral, para manifestar o seu descontentamento para com todos os candidatos sem excepção.
Posta esta explicação (que já tinha formulado anteriormente neste mesmo espaço), não sou capaz de implorar
 (porque o meu feitio não me permite tal), mas peço que o caro leitor não se abstenha…
a abstenção é a concordância, o conformismo, a aceitação de quem os outros elegerem.

Com a abstenção, perde-se a legitimidade de protestar contra quem foi eleito…
 porque contribui-se, através deste acto, para a sua eleição. Aplaudo o país
 (seja o Governo, sejam os meios de comunicação social, sejam os cidadãos individualmente)
 no que respeita ao incentivo ao voto – isso é o correcto. Se fosse na Alemanha,
 cada abstencionista pagaria uma coima pesadíssima, entre outras medidas de coacção…
não aprovo nem reprovo tal, pois divido-me. Aprovo pois combate a abstenção,
mas reprovo porque comete-se um crime, tal como referi.

O voto não deve ser coagido, mas sim de livre vontade e determinação de cada um.
E ao contrário da “lei” que rege o método de Hundt (para o cálculo dos votos),
 cada voto tem a sua importância, um voto pode fazer a diferença!
 Nas eleições presidenciais, irei exercer um cargo nas mesas de voto do local onde cheguei
a fazer parte das listas de candidatos à autarquia onde me encontro recenseado, em 2009…
e desejo fortemente ver muitos votos, sejam eles quais forem (votos em branco
ou votos nos diversos candidatos), só isso iria traduzir-se no sucesso dos sinceros contributos
de tantos patriotas e democratas que apelam ao voto. O país agradecer-vos-á por isso, garanto-vos!

Quanto ao candidato-excepção, duvido que alguém desconheça
quem apoio (principalmente porque recentemente apareci em todos os meios
 de comunicação social televisivos a apoiá-lo). Mas independentemente disso,
 sugiro que ponham à prova (passo a expressão) a vossa inteligência e memória.
 Cavaco Silva, enquanto Primeiro-Ministro e enquanto Presidente da República
 foi um autêntico desastre – disso já não há dúvidas (espero eu!).
 Para mais que soube-se, recentemente, que investiu em acções enquanto no BPN…
 sabe-se lá para quê… e com dinheiros do Estado. Ou seja: na minha opinião,
 quem vota nele, duvido que tenha as ideias bem assentes na terra. E mais recentemente,
descobriu-se (e encontra-se disponível na Torre do Tombo) as suas folhas para a PIDE,
a denunciar um parente e a demonstrar a sua fidelidade ao Estado Novo…
 verdadeiros democratas e patriotas não votam Cavaco Silva! Cabe analisar-se os restantes.
 No meu espaço pessoal (Abyssus Lusitanis – O Abismo de Portugal), já tive a oportunidade
de analisar mais ostensivamente cada um deles, pelo que neste espaço irei tentar ser mais sucinto.

Fernando Nobre aprecia a chantagem emocional, invocando os militares de Abril
como se estivesse a homenageá-los. Antes de mais, recordo que este candidato
 já exerceu cargos nos partidos centralistas (PS e PSD) – além de chantagista,
 mente (o que é ainda mais grave). E isto que acabo de afirmar pode ser facilmente provado,
através de uma simples pesquisa no motor Google (foi como eu fiz). Excelente médico?
Não tenho dúvidas. Mas como candidato a representante do nosso país, não me atrevo minimamente
 a pôr as minhas mãos no incêndio. Maior incoerente, é quase impossível – hoje diz que defende uma coisa,
amanhã já diz que não defende essa mesma coisa e acusa de
serem mentirosos aqueles que recordam tal facto.

Manuel Alegre é um excelente poeta (sem dúvidas nenhumas). Mas enquanto político é outro incoerente
 – enquanto deputado, foi contra Sócrates; há poucos dias, agora como candidato a Presidente da República,
 defendeu-o e apoiou-o. Mas é coerente numa coisa: foi (e duvido que não continue a ser)
 um apoiante da “maioria silenciosa” de Spínola, que tentou derrubar o processo revolucionário de Abril.
Portanto, pode ser alegre, mas a mim não me dava alegria nenhuma que fosse eleito…

Defensor Moura… quem é ele? Outro do Partido “Socialista”.
 É escusado avançar com mais coisas… basta isso.
José Manuel Coelho, do PND, madeirense, que com o hastear da bandeira nazi no parlamento regional da Madeira
 demonstrou o que defende: o populismo. Além desta análise, pode-se dizer que foi, passo a expressão,
 “um coelho saído da cartola” para estas eleições – visto que até à aprovação da sua candidatura
 pelo Tribunal Constitucional nunca se tinha ouvido falar dele enquanto candidato às presidenciais.
 Actualmente, ouvem-se murmúrios e nada mais. Por mais boas intenções que tenha para o nosso país,
 tenho sérias dúvidas que tenha mais votos que os já conhecidos pelo próprio da Madeira.

