quarta-feira, 30 de março de 2011

A TERTÚLIA DOS ANCIÃOS DO SÉCULO


 A TERTÚLIA DOS ANCIÃOS DO SÉCULO

A tertúlia de ontem, dia 28 de Março 2011, do programa “prós e contras” da RTP1, foi uma boa tertúlia cultural de vencidos da vida, ou vitoriosos, caso do Sr. Salgueiro e do Padre.
Em vez de falarem de generalidades poderiam ter falado do que talvez mais saibam ou não: da vergonhosa aplicação do protocolo de Bolonha, nada mudaram e, na maior parte dos casos, dividiram as licenciaturas em dois ciclos e tornaram o 2ºciclo caro, desvalorizaram as licenciaturas, e loucamente equiparam licenciaturas de 3 anos às de 5; poderiam ter falado do planeamento estratégico para as competências do país; deveriam ter falado como a universidade se deve abrir à sociedade empresarial; poderiam ter falado em que áreas de ponta e na cauda industrial se podia investir mais em investigação, nisto ficaram a grande distância dos seus pares académicos, que em 1970-73 faziam parte da equipa de Marcelo Caetano (estou a ler os editoriais do jornal do comércio do período de 70-73, azar para estes doutos); podiam ter falado no sistema de selecção para as faculdades baseado nos resultados académicos, mas também em competências; poderiam ter falado como se retira das universidades os chicos espertos que não lêem as provas dos alunos, mas atribuem uma nota, também conheço professores destes; poderiam ter falado da avaliação dos professores que muitas vezes pré-senis lá se mantêm a dar aulas (conheço alguns incompetentes, sei os seus nomes, fui aluno durante 10 anos, tive cerca de 100 professores); dizem que os políticos dizem uma coisa e no dia seguinte outra, alguns deles também, com a agravante de ser em matéria cientifica; poderiam ter falado da falta de qualidade e utilidade de algumas teses de doutoramento etc. etc..
Aflorou  José Gil a questão de que os alunos são inteligentes , mas não desenvolvem a sua capacidade criativa, pudera ! Eles próprios, os professores, em muitos casos são medianos e castram qualquer criatividade. Tive cadeiras em que o professor se recusava a avaliar trabalhos, porque estavam fora de um dado âmbito da disciplina, e porque a sua aceitação ponha em causa uns dados protocolos que no Centro de Estudos Africanos do ISTCE, à altura, se estariam a fazer com países africanos etc.
Ainda falou o filósofo José Gil que um indivíduo é mais que ele próprio, claro, que é atingido por mil forças quando realiza um acto criativo, brilhante. Mas como se converte esta força em energia útil para fazer a destruição criativa do nosso tecido politico putrefacto. A sociedade está num estado comatoso, devido ao facto de viver há muitos anos a paredes meias com um pântano.
Mas brilhante foi o padre ao propor resignação à vontade de Deus. Claro que muitos de nós concordamos que as catedrais hoje são os centros comerciais e, que, isso, resulta de um comportamento compulsivo que leva as almas para o inferno e as contas do estado para o abismo, que uma vez mais refiro se iniciou em 1971, como os dignitários de então o denunciam, mormente Américo Tomás no discurso de ano novo de 1973, subordinado ao tema: o Caminho do Caos e o caminho da ordem”, onde, nitidamente se faz a apologia da exiguidade desenvolvimentista para evitar a toxicodependência, a pornografia e o roubo etc. .
Todavia o que há a fazer antes de mais é estabelecer o Rendimento Máximo Admissível, recuperando uma certa moralidade que existiu até 1980, em que os rendimentos dos gestores eram no máximo 30 vezes superiores aos rendimentos médios dos outros trabalhadores, hoje, atingem a cifra imoral de 300 a mil vezes ou mais superiores.
Em vez de dizerem que todos temos de pagar a crise, podia o Sr. Salgueiro ou outros dizerem como isso se faz através da justiça fiscal, poderiam até referirem-se aos EUA. etc. etc..
Enfim, uma tertúlia velha com ideias e dúvidas sobre o que seria a mobilização de Portugal, muito comuns a outras tertúlias de académicos do governo de Marcelo Caetano de 1970 a 73. Nada de novo. Lídia Jorge diz que isto está tudo podre, mas não se expõe, não se oferece para encabeçar ou apoiar qualquer movimento de regeneração, deixa isso,  e muito bem, entregue aos jovens e não só, que marcharam ao som de uma canção, mas hoje na sua página do facebook limitam os comentários  a alguns e passaram de grupo aberto a fechado, mas disto a Sra. Lídia Jorge nada sabe.
 É preciso investigar, dá trabalho, é ser otário, é uma chatice, e, ainda por cima,  uma pessoa aborrece-se e tem de chamar os bois pelos nomes: snobes, elitistas, totalitários, com tiques fascistas, etc. Ora para quem gosta de ser cordato e não se comprometer, isto, é o cabo dos trabalhos. Só otários, poetas, heróis ou loucos se dão a estas coisas.
PUDERA!... coisas…
andrade da silva

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