
de: Nem Vale a Pena Dizer Mais Nada
(um excelente blogue, jovem, que vos aconselho a visitar)
http://networkedblogs.com/g7YtE
Ser Escritor
Não se é escritor porque se quer, mas porque se pode. E, porém, há imensos livros que se publicam de pessoas que decidem que a pele de escritor lhes serve às mil maravilhas – e até se vendem muito bem porque, infelizmente, nem toda a gente que aprende a juntar as letras sabe ler. Os verdadeiros leitores, como os verdadeiros escritores, serão sempre uma minoria – e a literatura séria está, com o tempo, condenada a ocupar uma pequena parcela das prateleiras das livrarias, onde hão-de proliferar muitos outros géneros de mais fácil assimilação. É uma pena que não se financie um escritor com provas dadas, como tantas vezes se apoia outro tipo de artista (o cinema é frequentemente subsidiado e os espectáculos e exposições quase sempre têm patrocínios). Os direitos de autor – em média 10% do preço de venda ao público do livro (sem contar com o IVA) – nunca poderão pagar as horas de escrita e reescrita de um romance. Noutros países, existem bolsas ou residências literárias que dão uma ajuda, fomentando a criatividade. Em Portugal, os autores ou têm outro emprego (o que nem é tão mau como pensam) ou vivem miseravelmente. Se escreverem um romance de duzentas páginas por ano (e já é muito) e venderem três mil exemplares (e tomáramos nós que todos os vendessem), receberão menos de quinhentos euros por mês, ou seja, o ordenado mínimo. Num país sem massa crítica como o nosso, quase poderíamos dizer que os escritores são uma espécie de empregadas domésticas intelectuais.
Maria do Rosário Pedreira in Horas Extraordinária
6 comentários:
quanto a mim a este respeito, o mais trágico, é as pessoas, quererem por força armar em escritores ou em poetas, sem ter nada para dizer, e contentarem-se em amontoar palavras! enquanto é para amigos ou para o circulo familiar, até me parece bem se ajuda as pessoas a ter confiança nelas, mas fora desse meio, pode ser arriscado, pois correm para muitas decepções. A escrita parte duma reflexão, profunda, ou então é um mero passatempo
Marília
parar. parar não paro.
esquecer. esquecer não esqueço.
se carácter custa caro
pago o preço
pago embora seja raro.
mas o homem não tem avesso
e o peso da pedra eu comparo
à força do arremesso
um rio, só se for claro.
correr, sim, mas sem tropeço.
mas se tropeças não paro
- não paro nem mereço.
e que ninguém me dê amparo
nem me pergunte se padeço.
não sou nem serei avaro
- se carácter custa caro
pago o preço.
Sidónio Muralha
poemas de Abril, 1974
pois claro, escrever tem um preço, não se faz por glória nem em busca dela, é apenas um respirar em uníssono com a natureza, com a vida e o sofrimento, denunciando-o, numa permanente comparação, entre o horror e o que deveria ser a vida, sem maldade, cobiça, inveja, vampirismo de todos os tipos
é uma coerência dentro de nossas humanas imperfeições, à procura duma beleza possível, mas hoje, fictícia,
muito trabalho nos espera, grande esforço sobre nós mesmos, cada dia que passa, até percebermos de que é feito esse caminho fraterno!
Marília
Auto-Retrato
Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos
bom artesão na arte da proveta
narciso de lombardas e repolhos.
Cozido à portuguesa mais as carnes
suculentas da auto-importância
com toicinho e talento ambas partes
do meu caldo entornado na infância.
Nos olhos uma folha de hortelã
que é verde como a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.
Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos poucos de ternura.
José Carlos Ary dos Santos
Porém vende-se às toneladas o lixo.
É assim e parece que cada vez o será mais.
Todavia não defendo o elitismo dos principes,conheço obras que não sendo literárias falam de uma realidade que é importante conhecer-se e estão repletas de emoções.
asilva
Porém vende-se às toneladas o lixo.
É assim e parece que cada vez o será mais.
Todavia não defendo o elitismo dos principes,conheço obras que não sendo literárias falam de uma realidade que é importante conhecer-se e estão repletas de emoções.
asilva
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