Por fim, aquele em quem vou votar. Francisco Lopes, um homem que não era muito conhecido,
deputado na Assembleia da República pelo Partido Comunista Português.
 Mas tudo tornou-se mais claro na campanha: de facto, não é falso quando se diz
que votar Francisco Lopes é um voto patriota, de esquerda, e por um país melhor.
Este sim apresenta propostas concretas, possíveis (para os poderes
de um Presidente da República de Portugal), e sempre em defesa dos valores de Abril,
da soberania nacional, do combate ao poder dos mercados financeiros sobre Portugal,
em defesa da independência nacional (quem diria que voltaríamos, após 1640, a ter que falar nisto???),

 a favor da Reforma Agrária para impulsionar (ou melhor, ressuscitar!) a produção nacional.
 Por isto tudo, e muito mais, é o meu candidato.

Sugiro seriamente uma leitura – “O Analfabeto Político” de Bertold Brecht. Infelizmente,
tudo o que este autor escreveu é actualíssimo, mas a este propósito sugiro esta leitura,
 seguida de uma profunda reflexão. Portugueses, não deixem de votar, não se abstenham.
Hitler (para os adormecidos: o führer, o ditador alemão, o nazi) afirmou uma vez
(e ficou escrito) o seguinte: “que sorte para os ditadores que os homens não pensem”.
 Portugal: demonstra que pensas, votando! E votando numa mudança, numa ruptura
com estas políticas anti-Abril! Sim, a Revolução também se faz através do voto!

Fernando Barbosa Ribeiro
(oabismodeportugal.blogspot.com)


ATT a imagem é inédita e da criação de Fernando Barbosa Ribeiro

10 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Amigo, viva
desculpa de não conseguir publicar o texto no formato com que o enviaste, mas não se adaptava ao formato do blogue e comia início e o fim das frases, experimentei passar por outros programas, o resultado final foi sempre o mesmo

e muito obrigada pelo teu texto, veio continuar e concluir o que eu tinha dito anteriormente

abraço amigo e força

Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

VIVA AMIGO

se quanto até agora me tem sido enviado por diversos amigos, sobre o Pr. Cavaco e Silva é sem dúvida, amais grave de todas, eu filha e neta de eis presos políticos e de família de homem assassinado pela PIDE, é a mais grave de todas, porque denunciar à PIDE, era amandar com alguém para as masmorras sangrentas da tortura de todos os tipos
e quem é capaz disso é capaz de tudo!!!
abraço carregado de cravos rubros e de papoilas

Marília Gonçalves

Fernando Barbosa Ribeiro disse...

Ora vivas amiga!!!

Não faz mal rigorosamente nenhum, porque a essência (que é a mensagem) do contributo continua a ser a mesma.

Da minha parte, neto do co-autor do "Cancioneiro à Mocidade" (Prof. Insp. Euclides Ribeiro), imagino (pelas descrições, pois o meu avô faleceu 13 anos antes de eu nascer) o que será ser parente de alguém tão próximo ao Regime (apesar de ter continuado a ser inspector de ensino até à sua morte em 1977, e de nunca ter sido contra a Revolução de Abril).
Sei que pelas ligações e leituras do meu pai, chegou a constar na sua folha de registos da tropa a possibilidade (nunca provada) de ser contra o Regime (que o foi, mas era como que protegido pelo pai inspector de ensino e professor de Canto Coral). E sei, pela descrição, o perigo que era denunciar a PIDE a revolucionários (o meu pai fê-lo na faculdade... não eram propriamente da PIDE mas sim da Legião Nacional - como filho do "senhor inspector", pediram-lhe que avisasse "se visse por aí alguns comunas"... como resposta, o meu pai colocou-se imediatamente no palco do anfiteatro e avisou todo o corpo de estudantes que na fila do fundo encontravam-se, sentados, seis PIDEs... dado o "escudo protector", limitaram-se a sair do anfiteatro; e por uma vez, ao telefone com um colega da faculdade, terem falado em "reunirem-se", o meu pai teve a PIDE à porta à espera dele e do seu colega... ninguém foi preso, pois o meu pai "gozava do escudo" e esse colega acabou por não conseguir ir à casa do meu pai), e talvez devido a isso tudo tivesse o registo de "possíveis ligações a(...)". Em todo o caso, no dia da Revolução, nunca tendo ele estado ligado (inclusive hoje) a partidos ou movimentos (apesar das "perigosas" leituras que fazia em Luanda enquanto alferes e professor de Matemática e Físico-Químicas - como Sttau Monteiro e Cardoso Pires), logo que soube que a Revolução estava em marcha (ouvindo pela rádio) colocou um disco antigo (que guardamos "religiosamente") dos Red Army Chorus a tocar vezes sem conta o glorioso hino da URSS, e ao mesmo tempo gritava de pura alegria: "Morte a Salazar! Morte a Caetano! Viva a Revolução!". Após eu ter tomado conhecimento disso, tornei esse acto numa tradição de família: antes e após irmos à Avenida da Liberdade orgulhosa e honradamente de cravo ao peito comemorar a data e assistir ao desfile, colocamos (agora em cd) repetidas vezes o mesmo hino, cantado pelo mesmo grupo.
E reitero: "orgulhosa e honradamente de cravo ao peito". Porque o 25 de Abril não foi feito para enfeitar os livros de História, para promover a cultivação e venda de cravos, e para usar o cravo ao peito como se de bosta se tratasse (passo a expressão). Falo por mim, e penso que falo pelo meu pai: ao colocar o cravo ao peito, a nossa alma estremece ao som dos canhões de Abril, ao som da Liberdade, ao cheiro da Revolução, ao sentimento de fraternidade e de luta por uma vida melhor.
E com o glorioso (se bem que com erros) movimento da Reforma Agrária, tentou fazer-se cumprir a Revolução... mas a reacção conseguiu passar. Até quando? Veremos. Por não me conformar e querer tomar uma parte mais activa, e visto que militar, seja de Abril ou de outro "Abril" qualquer, nunca poderei ser devido a inúmeras incapacidades físicas / de saúde (além de ideológicas... sou contra a Guerra), resolvi colocar-me "na boca do lobo", sendo o primeiro da família a assumir-se como Comunista (no activo, militante) há 3 anos. Quão bem contribuo, não sei (não faço auto-avaliações). Mas sei que faço tudo por tudo, dentro daquilo que melhor consigo fazer, para ajudar o meu país, os trabalhadores e o povo do meu país, e sempre por Abril e por Portugal.

Um enorme e fraterno abraço amigo, com calorosas saudações de Abril!

Fernando Barbosa Ribeiro

andrade da silva disse...

Caro Fernando
Quanto às presidenciais vou publicar um post ou um quase poema.

Tenho uma visão diferente destas eleições que deviam ser ganhas por um português com 75% ou mais dos votos, sobretudo no caso de uma reeleição, e que deveria ser um verdadeiro árbitro independente e isento no respeito pela constituição.

Por outro lado formalmente ganha-se as eleições na 1ª volta com 50% mais um voto e na segunda ganha o candidato com mais votos.

Considerados estes factores e a Defesa da Constituição, considero as estratégias seguidas sobretudo pelos defensores da constituição inadequadas, para não dizer erradas, e que nestas eleições pode estar a prosseguirem-se outros objectivos em que o mais importante não seja mesmo a eleição do presidente.
Mas isto cabe a cada um fazer uma análise profunda e pedir informações. Darei mais alguns contributos.


abraço de abril
asilva

Helena disse...

CUIDADO COM O VOTO EM BRANCO!
Diz a Lei Eleitoral:
«Será eleito o candidato que obtiver mais de metade dos votos validamente expressos, não se
considerando como tal os votos em branco.»
http://cne.pt/dl.cfm?FileID=1576

andrade da silva disse...

Helena está a focar uma questão muito importante que os votos em branco e parrece que os nulos contam, como abstenção, por isso, quem não se quiser abster terá de votar num dos candidatos.

A abstenção não é analisada nem politica, nem sociológica, nem juridicamente nestas eleições, nem nas legislativas. Se houver só um português a votar em quem ele votar ganha com maioria absolutíssima 100%, coisas. A abstenção favorece o candidato mais bem posicionado.

A democracia e a falta de empenho dos partidos em criarem novas soluções empurram muitas vezes os cidadãos para o mal menor, que é o que muitas vezes é percepcionado por quem vota em Portugal e no Mundo.
A democracia está doente universalmente, porque quem ganha eleições, ganha-as mais por força de processo de marketing, muito laboratoriais do que por mérito pessoal ou dos respectivos programas, estamos em pleno período do quase espírito de tábua rasa, apesar da informação circulante.
abraço
asilva

Fernando Barbosa Ribeiro disse...

Também sobre isto, recomendo um vídeo no YouTube que mostra uma entrevista a José Saramago (deixo o link: http://www.youtube.com/watch?v=m1nePkQAM4w).

Verdade João... infelizmente, não é um sistema criado mas sim um sistema existente (não apenas o método da contagem de votos, mas também o sistema - no nosso caso, ainda semi-presidencialista). E está errado (a meu ver) este método... porque é tal e qual como dizes: um voto e mais nenhum pode dar maioria 100%...

Um abração enorme!!!

Helena, agradeço sincera e profundamente pelo comentário!!! O link que partilhei é comentário para todos... um "relembrando"...

Um enorme e fraterno abraço a todos, e calorosas saudações de Abril!

Fernando Barbosa Ribeiro

Marília Gonçalves disse...

Bom alarga-se o debate com um abraço forte aos amigos Helena e Fernando e ao Companheiro Andrade Silva
esperamos amigos
vamos... tudo a participar
aqui em Liberdade e Cidadania damos a voz à prioridade: Portugal e seu Povo

cá os esperamos

com toda a estima

Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

obrigada pela informação com o link
sigam o link no post aqui no blogue
está lá
obrigada mais uma vez

Marília Gonçalves

Ester Cid disse...

Parabéns Fernando (coelhinho apaixonado)
Que texto tão bem escrito!´
São jovens como tu , que nos fazem sentir que o amanhã pode ser melhor. Bem-hajas!
Um grande beijo da tua amiga
Esterinha